"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 28 de abril de 2012

O ATROZ ENCANTO DE SER ARGENTINO

A partir da segunda metade do século XX, a Argentina se transformou num dos melhores exemplos vivos de que é possível andar para trás.

Matéria sobre a Argentina da revista Veja desta semana começa com a afirmação de que “A presidente Cristina Kirchner expropria os espanhóis da petrolífera YPF e dá mais um passo rumo à ‘venezuelização’ da Argentina e encerra com a frase “Como sempre, o povo argentino será o maior prejudicado por se deixar seduzir pelo nacionalismo barato”.

Confesso que sou daqueles que só sentem prazer em derrotar a Argentina nas quadras e nos campos esportivos. Fora disso, tenho profunda admiração pelo país, em especial por sua capital, onde possuo volume considerável de amigos.
Desde cedo, primeiro graças aos comentários de meu pai, posteriormente com os estudos regulares, aprendi que a Argentina é um país dotado de recursos naturais essenciais abundantes, que atingiu, na metade do século XX, padrões de desenvolvimento superiores aos de diversos países europeus, que sua capital tem um extraordinário número de livrarias, que já havia eliminado o analfabetismo e era o país sul-americano com maior taxa de graduados em nível superior.

Ouvi também, tendo o desprazer de acompanhar em boa parte, a sucessão de disparates que fizeram com que a partir da segunda metade do século XX a Argentina se transformasse num dos melhores exemplos vivos de que é possível andar para trás.
A exemplo do caranguejo, o país apresenta indicadores socioeconômicos muito inferiores aos que já ostentou no passado e, ao que tudo indica, a descida ladeira abaixo não vai parar tão cedo.

Os disparates começaram com o casal Perón. A peça Evita, com diversas montagens no exterior e no Brasil, dá uma ótima visão do que se passou na Argentina naquela época (anos 50).
A alternância entre peronistas e militares – brevemente interrompida durante a gestão do presidente Raúl Alfonsín – é responsável por diversos outros disparates, quer no plano econômico, quer no político, quer no militar, com destaque para a invasão das Ilhas Falklands/Malvinas no início da década de 1980.

Procurar entender o que se passa na Argentina num breve comentário como este é impossível. Mas é possível sugerir algumas leituras que poderão ajudar bastante nesse sentido. Portanto, para aqueles que tiverem interesse em compreender melhor a triste sina argentina, fica aqui minha recomendação dos seguintes livros:

- El Estado y yo, de Faustino A. Fernández Sasso
- Manual do perfeito idiota latino-americano, de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa
- O atroz encanto de ser argentino (1 e 2), de Marcos Aguinis
- Patrimonialismo e a realidade latino-americana, de Ricardo Vélez Rodríguez
- O regresso do idiota, de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa
- Pobre Patria Mía!, de Marcos Aguinis
- A análise do patrimonialismo através da literatura latino-americana, de Ricardo Vélez Rodríguez

28 de abril de 2012
Luiz Alberto Machado

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