"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 11 de abril de 2012

O CASO ISOLADO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Gangue de alunos aterrorizam menores em escola da capital. Usam sprays como lança-chamas para queimar os cabelos de colegas. Na mesma escola onde vigilantes e catorze professores estão afastados de suas respectivas funções por não poderem lidar com estes casos de polícia, uma professora salva de agressão uma criança de 7 anos. Sua recompensa: ser agredida pela mãe do aluno criminoso.
As autoridades ouvidas, conhecedoras do problema, agem como de costume: fazem sindicâncias para ouvir as partes. A diretora pedagógica da Secretaria Municipal da Educação, Eliane Meleti, disse que o caso em que uma professora defendeu um aluno de 7 anos contra a agressão de outro aluno mais velho, e que foi agredida pela mãe do aluno “violento”, é um caso isolado.
Ver em Zero Hora de 10/04/2012:
http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a3722151.xml&template=3898.dwt&edition=19366§ion=1003
Pois essa professora deve ter visto milhares de casos isolados como esse.
O que não é um “caso isolado” é a derrotada pedagogia da violência, a pedagogia da burrice, a pedagogia do aluno analfabeto depois de 5 anos de escolarização. O que não é um “caso isolado” é a devastadora conseqüência de uma pedagogia 100% ideológica. Há vinte anos afundamos na educação freireana, a principal culpada deste estado calamitoso de coisas. É claro que a sociedade toda foi impactada por essa “pedagogia”. O comportamento criminoso da mãe comprova isso com facilidade.
A propósito, tal comportamento criminoso em prol do filho criminoso, a sociedade chama de “violência”. Isso não é coincidência. A mídia há muitos anos trocou a expressão crime (o que está capitulado no Código Penal em vigor) pela expressão violência. Pronto, estava apagada a denotação crime e implantada a regra social do politicamente correto que protege os “cidadãos”. Milagrosamente desapareceram os crimes e os criminosos. Curioso, a Escola em questão tem como lema “educar é proteger”.
E assim começou a “pacificação de bandidos e de alunos”, heróis modernos da sociedade brasileira acima de qualquer imputação. O caso escolar em pauta, o caso isolado da infeliz pedagoga, está destinado a ser esquecido e embrulhado para ser jogado na vala comum da indiferença e da incapacidade de reação dessa mesma sociedade.
Não há solução à vista. O Brasil não se recuperará mais com esse espírito de covardia e de submissão diante de “autoridades” que somente enxergam “casos isolados”. Isso é uma espécie de psicopatia que prima pela negação do óbvio, algo parecido com o que se passa na cabeça de um maníaco assassino, um serial killer que nada sente, que é totalmente indiferente à dor alheia. Até a negação como mecanismo de defesa, segundo a psiquiatria, tem limites. Não podemos negar a realidade dos comportamentos criminosos, assim como não podemos negar a realidade dos números: o Brasil afunda velozmente no item Educação. Batemos recordes de notas baixas, de mau aproveitamento. Os alunos brasileiros já estão incapazes de manter atenção nas escolas por mais de 15 minutos. A “rebeldia”, palavra também usada por pedagogos com muita freqüência, na verdade é uma reação de ódio, de egoísmo destrutivo; um sintoma gravíssimo de alienação pessoal, social.
A família brasileira (ou A NOVA FAMÍLIA BRASILEIRA, como a batizei), está em sintonia com esse egoísmo e com essa primitiva maneira de viver, ficou assim nos últimos vinte anos.
Essa sociedade não conhece mais o mérito. Ela premia e “facilita” a vida de crianças e adultos. A função dessa sociedade é aplicar o preceito do Instituto Tavistock: “Mantenha-os indisciplinados, deseducados, desorganizados, confusos, distraídos, alienados, drogados, e obcecados por sexo”.
A confusão e a alienação a que essa sociedade chegou é um fruto previsível do que foi plantado no mundo há 60 anos, e no Brasil há vinte anos. A gangue escolar do Morro da Cruz não é um caso isolado infelizmente. É a própria existência da nossa sociedade. A pedagogia oficial e única no Brasil não é um caso isolado.
11 de abril de 2012
charles london

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