Distante dos holofotes, governador de Pernambuco volta a se movimentar e reafirma candidatura a presidente
A reunião da Executiva Nacional do PSB, promovida por Eduardo Campos, em Recife, no início de julho, animou os correligionários mais entusiasmados do governador de Pernambuco.
Eles deixaram o evento convencidos de que o partido estava unido pela primeira vez em torno de um projeto presidencial: a candidatura de Campos. Até então, a empreitada ainda corria riscos, diante das pressões contrárias do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores. Agora, após semanas de desgaste da presidente Dilma Rousseff, o governador pernambucano reafirma estar pronto para uma disputa nacional, já em 2014.
Confrontado com as mais recentes pesquisas, a disposição do governador pernambucano aumentou, dizem seus amigos. Segundo eles, o fato de Campos ter alertado desde o ano passado que a economia iria “desandar” em 2013, quando poucos acreditavam, fez com que alguns dissidentes internos passassem a respeitar mais sua opinião – como Ciro Gomes, que considerava o pessimismo exagerado.
Ainda de acordo com seus comandados no PSB, a candidatura de Campos, a esta altura, tornou-se praticamente uma obrigação. Afinal, Campos dizia ser necessário, antes de pensar em eleições, ajudar Dilma a “ganhar 2013” – um ano que, para eles, já está perdido. Os socialistas só titubeiam quanto à candidatura quando é aventada a hipótese de o candidato presidencial petista ser Lula. “Lula seria uma novidade complicada pra gente. Todo mundo no Congresso tem alguma relação com ele, deve algo a ele. Ou porque ele tirou foto com alguém quando estava mal ou ajudou de outra forma. Se ele ligar pra 20 deputados, acaba a crise por aqui no outro dia”, diz um dos maiores entusiastas da candidatura socialista.
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Neste possível quadro, eles acreditam que Campos ficaria em uma situação difícil ao recusar ser vice de Lula, com quem Campos tem conversado sempre. Para acomodar o PMDB, nessa hipótese, os socialistas acreditam que o PT abriria mão de candidaturas ao governo Rio de Janeiro e de São Paulo, apoiando os pré-candidatos peemdebistas, o vice-governador Pezão e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Mas os socialistas não acreditam que Lula será o candidato, pois avaliam que Dilma recuperará parte de sua popularidade. Eles duvidam que ela volte ao patamar anterior, mas crêem que ela recupere cerca de 10 pontos percentuais, ficando na casa dos 40% nas pesquisas. E, assim, os correligionários de Campos acreditam que Lula fica fora do páreo. Lula também voltou a afirmar na quinta-feira, dia 18, que não será candidato – e defendeu a reeleição de Dilma Rousseff.
Além de empolgado com a queda da presidente nas pesquisas, Campos acredita que seu público alvo seja justamente aquele que Dilma perdeu e pode não recuperar: a classe média tradicional, que exige mudanças. Para os socialistas, os mais de 20% de indecisos apontados pelo Datafolha serão esse público. “É um eleitorado que não gostaria de votar no PT nem no PSDB, simpatiza com Marina, mas não votaria nela para ser presidente, e quer uma outra alternativa”, diz o presidente do PSB paulista, deputado federal Márcio França.
O nome do deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) é um dos preferidos como vice de Campos. Os socialistas acreditam que entrar no terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro, seria o mais inteligente. Em São Paulo, apostam em uma “traíção natural a Aécio” e, em Minas, acham inútil tentar tirar os votos do tucano, na luta por uma vaga na segundo turno.
No Nordeste, a aposta é que o sotaque de Campos faça a diferença, enquanto a aparência, a simpatia e a gestão conquistem a classe média. Quanto a Marina, a visão é de que ela perderá votos durante a campanha, pois passaria uma boa imagem, mas não teria sido testada ainda em um cargo executivo. Para onde olham, os socialistas brasileiros enxergam motivos para otimismo.
20 de julho de 2013
LEOPOLDO MATEUS - Época
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