Texto de formação sobre a origem do dia Internacional da Mulher
Era oito de março de 1857 quando trabalhadoras da fábrica têxtil Cotton de Nova Yorque entraram em greve contra suas péssimas condições de trabalho. As operárias trabalhavam de 14 a 16 horas por dia e recebiam salários miseráveis, menores que o dos homens, como acontece ainda hoje. Muitas tinham que levar os filhos pequenos para trabalhar junto. Não havia licença-maternidade. Diante da negativa da empresa ante suas reivindicações, 129 mulheres ocuparam a fábrica.
O patrão chamou a polícia, que fechou as portas da fábrica e pôs fogo no edifício. Todas elas morreram queimadas. Dizem que, quando elas pararam as máquinas, estavam tecendo um tecido lilás, por isso essa cor é tão usada na luta das mulheres trabalhadoras.
Foi em memória a essas mártires do movimento operário que o oito de março foi dedicado a mulher oprimida e sua luta. Isso evidentemente não tem nenhuma relação com o caráter que vem tomando essa data hoje, em que imprensa e políticos burgueses fazem homenagens para as mulheres burguesas, ou seja, as empresárias, governantes, parlamentares e estrelas da mídia.
O 8 de março portanto não diz respeito a qualquer mulher, diz respeito à mulher do povo. Fica contraditório homenagear as ricas, que pertencem à mesma classe daquele patrão que em 1908 assassinou as operárias. Por isso, é uma data por excelência para dizer que a luta dos oprimidos continua, e que em meio a tragédias como essa, trouxe também muitas conquistas.
ROSELI NUNES
Nasceu em 1954 e teve sua vida encerrada com apenas 33 anos. Ela lutou por uma reforma agrária justa. Rose, como era conhecida, nos últimos dias de gravidez, participou da ocupação da fazenda Anoni, em 1985. Foi a maior ocupação realizada no Rio Grande do Sul. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, estava começando na região. Logo em seguida, ela participou da caminhada de 300 quilômetros até Porto Alegre, onde os trabalhadores ocuparam a Assembléia Legislativa, permanecendo acampados por seis meses, até ser dada uma solução para as 3 mil famílias que estavam na fazenda Anoni. Rose foi mãe da primeira criança a nascer no acampamento Sepé Tiaraju. Em 31 de março de 1987, durante um protesto contra as altas taxas de juros e a indefinição do governo em relação à política agrária que se estendeu por vários municípios, um caminhão desgovernado investiu contra uma barreira humana formada na BR-386, em Sarandi, RS. O caminhão feriu 14 agricultores e matou três: Iari Grosseli, de 23 anos; Vitalino Antonio Mori, de 32 anos, e Roseli Nunes, com 33 anos e mãe de três filhos.
ROSA PARKS
No dia 1º de dezembro de 1955, nos Estados Unidos, esta costureira negra de quarenta e dois anos, fatigada por um dia de trabalho, entrou num ônibus superlotado para voltar para casa. Por sorte, descobriu um lugar vago no princípio da seção reservada aos negros. Quando o ônibus lotou, o motorista ordenou aos negros que se levantassem para que os brancos pudessem sentar-se, e a Sra.
Parks negou-se a ceder seu lugar. Foi imediatamente presa e levada para o Palácio da Justiça. Rosa foi libertada sob fiança por E.D. Nixon, homem que sempre se dedicou à luta pelos direitos civis; e foi ele quem, farto de tantas injustiças, entrou em contato com todas as associações e movimentos dos negros. A resistência de Rosa Parks motivou o Conselho Político Feminino de realizar um dia de boicote aos ônibus logo começou a germinar e, foi tão bem aceita que o boicote durou trezentos e oitenta e dois dias.
ANASTÁCIA
Escrava negra, filha de uma princesa africana. A aldeia dessa princesa foi invadida pelos portugueses e um comerciante português engravidou-a à força, trazendo - a em seguida para o Brasil. Anastácia teria nascido durante a viagem entre a África e o Brasil.
A princesa Anastácia, como era chamada, viveu algum tempo na Bahia, mas foi em Minas Gerias que ela passou a maior parte da sua vida, ajudando os escravos quando eram castigados, ou facilitando-lhes a fuga, de Anastácia ficou a imagem de uma mulher de grande beleza, personalidade forte, que tinha consciência da injustiça e crueldade da escravidão. Mas sua beleza acaba atraindo os desejos de um jovem branco fazendeiro, e passa a ser assediada de várias formas, inclusive com oferta de dinheiro por sua virgindade. Mas após sua recusa sistemática, Anastácia repete o destino da mãe, é violentada. Mas o crime sexual acontece após a resistência dela, que fere seu agressor.Como castigo pela resistência ao ato sexual, Anastácia é obrigada a usar uma mascara, sendo apenas retirada para que pudesse alimentar-se.
Extremamente doente, Anastácia foi levada para o Rio de Janeiro e lá se torna famosa junto à população, por lhe serem atribuídos vários milagres.
Foi enterrada na Igreja do Rosário, no Rio, mas um incêndio ocorrido posteriormente nessa igreja destruiu a documentação que poderia nos fornecer mais elementos sobre a história da princesa Anastácia.
Fonte: Cartilha "Mulher Negra tem História"
Alzira Rufino, Nilza Iraci, Maria Rosa, 1987.
ESPERTIRINA MARTINS
As condições de trabalho no início do século passado eram as piores possíveis. As fábricas não tinham janelas, se trabalhava mais de 14 horas por dia, 6 vezes por semana, os salários eram miseráveis. Não existia aposentadoria, nem licença-maternidade, nem férias. Em 1920, no Brasil, a maioria dos trabalhadores de fábricas eram mulheres e crianças.
Em 1917, houve muitas greves em nosso país. Os operários lutavam pelo fim do trabalho infantil, jornada de 8 horas, alimentos, água e transporte. Em 1917, haviam 30.000 trabalhadores em greve, e todos os dias havia piquetes, manifestações, barricadas e ocupações de fábrica.
Em meio a toda essa luta, a brigada mata um operário. O enterro dele foi também um protesto, com centenas de operários e operárias em marcha, na Avenida João Pessoa. Na frente da procissão, estava a operária Espertirina Martins, com apenas quinze anos, carregando um buquê de flores.
Do lado contrário da avenida, vinha a Brigada Militar para reprimir os operários e operárias. Onde hoje é o parque da Redenção, a carga de cavalaria da Brigada e os operários e operárias se encontram.
Espertirina com seu buquê de flores se aproxima dos brigadianos e joga o seu buquê no meio deles. O buquê explode, matando metade da tropa e assustando os cavalos. Começa então uma verdadeira batalha, que graças ao preparo dos homens e das mulheres em luta, quem ganha são os trabalhadores.
Graças a toda essa luta, foram conquistadas as 8 horas,a licença-maternidade, o fim do trabalho infantil, a aposentadoria, a idenização para acidentes de trabalho, e outros direitos.
HILMA CARDOSO
Hilma nasceu no interior do RS, seus pais eram colonos pobres que mantinham a família com a agricultura.
Quando moça, Hilma veio para Porto Alegre tentar a vida na cidade grande. Por causa da falta de trabalho e condições de vida, se tornou uma líder popular no Parque dos Maias, na luta por moradia. Por causa de seu envolvimento nessa luta, sofreu um atentado a bala, que levou seu marido e a deixou paralítica.
Com filhos pequenos para criar sozinha e paralítica, Hilma faz pão caseiro para vender na comunidade, em sua cadeira de rodas.
Nessa situação fez uma promessa: se voltasse a caminhar de novo, dedicaria o resto de sua vida à causa dos pobres. Com esforço e fé, voltou a caminhar.
Hilma toma contato então com um grupo de catadores da Rubem Berta, e se integra nessa luta. Com um estilo espontâneo e combativo, Dona Hilma, como era chamada, leva adiante várias lutas com os catadores, conquista de melhores equipamentos, moradia, saúde, etc.
Reúne várias associações que juntas vão formar a Federação das Associações de Catadores do RS, e logo inicia junto a outros estados do Brasil a organização do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais recicláveis (MNCR), e participa do seu Congresso de Fundação. Chega a participar de algumas mobilizações, mas já está muito doente por causa do câncer, e morre.
Ainda lúcida em seu leito de morte, Dona Hilma diz que só queria viver para continuar lutando com os catadores. Ela se tornou um símbolo de luta para os catadores do RS e do Brasil.
JUANA AZURDUY
No Alto Peru, onde hoje é a Bolívia, emerge a figura de Juana Azurduy (1781-1862), índia que lutou contra a dominação espanhola e pela independência e liberdade de seu povo. Ela foi uma dentre muitas mulheres que pegaram em armas para defender a liberdade e expulsar o inimigo espanhol. Juana e seu esposo, Manuel Padilla, organizaram muitos combates contra os dominadores. Há uma música popular que diz "Juana Azurduy, flor do alto Peru, não há outro capitão mais valente que tu / O espanhol não vai passar, com mulheres terá que pelear".
Seu destino foi duro: viu quatro de seus cinco filhos morrer de fome e de doenças. Seu marido foi pego e sua cabeça foi exibida durante vários dias até que corajosamente Juana a recuperou. Morreu na miséria aos 81 anos.
Cabe dizer que o Alto Peru se tornou independente em 1825, depois de 15 anos de luta.
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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