"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 11 de abril de 2012

ASSESSOR DE ASSUNTOS FEDERATIVOS DO PLANALTO PEGOU "APOIO" DE CACHOEIRA PARA DILMA

Um assessor do Palácio do Planalto informou ao governo ter conversado em 2010 com um dos principais aliados do empresário Carlinhos Cachoeira para tratar do apoio do senador Demóstenes Torres à candidatura presidencial de Dilma Rousseff. O episódio veio à tona ontem após o jornal "O Globo" revelar o contato telefônico entre o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, e Wladimir Garcez. Acusado de ser um dos principais nomes do esquema de exploração do jogo ilegal comandado por Cachoeira, Garcez está preso.
Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Noleto foi procurado por Garcez para tratar da sondagem sobre o possível apoio de Demóstenes a Dilma, apesar de o senador ser um dos principais críticos do governo e estar filiado, até há alguns dias, ao oposicionista DEM.
 
O assessor é um petista histórico de Goiás e, desde 2003, ocupa um cargo no Palácio do Planalto, tendo passado pela Casa Civil durante a gestão de José Dirceu. Hoje, ele ocupa o mesmo cargo que Waldomiro Diniz tinha em 2004, quando caiu após divulgação de vídeo em que pedia propina a Cachoeira.
Carvalho disse que o servidor recebeu um voto de confiança e classificou o episódio de "página virada". A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) divulgou nota afirmando que Noleto permanecerá no cargo e que "não existe qualquer indício de irregularidade em relação à sua conduta".
 
Mas, segundo a Folha apurou no governo, Noleto deve deixar o cargo até junho para concorrer como vice na chapa de Maguito Vilela (PMDB) à Prefeitura de Aparecida de Goiânia (GO).
Ele só não foi exonerado nesta semana pois, segundo o governo, a saída para a eleição trará menos desgaste.
Segundo Carvalho, a conversa sobre o apoio não avançou porque o DEM apresentou o vice na chapa do PSDB. Um dos principais interlocutores de Dilma, Carvalho sustentou que o governo não teme ser atingido pela crise. "Não temos nenhum receio de nenhum respingo aqui."
 
Noleto divulgou nota negando relação com Cachoeira. "Jamais conversei, conheci ou fui apresentado a Carlinhos Cachoeira." Ele disse ainda que conheceu Garcez, que é ex-presidente da Câmara de Goiânia, em 2002. Como subchefe de Assuntos Federativos, Noleto disse ter mantido "relação política institucional com todos os governadores, prefeitos e atores políticos do país".
 
11 de abril de 2012
(Folha de São Paulo)
coroneLeaks

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