"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 2 de julho de 2013

COM ELES, A SOCIEDADE NÃO PRECISA DE INIMIGOS


 
O então Presidente Lula, engalfinhado, à época, 2007, com as repercussões do mensalão e talvez com o intuito de desviar a atenção da mídia do caso, influiu fortemente na escolha do Brasil para sediar a Copa do mundo de 2014. Considerou a decisão uma vitória do seu prestígio político, ainda reconhecido  naquela ocasião, até no exterior, rebatendo as críticas que já despontavam, a respeito dos gastos excessivos que tal evento representaria para os cofres públicos, ao afirmar que praticamente todo o custo seria bancado pela iniciativa privada. 
O que se viu, no entanto, foi a construção de estádios superfaturados e erguidos com recursos do povo brasileiro. Tal fato constituiu um dos motivos inspiradores das reações de protestos geradas hoje em todo o país, turbinadas pelas condições de abandono do poder público em relação a serviços básicos, como saúde, segurança, educação e transporte público digno, aos quais a população faz jus em face dos altos impostos que paga.
 
O despertar da sociedade se seguiu a uma estrepitosa vaia que surpreendeu e impactou a Presidente Dilma quando inaugurou a Copa das Confederações da FIFA, prelúdio da Copa do Mundo. 
As manifestações  que se seguiram mostraram repentinamente aos políticos a necessidade de criarem novas abordagens para dialogar com a sociedade, fato que até hoje não foi bem compreendido pela maioria deles. Ainda não perceberam que as mentiras, os subterfúgios e os métodos convencionais de negociação, com os quais estavam habituados a apaziguar as indignações da população, não seriam mais aceitos e que novas posturas teriam que ser adotadas, mais transparentes e honestas. 
O exemplo mais contundente de que ainda não vislumbraram a obrigação de se reinventarem é o fato de que, por exemplo, a Presidente, o Governador do estado do Rio de Janeiro e o Prefeito da cidade, não se fizeram presentes na cerimônia de encerramento da Copa das Confederações no Maracanã, temendo as vaias e o correspondente "preço político", expressão frequentemente empregada pelo então Presidente José Sarney, que, por não querer pagar o tal preço, mergulhou o país no mais avassalador processo inflacionário de que se tem notícia, ao não adotar medidas imprescindíveis para minorá-lo. 
Esses ainda são os nossos políticos, infelizmente um corte da própria sociedade que, ao ter que contar com eles, não precisa de inimigos.  

02 de julho de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra reformado.

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