Quando houve a Primavera Árabe, que se iniciou na Tunísia e teve o ápice no Egito, publicamos aqui um artigo em que dizíamos que o povo egípcio ainda ia ter saudades do ditador Hosni Mubarack, o terceiro depois do fim na monarquia, em 1952, com a deposição do Rei Farouk.
As ditaduras sempre foram moderadas e o Egito se tornou um dos países árabes mais ocidentalizados (outro é o Líbano). A primeira eleição mais ou menos livre no país ocorreu em função da Primavera Árabe e o vencedor foi Mouhamed Mursi, que representava a Irmandade Muçulmana, maioria islâmica do país.
Naquela época, comentamos que não podia dar certo essa mistura de religião e política, num país importante como o Egito. Foi o que aconteceu. Na verdade, a ditadura egípcia sempre foi comandada pelos militares, que só esperavam a oportunidade de voltarem ao poder.
IRMANDADE MUÇULMANA
Não adianta a Irmandade Muçulmana anunciar que não vai participar de qualquer diálogo com as novas autoridades do país e condenar o “golpe de Estado”. Em nota oficial, a Irmandade apela para protestos pacíficos e critica qualquer forma de violência:
“Rejeitamos as práticas repressivas do Estado policial, como os assassinatos, as detenções e as restrições à liberdade dos meios de comunicação e o fechamento de canais de televisão”, acrescenta o comunicado, referindo-se à detenção, pelas forças de segurança, de dirigentes e apresentadores de canais de televisão religiosos islâmicos no Cairo e ao cancelamento de suas emissões.
Um dos obstáculos à democratização do Egito é o fato de a Justiça sempre estar ligada aos militares Agora, por exemplo, a Justiça a proibiu a saída do país do presidente deposto, que está em lugar desconhecido e será investigado por acusações de insulto ao Poder Judicial, assim como oito dirigentes da Irmandade Muçulmana.
LÍDER FOI PRESO
De acordo com fonte dos serviços de segurança, a Polícia Militar deteve hoje o líder supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, a pedido da Procuradoria egípcia.
A Procuradoria tinha já ordenado a prisão dos líderes da organização e de seu partido, Liberdade e Justiça, em operação que foi desencadeada na noite passada, logo após o alto comando militar ter anunciado a deposição de Mouhamed Mursi.
Em comunicado, o partido salafista Al Nur, que ficou em segundo lugar nas eleições legislativas egípcias, considerou a experiência de Mursi no governo “um fracasso, em consequência de práticas equivocadas que conduziram a uma divisão da sociedade egípcia”.
O Al Nur diz que apresentou várias propostas para superar a crise política, que foram rejeitadas pela Presidência, contribuindo para que a oposição política a Mursi se convertesse em “oposição popular apoiada pelas instituições do Estado”.
05 de julho de 2013
Carlos Newton
As ditaduras sempre foram moderadas e o Egito se tornou um dos países árabes mais ocidentalizados (outro é o Líbano). A primeira eleição mais ou menos livre no país ocorreu em função da Primavera Árabe e o vencedor foi Mouhamed Mursi, que representava a Irmandade Muçulmana, maioria islâmica do país.
Naquela época, comentamos que não podia dar certo essa mistura de religião e política, num país importante como o Egito. Foi o que aconteceu. Na verdade, a ditadura egípcia sempre foi comandada pelos militares, que só esperavam a oportunidade de voltarem ao poder.
IRMANDADE MUÇULMANA
Não adianta a Irmandade Muçulmana anunciar que não vai participar de qualquer diálogo com as novas autoridades do país e condenar o “golpe de Estado”. Em nota oficial, a Irmandade apela para protestos pacíficos e critica qualquer forma de violência:
“Rejeitamos as práticas repressivas do Estado policial, como os assassinatos, as detenções e as restrições à liberdade dos meios de comunicação e o fechamento de canais de televisão”, acrescenta o comunicado, referindo-se à detenção, pelas forças de segurança, de dirigentes e apresentadores de canais de televisão religiosos islâmicos no Cairo e ao cancelamento de suas emissões.
Um dos obstáculos à democratização do Egito é o fato de a Justiça sempre estar ligada aos militares Agora, por exemplo, a Justiça a proibiu a saída do país do presidente deposto, que está em lugar desconhecido e será investigado por acusações de insulto ao Poder Judicial, assim como oito dirigentes da Irmandade Muçulmana.
LÍDER FOI PRESO
De acordo com fonte dos serviços de segurança, a Polícia Militar deteve hoje o líder supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, a pedido da Procuradoria egípcia.
A Procuradoria tinha já ordenado a prisão dos líderes da organização e de seu partido, Liberdade e Justiça, em operação que foi desencadeada na noite passada, logo após o alto comando militar ter anunciado a deposição de Mouhamed Mursi.
Em comunicado, o partido salafista Al Nur, que ficou em segundo lugar nas eleições legislativas egípcias, considerou a experiência de Mursi no governo “um fracasso, em consequência de práticas equivocadas que conduziram a uma divisão da sociedade egípcia”.
O Al Nur diz que apresentou várias propostas para superar a crise política, que foram rejeitadas pela Presidência, contribuindo para que a oposição política a Mursi se convertesse em “oposição popular apoiada pelas instituições do Estado”.
05 de julho de 2013
Carlos Newton
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