Em "1984", de George Orwell, o personagem Winston Smith trabalhava no Ministério da Verdade, reescrevendo notícias antigas para adequá-las à história oficial presente do Partido que mandava. Hoje (16/5), a presidente Dilma Rousseff empossa os sete integrantes da comissão incumbida de escrever a "verdade" do período da ditadura militar conforme a conveniência de seu partido e agregados.
Os sete ungidos vão de uma psicanalista consagrada por sua militância política de esquerda ao advogado José Paulo Cavalcanti Filho, que já declarou ser "uma honra poder escrever um pedaço da história do país".
Outra integrante, Rosa Maria Cardoso da Cunha, ex-advogada de Dilma, nem tomou posse, já começou a tentar reescrever a história, pretendendo derrubar - para o lado de sua "verdade" conveniente - a Lei da Anistia, porque "parte das vítimas quer outra interpretação dessa anistia" - já confirmada pelo STF.
O desejo revisionista está na raiz da comissão desde a mentira original de seu idealizador, Paulo Vannuchi, secretário de Direitos Humanos de Lula, de que a anistia "protege quem torturou". A leitura na web de notícias de 1979 lembra que foi o contrário: parentes de exilados é que mais clamaram pela "anistia ampla, geral e irrestrita" sancionada naquele ano.
Embora Vannuchi omita, a anistia também perdoou seus companheiros de Aliança Libertadora Nacional, facção responsável por matar pelo menos 17 pessoas, algumas sem qualquer implicação política, como comerciantes assassinados após serem assaltados e... torturados.
Atual secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão não integra a comissão, mas tentou norteá-la na mesma direção, alegando que "não cabe investigar as ações da resistência. Estavam no direito legítimo de lutar contra a ordem ilegítima e a opressão. A Comissão da Verdade serve para investigar os crimes de Estado".
Em uma só frase, omite que o Estado já paga - polpudas indenizações, até a gente rica como Lula e Ziraldo - e que a "resistência" existia ao menos desde 1961 (antes da ditadura), visava não à democracia, mas ao socialismo (também ditatorial), pelo qual cometeu crimes hediondos, contra pessoas comuns. Faltou-lhes a chance de forçar um Winston a reescrever as notícias com fatos documentados do passado.
18 de maio de 2012
joao pequeno
Fonte: Jornal Destak - 16 Mai 2012
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