Louca de Amor!
Continuando “ A Loucura de todo Dia”, hoje vou contar para vocês sobre uma pessoa que viveu aqui pelas ruas de minha cidade, sua loucura por um amor perdido ainda na juventude e tendo seu nome ultrapassado muitas fronteiras.
Isabel Vidal, mais conhecida como Isabelinha, era filha única de um rico coronel da região, teve uma educação esmerada, mas se apaixonou por um cadete da Força Aérea Brasileira, e segundo contam, seu pai a impediu de viver este amor, proibindo seu casamento com o amado.
Exímia pianista, muito culta, ao ficar orfã ainda jovem, veio para cá, onde morou perto da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) até morrer, muito velhinha. Contam que sua loucura veio daí, sozinha andava pelas ruas da cidade na esperança de um dia rever o amado. Seria bonito se não fosse trágico.
O fato que durante toda a sua vida, Isabelinha perambulou pelas ladeiras íngremes recitando seus poemas de amor , usando sua favorecida oratória e postura misteriosa chamando a atenção de todos que por ela passava.
Era uma mulher pequena, magra, com longos cabelos brancos que se vestia sempre desconectada com a moda do dia. Me lembro dela usando um sapato de salto, meias grossas (uma sempre escorrendo por uma perna), um casaco de veludo já surrado pelo tempo, uma bolsa pequena, pendurada elegantemente nos ombros, echarpes chamativas no pescoço, algumas vezes até luvas.
Sua boca carnuda chamava a atenção pintada de batom vermelho sangue, que se sobressaiam de sua face, já marcada pelas grossas sobrancelhas negras. Atrás de si, sempre o velho amigo Rex, um cão vira-lata que pacientemente a seguia resignado com seu destino.
Isabelinha como ficou conhecida, passou a ser a musa da EPCAR, por nunca ter escondido sua paixão pela farda azul dos cadetes que aqui passaram. Eles por sua vez, jovens distantes de suas famílias, encontraram nela os mimos de uma mãe extremada. Foi uma troca intrigante.
Eles a protegiam e supriam suas necessidades e ela os cortejava e paparicava com seus carinhos.
Quando deparava em sua caminhada, com um cadete, recitava em alto e bom som seus poemas terminando sempre com os dizeres: “ Lindos passarinhos, azuis da cor do céu, querem contribuir com os pobres… os pobres sou eu, que tanto os amo”. Daí trocava com eles uma divertida prosa, ganhava sempre os trocados pedidos e seguia sua caminhada matinal em busca nunca se soube do que.
Recebeu todas as homenagens das turmas da EPCAR que aqui passaram e principalmente da escola. No comando existe uma tela a óleo pintada sobre encomenda que exprime todo o carinho que tiveram com ela (foto), a transformando na eterna musa dos cadetes. Até hoje quando aqui retornam para comemorarem os aniversários de suas formaturas, colocam uma faixa em sua homenagem, com os dizeres que nunca esqueceram: “Lindos passarinhos , azuis da cor do céu… “
Na cidade ganhou o respeito dos barbacenenses ao usar de sua palavra, nos discursos nos velórios importantes de políticos ou de cidadãos renomados .
Sua palavra era esperada como de uma carpideira. Assim viveu aqui, perambulando com sua passiva loucura até o fim de seus dias, falecendo assistida no hospital da EPCAR. Teve um enterro com honras militares e muitas lágrimas de pessoas, que só a entenderam quando a perderam. Até hoje é comum alguém ainda dizer: Coitada morreu de amor!
31 de maio de 2012
Ruth Esteves
Continuando “ A Loucura de todo Dia”, hoje vou contar para vocês sobre uma pessoa que viveu aqui pelas ruas de minha cidade, sua loucura por um amor perdido ainda na juventude e tendo seu nome ultrapassado muitas fronteiras.
Isabel Vidal, mais conhecida como Isabelinha, era filha única de um rico coronel da região, teve uma educação esmerada, mas se apaixonou por um cadete da Força Aérea Brasileira, e segundo contam, seu pai a impediu de viver este amor, proibindo seu casamento com o amado.
Exímia pianista, muito culta, ao ficar orfã ainda jovem, veio para cá, onde morou perto da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) até morrer, muito velhinha. Contam que sua loucura veio daí, sozinha andava pelas ruas da cidade na esperança de um dia rever o amado. Seria bonito se não fosse trágico.
O fato que durante toda a sua vida, Isabelinha perambulou pelas ladeiras íngremes recitando seus poemas de amor , usando sua favorecida oratória e postura misteriosa chamando a atenção de todos que por ela passava.
Era uma mulher pequena, magra, com longos cabelos brancos que se vestia sempre desconectada com a moda do dia. Me lembro dela usando um sapato de salto, meias grossas (uma sempre escorrendo por uma perna), um casaco de veludo já surrado pelo tempo, uma bolsa pequena, pendurada elegantemente nos ombros, echarpes chamativas no pescoço, algumas vezes até luvas.
Sua boca carnuda chamava a atenção pintada de batom vermelho sangue, que se sobressaiam de sua face, já marcada pelas grossas sobrancelhas negras. Atrás de si, sempre o velho amigo Rex, um cão vira-lata que pacientemente a seguia resignado com seu destino.
Isabelinha como ficou conhecida, passou a ser a musa da EPCAR, por nunca ter escondido sua paixão pela farda azul dos cadetes que aqui passaram. Eles por sua vez, jovens distantes de suas famílias, encontraram nela os mimos de uma mãe extremada. Foi uma troca intrigante.
Quando deparava em sua caminhada, com um cadete, recitava em alto e bom som seus poemas terminando sempre com os dizeres: “ Lindos passarinhos, azuis da cor do céu, querem contribuir com os pobres… os pobres sou eu, que tanto os amo”. Daí trocava com eles uma divertida prosa, ganhava sempre os trocados pedidos e seguia sua caminhada matinal em busca nunca se soube do que.
Recebeu todas as homenagens das turmas da EPCAR que aqui passaram e principalmente da escola. No comando existe uma tela a óleo pintada sobre encomenda que exprime todo o carinho que tiveram com ela (foto), a transformando na eterna musa dos cadetes. Até hoje quando aqui retornam para comemorarem os aniversários de suas formaturas, colocam uma faixa em sua homenagem, com os dizeres que nunca esqueceram: “Lindos passarinhos , azuis da cor do céu… “
Na cidade ganhou o respeito dos barbacenenses ao usar de sua palavra, nos discursos nos velórios importantes de políticos ou de cidadãos renomados .
Sua palavra era esperada como de uma carpideira. Assim viveu aqui, perambulando com sua passiva loucura até o fim de seus dias, falecendo assistida no hospital da EPCAR. Teve um enterro com honras militares e muitas lágrimas de pessoas, que só a entenderam quando a perderam. Até hoje é comum alguém ainda dizer: Coitada morreu de amor!
31 de maio de 2012
Ruth Esteves
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