"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 16 de abril de 2012

ESPOSA DE TEMER, FILHO DE SARNEY, MUITOS OUTROS POLÍTICOS SERÃO ALVOS DE DOSSIÊS LIGANDO-OS A CACHOEIRA E À DELTA


A bela e jovem mulher do vice-Presidente da República, Michel Temer, pode ser a próxima vítima da onda de dossiês focados em triturar adversários, inimigos ou aliados nada confiáveis da máquina que aparelha o poder federal. Temer já teme que vazem na imprensa os elevados gastos mensais com compras feitas por sua discreta esposa. Os valores e bens adquiridos estariam acima da normalidade até para quem tem alto padrão consumista.

Mais preocupado que Temer – e que também anda com relações de atrito com a Presidenta Dilma Rousseff – é o Presidente do Senado. Tanto que José Sarney sentiu-se mal com informação de que seu filho Fernando seria um dos alvos preferenciais da fantástica fábrica de dossiês contra Carlinhos Cachoeira e seus aliados de lobby que tem na empreiteira Delta a principal base operacional-financeira. Sarney continua internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após ser submetido a um cateterismo e uma angioplastia com a colocação de stent.

Embora negue antecipadamente, quem tem motivos para preocupações com os vazamentos do “Delta do Cachoeira” é Sérgio Cabral Filho. O governador do Rio de Janeiro chegou a encenar, no final de semana, que nada tem a esconder de suas relações de amizade com o dono da Delta, Fernando Cavendish. Caso estoure uma bronca maior em dossiês, será nada fácil explicar como a Delta é sempre contemplada pelo Governo Cabral com milionárias obras sem concorrência. Desde 2002, a empresa tem contratos de R$ 450 milhões com o Estado do RJ. Agora, o maior temor é que algum problema com a Delta afete as obras de conclusão do Estádio do Maracanã para a Copa de 2014.

Quem está bastante enrolado com denúncias sobre o esquema é o governador petista do Distrito Federal. Agnelo Queiroz teria intercedido em favor da construtora Delta, antes mesmo de tomar posse, pedindo a prorrogação de contratos. Quem ficou seriamente queimado, até agora, foi o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), apanhado em comprometedoras ligações telefônicas com o “Clube” de Carlinhos Cachoeira. Mas a PF já tem informações de que pelo menos 15 senadores, direta ou indiretamente, fariam parte do esquema.

Até o momento, só existe desconfiança – sem provas totalmente concretas – de que a Delta opere um esquema idêntico ao mensalão. A Polícia Federal desconfia dos recursos milionários repassados pela empreiteira a empresas com ligações diretas com o lobista-contraventor Carlinhos Cachoeira. Parte da grana teria sido usada para fazer doações e pagamentos ilegais a políticos. Desde 2003, a empreiteira recebeu R$ 3,6 bilhões em contratos com o Governo Federal do PT. Só os R$ 862,4 milhões em recursos federais que encheram os cofres da empresa no ano passado pagaram obras em 20 Estados.
16 de abril de 2012
Por Jorge Serrão

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