e lembrando que o ainda ministro Guido Mantega rompeu o ano garantindo que o crescimento econômico deste no ficaria na casa dos
A maior cautela dos bancos privados na concessão de financiamentos - motivada pelos ainda elevados índices de inadimplência e pelas incertezas quanto à recuperação da economia - fez aumentar significativamente o volume de dinheiro no caixa das instituições.
E, em vez de direcionar este montante ao crédito de pessoas e empresas, um enorme volume de recursos está sendo girado em aplicações de curto prazo entre os próprios bancos e o Banco Central.
O enxugamento do dinheiro para crédito coincide com um momento de vendas fracas e queda no consumo.
Estudo da Austin Rating, com base nos balanços de 126 bancos, mostra que, enquanto o total das operações de crédito cresceu 16,4% no ano passado, totalizando R$ 2,23 trilhões, os recursos que os bancos tinham em operações de curto prazo, como aplicações interfinanceiras de liquidez (AIL) e em títulos mobiliários, avançaram 33,5%, atingindo R$ 2,14 trilhões.
Ou seja, para cada real emprestado a clientes os bancos tinham quase a mesma quantia alocada no mercado aberto. Na prática, o crescimento menor dos empréstimos significa menos dinheiro para investimentos de empresa e consumo de pessoas físicas.
Para manter a rentabilidade, as instituições privadas têm buscado aumentar as receitas com serviços, como seguros e cartões. Os balanços do primeiro trimestre confirmam que a postura dos bancos pouco mudou em relação a 2012.
Dados de 23 bancos analisados pela Austin mostram que as operações de liquidez saltaram 47,1%, contra 16,7% do crédito.
- A contrapartida da redução da taxa de crescimento do crédito, nos bancos privados principalmente, foi o crescimento do volume de ativos, da liquidez do sistema - afirma Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin.
Descompasso entre banco público e privado
Por trás desse aumento da liquidez no sistema bancário estão as próprias medidas do governo para estimular o crédito, como a redução dos depósitos compulsórios (que os bancos são obrigados a recolher no Banco Central) no ano passado. Os bancos também estão captando mais depósitos com o contínuo aumento do número de correntistas, decorrente do aumento da renda e da ascensão da chamada nova classe média.
As compras de dólares pelo Banco Central a fim de calibrar a taxa de câmbio, que o obriga a vender títulos da dívida pública para gerar reais, também são usadas pelos bancos para remunerar o excesso de caixa. - Diferentemente do que desejava o governo, o dinheiro adicional que tem entrado no sistema bancário não tem ido para a economia real, na forma de mais investimentos para empresas ou renda ao consumo, mas está girando no mercado aberto - diz Santacreu.
O esforço dos bancos privados para "limpar" suas carteiras e baixar a inadimplência teve efeito direto no ritmo de contratação de novos financiamentos, observa Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. Mais seletivos e exigentes, essas instituições encerraram 2012 com volume de créditos 7,6% maior que o do ano anterior.
Porém, o calote (medido pela taxa de atrasos com mais de 90 dias em seus financiamentos) passou de 5,1%, em dezembro de 2011, para 5,4% no final do ano passado.
No mesmo período, a inadimplência dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) permaneceu estável em 1,8%, enquanto eles aumentaram em 27,9% os seus financiamentos.
O descompasso se repete este ano. De janeiro a abril, o crédito nos bancos privados avançou 6% em relação a igual período de 2012, enquanto o calote recuou a 5,2%.
Nos públicos, os empréstimos subiram 29% e a inadimplência foi a 2%. - A inadimplência cai muito lentamente e isso faz com que os bancos privados reajam também lentamente. Daí essa montanha de dinheiro no mercado aberto. A torneira dos bancos privados está entupida - diz Rabi, acrescentando que os bancos tiveram R$ 92 bilhões em perdas com calote em 2012.
Se a inadimplência não contribui para destravar o crédito, tampouco a perspectiva de alta dos juros ajuda.
O ciclo de aperto monetário, com a alta da Taxa Selic de 7,25% para 8% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), encarece o crédito e dificulta a queda na inadimplência - condição que, em tese, tende a manter a oferta de crédito restrita.
E, em vez de direcionar este montante ao crédito de pessoas e empresas, um enorme volume de recursos está sendo girado em aplicações de curto prazo entre os próprios bancos e o Banco Central.
O enxugamento do dinheiro para crédito coincide com um momento de vendas fracas e queda no consumo.
Estudo da Austin Rating, com base nos balanços de 126 bancos, mostra que, enquanto o total das operações de crédito cresceu 16,4% no ano passado, totalizando R$ 2,23 trilhões, os recursos que os bancos tinham em operações de curto prazo, como aplicações interfinanceiras de liquidez (AIL) e em títulos mobiliários, avançaram 33,5%, atingindo R$ 2,14 trilhões.
Ou seja, para cada real emprestado a clientes os bancos tinham quase a mesma quantia alocada no mercado aberto. Na prática, o crescimento menor dos empréstimos significa menos dinheiro para investimentos de empresa e consumo de pessoas físicas.
Para manter a rentabilidade, as instituições privadas têm buscado aumentar as receitas com serviços, como seguros e cartões. Os balanços do primeiro trimestre confirmam que a postura dos bancos pouco mudou em relação a 2012.
Dados de 23 bancos analisados pela Austin mostram que as operações de liquidez saltaram 47,1%, contra 16,7% do crédito.
- A contrapartida da redução da taxa de crescimento do crédito, nos bancos privados principalmente, foi o crescimento do volume de ativos, da liquidez do sistema - afirma Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin.
Descompasso entre banco público e privado
Por trás desse aumento da liquidez no sistema bancário estão as próprias medidas do governo para estimular o crédito, como a redução dos depósitos compulsórios (que os bancos são obrigados a recolher no Banco Central) no ano passado. Os bancos também estão captando mais depósitos com o contínuo aumento do número de correntistas, decorrente do aumento da renda e da ascensão da chamada nova classe média.
As compras de dólares pelo Banco Central a fim de calibrar a taxa de câmbio, que o obriga a vender títulos da dívida pública para gerar reais, também são usadas pelos bancos para remunerar o excesso de caixa. - Diferentemente do que desejava o governo, o dinheiro adicional que tem entrado no sistema bancário não tem ido para a economia real, na forma de mais investimentos para empresas ou renda ao consumo, mas está girando no mercado aberto - diz Santacreu.
O esforço dos bancos privados para "limpar" suas carteiras e baixar a inadimplência teve efeito direto no ritmo de contratação de novos financiamentos, observa Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. Mais seletivos e exigentes, essas instituições encerraram 2012 com volume de créditos 7,6% maior que o do ano anterior.
Porém, o calote (medido pela taxa de atrasos com mais de 90 dias em seus financiamentos) passou de 5,1%, em dezembro de 2011, para 5,4% no final do ano passado.
No mesmo período, a inadimplência dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) permaneceu estável em 1,8%, enquanto eles aumentaram em 27,9% os seus financiamentos.
O descompasso se repete este ano. De janeiro a abril, o crédito nos bancos privados avançou 6% em relação a igual período de 2012, enquanto o calote recuou a 5,2%.
Nos públicos, os empréstimos subiram 29% e a inadimplência foi a 2%. - A inadimplência cai muito lentamente e isso faz com que os bancos privados reajam também lentamente. Daí essa montanha de dinheiro no mercado aberto. A torneira dos bancos privados está entupida - diz Rabi, acrescentando que os bancos tiveram R$ 92 bilhões em perdas com calote em 2012.
Se a inadimplência não contribui para destravar o crédito, tampouco a perspectiva de alta dos juros ajuda.
O ciclo de aperto monetário, com a alta da Taxa Selic de 7,25% para 8% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), encarece o crédito e dificulta a queda na inadimplência - condição que, em tese, tende a manter a oferta de crédito restrita.
Ronaldo D"Ercole O Globo
04 de junho de 2013
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