Reportagem excelente de Cristina Alves, Luiz Ernesto Magalhães e Paulo Marqueiro, O Globo de domingo, destacou o compromisso firmado pelos prefeitos de 58 grandes cidades do mundo – entre elas o Rio, Nova Iorque, Paris, Londres, Pequim, Xangai, Moscou – no sentido de reduzir a emissão de gases estufa, que muito mal causam à vida humana. A foto é de Domingos Peixoto. Tudo bem. Ninguém pode ser contra. Pelo contrário. Mas é indispensável que se passe da promessa ao ato concreto. Que gestos confirmem as palavras.
Este o problema essencial. Neste ponto, importante comparar o que foi acertado na Rio-92 com o que foi cumprido realmente. Na teoria, se resolve tudo. Papel impresso e tela de computador não faltam. Falta é disposição de fazer. Há vinte anos, foram estabelecidos compromissos e meta. Quais tiveram consequência concreta? Aí é que está.
No Rio, por exemplo, um dos maiores fatores da poluição encontra-se nos ônibus. Trafegam 8 mil diariamente transportando 6 milhões de pessoas. Param, é claro, nos pontos finais.
O que acontece? Os motoristas não desligam o motor. Ficam assim, consumindo óleo diesel, durante o tempo de parada, desnecessariamente. O diesel é altamente poluidor. Um simples toque na chave de ignição resolveria o problema. Mas isso não ocorre. Outra coisa: em ônibus, caminhões, vans e automóveis particulares, há emissão de fumaça negra. Para conter tal envenenamento bastaria trocar o óleo de carter nas datas certas. Não é feito.
No Rio de Janeiro, o lixão de Gramacho foi extinto há cerca de trinta dias. Portanto duzentos e trinta e nove meses depois da Rio 92. Uma usina para industrializar o lixo foi projetada em 61, um dos primeiros projetos do governo Carlos Lacerda. Não saiu do papel.
Outra causa fundamental de poluição, claro, a maior de todas, é a falta de saneamento. Que sempre está ligada à favelização, ao baixo poder aquisitivo das populações. No Rio é galopante. Também em 1961, para um total de habitantes de 3 milhões, havia 300 mil moradores em favelas. Hoje a cidade possui 7 milhões de habitantes e 2 milhões e 300 mil residentes em favelas, cortiços e porões. Uma asfixia social gerando poluição. Só uma política forte de habitação pode resolver o desafio do saneamento. Caso contrário, as fossas do absurdo vão continuar substituindo os esgotos tratados.
E o que gerou, no Rio, tal favelização? A derrota dos salários diante da inflação do IBGE e também a falta da oferta de empregos ao nível do crescimento da população. Esta avança à velocidade de 1,2% ao ano. O emprego, evidente, deveria crescer pelo menos no mesmo ritmo. O Rio de Janeiro recebeu há alguns anos um financiamento japonês para despoluir a Baia da Guanabara. O que foi realizado? Nada. Ficou tudo para amanhã.
Ou melhor: para a Rio Mais Quarenta. Aliás, com a existência das favelas nas margens, os esforços para despoluir não podem ter sucesso. Voltamos ao problema social portanto. O ex-deputado Delfim Neto, quando ministro da Fazenda do governo Médici, chegou a sustentar a tese que primeiro deve-se crescer o bolo, para depois dividí-lo. Esta frase é de um absurdo completo. Depois de o bolo crescer, ninguém o divide.
Não estou afirmando que em partes iguais. Isso é humanamente impraticável. Mas pelo menos de forma capaz de suspender a corrida para os morros da insegurança cuja existência tantos problemas acarreta a todos e não somente àqueles que lá residem. Estas são colocações realistas contra a embromação e a mendacidade, quase sinônimo de hipocrisia. O prefeito Eduardo Paes deveria observar estes temas. Em vez de tentar demolir o elevado da Perimetral. Com isso, no lugar de expandir, ele faria o Rio retroceder.
Este o problema essencial. Neste ponto, importante comparar o que foi acertado na Rio-92 com o que foi cumprido realmente. Na teoria, se resolve tudo. Papel impresso e tela de computador não faltam. Falta é disposição de fazer. Há vinte anos, foram estabelecidos compromissos e meta. Quais tiveram consequência concreta? Aí é que está.
No Rio, por exemplo, um dos maiores fatores da poluição encontra-se nos ônibus. Trafegam 8 mil diariamente transportando 6 milhões de pessoas. Param, é claro, nos pontos finais.
O que acontece? Os motoristas não desligam o motor. Ficam assim, consumindo óleo diesel, durante o tempo de parada, desnecessariamente. O diesel é altamente poluidor. Um simples toque na chave de ignição resolveria o problema. Mas isso não ocorre. Outra coisa: em ônibus, caminhões, vans e automóveis particulares, há emissão de fumaça negra. Para conter tal envenenamento bastaria trocar o óleo de carter nas datas certas. Não é feito.
No Rio de Janeiro, o lixão de Gramacho foi extinto há cerca de trinta dias. Portanto duzentos e trinta e nove meses depois da Rio 92. Uma usina para industrializar o lixo foi projetada em 61, um dos primeiros projetos do governo Carlos Lacerda. Não saiu do papel.
Outra causa fundamental de poluição, claro, a maior de todas, é a falta de saneamento. Que sempre está ligada à favelização, ao baixo poder aquisitivo das populações. No Rio é galopante. Também em 1961, para um total de habitantes de 3 milhões, havia 300 mil moradores em favelas. Hoje a cidade possui 7 milhões de habitantes e 2 milhões e 300 mil residentes em favelas, cortiços e porões. Uma asfixia social gerando poluição. Só uma política forte de habitação pode resolver o desafio do saneamento. Caso contrário, as fossas do absurdo vão continuar substituindo os esgotos tratados.
E o que gerou, no Rio, tal favelização? A derrota dos salários diante da inflação do IBGE e também a falta da oferta de empregos ao nível do crescimento da população. Esta avança à velocidade de 1,2% ao ano. O emprego, evidente, deveria crescer pelo menos no mesmo ritmo. O Rio de Janeiro recebeu há alguns anos um financiamento japonês para despoluir a Baia da Guanabara. O que foi realizado? Nada. Ficou tudo para amanhã.
Ou melhor: para a Rio Mais Quarenta. Aliás, com a existência das favelas nas margens, os esforços para despoluir não podem ter sucesso. Voltamos ao problema social portanto. O ex-deputado Delfim Neto, quando ministro da Fazenda do governo Médici, chegou a sustentar a tese que primeiro deve-se crescer o bolo, para depois dividí-lo. Esta frase é de um absurdo completo. Depois de o bolo crescer, ninguém o divide.
Não estou afirmando que em partes iguais. Isso é humanamente impraticável. Mas pelo menos de forma capaz de suspender a corrida para os morros da insegurança cuja existência tantos problemas acarreta a todos e não somente àqueles que lá residem. Estas são colocações realistas contra a embromação e a mendacidade, quase sinônimo de hipocrisia. O prefeito Eduardo Paes deveria observar estes temas. Em vez de tentar demolir o elevado da Perimetral. Com isso, no lugar de expandir, ele faria o Rio retroceder.
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