NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Exportadores comemoram porque governo vai deixar o Dólar subir, mesmo que cause mais "inflação"

Os brasileiros e brasileiras devem se preparar para sobreviver em uma conjuntura interna de baixo crescimento econômico com crescentes aumentos de preços de produtos e serviços. Águias do mercado e os frangos do governo já trabalham com o cenário de “ciclo de valorização do Dólar” – ainda mais que estudos confirmam que o Real é moeda sobrevalorizada em termos reais e nominais. A cotação tida como “ideal para o momento” seria de R$ 2,40.

O Dólar subindo interessa a grandes transnacionais brasileiras, poderosas exportadoras, que têm elevados ganhos em moeda norte-americana e lucram alto na hora da troca pelo real. Embora a subida do dólar tenda a gerar uma inflaçãozinha, pressionando o custo da indústria que precisa importar insumos e diminuindo a margem de ganhos dos importadores brasileiros, o governo Dilma da Silva apenas fará uma encenação de que vai se preocupar com as altas do Dólar.

O Banco Central do Brasil tende a aceitar o jogo. Agora fica claro por que o presidente do BC do B, Alexandre Tombini, foi tão “sincero”, em recente depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ao admitir que o Dólar subiria bastante nos próximos meses. Para segurar a tal “inflação”, o Comitê de Política Monetária do BC do B deve subir a taxa de juros Selic. Só não vai exagerar na dose para não gerar impacto ainda maior sobre a trilionária dívida pública. A intenção é atrair “investidores” para cá, mantendo os ganhos dos bancos daqui.

A previsão de subida do Dólar virou informação escancarada e comemorada por grandes empresários ligadíssimos ao governo Dilma-Lula. O presidente do grupo JBS, Wesley Batista, já celebra que a alta do dólar é ótima para o Brasil e para seus negócios; Como a empresa aproveitou o tempo de dólar fraco para adquirir empresas nos EUA, hoje a JBS tem 65% das receitas dolarizadas (inclusive as exportações feitas a partir do Brasil). Cotado para assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Guido Mantega, o ex-presdente do BC do B, Henrique Meirelles, é um dos pilotos das operações da JBS – onde tem poder e assento no Conselho de Administração.

Em menos de dois meses, o Dólar pulou de R$ 2 para quase R$ 2,30 (ontem estava a R$ 2,25). Ninguém se surpreenda se, até o fim do ano, o Dólar bater no teto do que seria sua cotação mais realista, em torno de R$ 2,70. Este é o valor médio que economistas calculam hoje para uma cotação mais realista do real, a partir do famoso Índice Big Mac (que a revista inglesa The Economist usa o preço do sanduiche do McDonald´s nos EUA para medir a paridade entre moedas).

Tecnocraticamente falando, os economistas fazem projeções permanentes para a chamada taxa de câmbio de equilíbrio. O número precisa refletir um equilíbrio do chamado passivo externo líquido da economia do País. Nos diferentes e polêmicos cálculos feitos por instituições financeiras, as taxas levam em conta volatilidade de preços das commodities, PIB potencial, balança comercial e reflexos inflacionários.

Independentemente dos brilhantes cálculos feitos, os caboclos do mercado já têm certeza de que o dólar vai subir e PT saudações... Para azar nosso...

Inflação contida?

O Governo já corre para divulgar que a inflação de junho teve uma desaceleraçãozinha, ficando em 0,26%.

Problema é que o acumulado nos últimos 12 meses, na medição do IBGE, já está em 6,70%.

A meta prevista para 2013 era de 6,50% na medição oficial – que nunca bate com o mundo real...

Quem faz compras, seja rico, classe mérdia ou pobre, constata que os preços dos produtos e dos serviços subiram muito mais que os percentuais  – o que gera insatisfação e preocupação – junto com um maior endividamento das famílias...

Mudando para ficar a mesma coisa

Antes que a alta do Dólar seja sentida pelo “zépovinho” como “inflacionária”, a Presidenta Dilma quer correr com sua reforma ministerial.

Já se dá como pule de 10 a substituição do ministro Guido Mantega.

Quem vai substituí-lo é o enigma – uma vez que os verdadeiros ministros da pasta são Antônio Palocci, Henrique Meirelles e a própria Dilma que segue “conselhos” do chefão Lula e de Aloísio Mercadante (hoje o super ministro).

Prestigiado

Quem sempre sonhou com a Fazenda ou o Banco Central não deve parar lá desta vez.

Aloísio Mercadante tende a sair da pasta da Educação para a Casa Civil da Presidência da República.

Quem iria para a Educação é outro mistério que está sendo desvendado imediatamente pela turma da Dilma.

Mas podiam convidar o Tiririca, pois, no MEC, pior que está ninguém fica...

Por cima da carne seca

Venerável maçom inglês e profundo conhecedor das artimanhas constitucionais, Michel Temer sai como grande vencedor de toda a confusão política armada pelo governo para tentar reformas pela via do golpismo constituinte ou da pressa plebiscitária – ideias que já nasceram mortas e acabam de ser sepultadas.

O vice-presidente da República foi quem bateu o martelo, na reunião com líderes dos partidos da base amestrada, para que fosse abandonada a ideia de marcar um plebiscito urgente, a fim de mudar o mais depressa possível as regras para a eleição de 2014.

A tendência agora é que a data prevista para um eventual segundo turno eleitoral, em novembro de 2014, sirva para a realização da consulta popular – seja por plebiscito ou por referendo.

Na prática, pela manobra de Michel Temer, o desastrado PT ficou ainda mais refém dos “companheiros” do PMDB...

Hermanos avacalhando a Globo

Faz sucesso nas redes sociais a reprodução do programa de TV argentino Bajada de Linea número 148, do Canal 9.

A reportagem critica o vai e vem editorial da Rede Globo (ou de sua Globo News) na interpretação das manifestações que tomaram as ruas do Brasil para protestos sem fim...

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

05 de julho de 2013

Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.