A FOTO AOS OLHOS DOS EMBUSTEIROS DO BRASIL MARAVILHA
Colhida no domingo, a imagem da Rua Carlos Chagas, na Favela da Varginha, ilustra o sucesso da parceria que une o prefeito Eduardo Paes, o governador Sérgio Cabral e a presidente Dilma Rousseff.
Na principal via de acesso à comunidade pacificada pela administração estadual com a instalação de uma UPP, funcionários municipais trabalham até no fim de semana para apressar o recapeamento do asfalto. Na calçada, um brasileiro da nova classe média desfruta do descanso semanal saboreando uma cerveja gelada.
O pebolim à sua frente foi comprado com crédito subsidiado e pago em suaves prestações, graças ao rebaixamento das taxas de juros determinado pela presidente Dilma Rousseff. Só a turma do contra e a mídia golpista fingem ignorar que, com Dilma no manche e Lula no controle do voo, ninguém segura o Brasil.
A FOTO TRADUZIDA PELOS HABITANTES DO PAÍS REAL
Os embusteiros do Brasil Maravilha resolveram tapear até o Papa Francisco, atesta o banho de loja nos 300 metros da Rua Carlos Chagas entre a igreja de São Jerônimo Emilliani, na entrada da favela, e o campo de futebol onde o visitante falará aos moradores da Varginha.
Além do verniz no trecho de asfalto tão esburacado quanto o resto da rua, que vai continuar do jeito que está, os retoques embelezadores incluíram a instalação de um poste de luz no campo de futebol, a colocação de grades no muro da escola municipal, a aparição diária de uma tropa de garis e a remoção das carcaças de carros roubados que decoravam o lugar.
Como o tempo é curto, as máquinas da prefeitura roncam até aos domingos, mas nunca no período noturno. Depois das seis da tarde, são mais frequentes os assaltos a mão armada, tiroteios e balas perdidas nas vielas que nunca deixaram de ser governadas por traficantes de drogas.
O brasileiro na calçada é o dono do botequim. Por falta de fregueses, que vão rareando com o aumento da inflação, pôs o pebolim à vista de eventuais interessados em comprá-lo. Goles de cerveja sempre ajudam a esquecer que acreditou no palavrório da turma no poder.
“Estão fazendo obra para o Papa ver”, disse a um repórter do Estadão o comerciante Manoel Arcanjo, 55 anos, 46 de Varginha. “Quero que façam o que ele não vê, como rede de água e esgoto. Não tem nenhum funcionário da prefeitura nas outras ruas”.
A dona de casa Ivanete de Jesus, 28 anos, garante que encontrou a única fórmula capaz de liquidar as incontáveis carências que afligem a favela “É só o Papa aparecer por aqui uma vez por ano”.
04 de junho de 2013
in Augusto Nunes
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