"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 8 de março de 2012

A ILUSÃO DO ESQUERDISMO MODERADO

Artigos - Movimento Revolucionário

Existem duas formas de se avaliar a religião política (esquerda): o modelo fundamentalista e sua versão “moderada”.

Na versão fundamentalista, os cânones da doutrina são seguidos a risca.

No caso dos marxistas, eles vivem em guerra contra os “burgueses” e lutariam dia e noite pela ditadura do proletariado, da forma mais violenta quanto possível. No caso dos social democratas, eles nada mais são do que uma versão “moderada” dos marxistas. No caso dos neo ateus, o seu primeiro autor (Sam Harris) é bastante explícito que os islâmicos devem ser bombardeados por causa de sua doutrina e que um governo global deve ser implementado para “salvar” o mundo”.

Seguir as doutrinas da religião política não só torna difícil a convivência dos esquerdistas em termos sociais muito difícil para o mundo atual, como também os coloca em situação ridícula várias vezes. Outro problema do esquerdismo fundamentalista é que alguns deles, em especial os marxistas, teriam que destruir até seus líderes, que enriquecem por causa de sua crença. (ver Beneficiários e Funcionais).

Imagine se a cada 3 meses tivesse que existir uma revolução em Cuba, só pelo fato de que os líderes que tomaram o poder enriqueceram após chegar lá. É claro que uma sociedade assim não se sustentaria, entrando em colapso, e por isso até o marxismo em Cuba hoje tem que adotado em uma versão “moderada”. Isso, é claro, depois que o barbudo tomou o poder por lá.

Isso nos leva a uma sociedade em que o esquerdismo hoje é aceito normalmente e chegamos até a tratar um marxista que anda com camisa do Che Guevara como uma pessoa normal. Ele muitas vezes adota uma versão moderada de seu marxismo para conviver em sociedade. Há um amigo meu que é marxista e trabalha como gerente em uma empresa de TI. Ao invés de estar incitando uma guerra para a tomada da empresa e distribuição da propriedade aos “pobres” (transferência dos meios de produção para os pobres), ele adota uma visão “moderada” e consegue trabalhar.

A única razão pela qual ele adota um esquerdismo moderado é pelo fato de que sua vida seria muito complicada caso ele adotasse a versão fundamentalista de sua crença.

Isso nos leva a um dilema: será que o esquerdismo moderado é uma posição razoável considerando tudo que já aprendemos sobre as consequências das idéias esquerdistas implementadas à risca, desde os tempos das pessoas guilhotinadas em série na Revolução Francesa?

Alguns poderiam dizer que os norte-americanos, com seu progressismo água com açúcar, não são tão totalitários quanto os marxistas russos e chineses. Capaz, mas isso é apenas uma versão moderada por conveniência. Como já disse, é um recurso para tornar a vida do esquerdista menos complicada e sua postura mais aceitável para os oponentes.

Outros poderiam dizer que os humanistas seculares, com sua luta por “promover a empatia universal”, não seriam tão totalitários quanto os positivistas e humanistas que apoiaram o Massacre da Vendéia, na França dos jacobinos. Mas, assim como no exemplo anterior, esta postura somente mostra uma tentativa de criar uma versão “light” da crença, para garantir a aceitação deles perante os oponentes.

Nos dois casos, podemos até suspeitar de que estão tentando enganar os oponentes por sua “moderação” simulada.

Porém, o grande problema com a religião política moderada é que ela não nos fornece nenhuma proteção contra o extremismo esquerdista e a violência totalitária, quando o esquerdismo finalmente for implementado com sucesso e o ganho político da crença esquerdista finalmente for obtido.

Hoje em dia, um humanista poderá dizer que o mundo “será empático, de paz e prosperidade, mas tire os religiosos da frente”, mas em uma situação de colapso econômicos, em níveis continentais, quando for necessário um expurgo de pessoas, se a criação de rancor contra os religiosos estiver nesse caminho o destino dos cristãos não será muito diferente do que ocorreu com os judeus no Holocausto Nazista. Ou seja, idéias de esquerda, que sempre dependem do apontamento de bodes expiatórios, tendem a ser pagas com sangue no futuro. E geralmente é o sangue dos bodes expiatórios apontados pelos esquerdistas.

Outro motivo para duvidarmos do esquerdismo moderado é o Occupy Wall Street. Como já disse, o progressismo norte-americano aparenta ser uma doutrina de “paz e tolerância, com ênfase nas minorias, nos gays e no direito ao aborto”, mas eles sempre trabalham definindo bodes expiatórios. O Partido Democrata é essencialmente progressista e… quando surgiu o movimento Occupy Wall Street, focado em baderna, pregando o “fim do capitalismo” e até criando a cultura dos hackers Anonymous (algo criminoso em essência), vemos que o socialismo mais radical estava lá, sendo gerado na barriga dos progressistas “moderados”. Até Obama acabou reconhecendo o Occupy Wall Street como algo legítimo.

Isso nos prova que esquerdismo moderado é uma ilusão. O esquerdismo só é praticado de forma moderada para facilitar o convívio de esquerdistas junto aos não-esquerdistas, e para evitar que os oponentes do esquerdismo percebam o que está por vir.

O esquerdismo puro, por seu framework (*), é essencialmente totalitário e genocida. Muitos, no entanto, seguem uma versão “light” do esquerdismo para conviverem em sociedade e não atraírem muita atenção dos oponentes do esquerdismo.Tudo isso gera um conflito na mente de alguns direitistas, olhando para os esquerdistas como “ele é esquerdista, mas é meu amigo, pois é moderado”. Ele poderá até dizer: “olha, ele nem cospe na minha cara por eu ser cristão”. O grande problema é que essa versão light serve como fachada para o esquerdismo radical, que é aquele a ser praticado quando a tomada do poder acontece. Por isso, os esquerdistas moderados seriam como “lobos em pele de cordeiro”, mesmo que sejam sinceros em sua crença. (Até por que o processo de formação destas turbas é feito pelos beneficiários, e os funcionais apenas seguem, com um ardor sincero pelos ideais).

A conclusão a que podemos chegar é a seguinte: não importa o nível de moderação do esquerdista, a refutação e o desmascaramento deve ser o mesmo. Aliás, o próprio esquerdismo moderado é essencialmente perigoso pois muitas vezes ele é de difícil detecção.

O preço da liberdade é a eterna vigilância em relação aos esquerdistas. E, em relação ao esquerdismo moderado, a vigilância deve ser maior ainda.

Luciano Ayan
08 Março 2012

Nota:

(*) Segue o framework, para não esquecermos:

1) Projeção de paraíso em Terra

2) Simulação de que se pertence ao grupo que criará este paraíso

3) Definição de bodes expiatórios (que seriam aqueles que não deixam o paraíso ocorrer)

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