E os índios, os verdadeiros “donos do Brasil”,
vão continuar sendo excluídos à força, ministro Fux?
Se a nação brasileira pertencesse
a algum povo em particular, esse povo seria o indígena e não o negro, como o
ministro Luiz Fux insinuou ao dizer “viva a nação afrodescendente”. Mas ela não
é de ninguém em particular, e sim de todos os brasileiros, esses miscigenados nos
quais é quase impossível definir uma “raça”, mesmo com os mais avançados testes
de DNA.
No entanto o índio guarani
Araju Sepeti, após interromper os elogios de Fux à política de cotas para negros
durante seu voto, foi expulso na tarde desta quinta-feira do plenário do Supremo
Tribunal Federal, por clamar, muito justamente, para que os indígenas também
fossem citados nas falas dos ministros.
Sepeti, que estava acompanhado
de sua mulher e duas filhas, uma delas ainda bebê, resistiu e foi arrastado para
fora do tribunal, gritando que seu braço estava sendo machucado. Sua filha e sua
mulher também gritavam e chamavam os seguranças de “racistas” e “cavalos”. “É
assim que tratam o índio no Brasil”, afirmou Sepeti.
Fux, após a retirada de Sepeti,
limitou-se a dizer: “A democracia tem seus momentos que ultrapassam a
dose”.
No que eu concordo com o
ministro, mas por outro motivo. a democracia ultapassa a dose exatamente quando
o STF se arvora de tribunal constitucional e simplesmente atropela o Artigo 5º
da Constituição, aquele que assegura que todos os homens são iguais perante a
lei, usurpa os poderes legislativos do Congresso e cria um apartheid em um país
onde é praticamente impossível se definir com precisão a “raça” de alguém.
O pior de tudo é que não houve
um ministro sequer com juízo para pelo menos admitir que o Supremo estava se
metendo em seara alheia, o que demonstra que a demagogia e o desprezo pela
Constituição por lá são endêmicas.
Só me resta parafrasear Nélson
Rodrigues: toda unanimidade é supremamente burra.
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