Em todo caso, e como dado comparativo, é bom saber que a nossa primeira biblioteca, no Brasil, só “chegou” por aqui em 1808 com a vinda da familia real portuguesa quando da invasão em Portugal das tropas francesas napoleônicas.
Ou seja, devemos a nossa primeira biblioteca a Napoleão Bonaparte. Por mais de 300 anos ficamos sem conhecer biblioteca, mesmo sendo Portugal um país europeu, já tendo havido o renascimento na Europa, as primeiras grandes descobertas cientificas incluindo a prensa móvel de Gutemberg (na Biblioteca do Congresso americano se encontra uma das raras Bíblias impressa por Gutemberg), a revolução francesa, o iluminismo etc.
Esses dados mostram com uma lupa considerável, o tamanho do nosso atraso e o descaso com que o conhecimento e a educação sempre tiveram em nosso “mundo” coletivo e individual. Somos filhos da Contra-Reforma, o período mais negro da igreja católica apostólica e romana, com sua ideia contraria a tudo que cheirasse a reforma, democracia, progresso e educação laica. Um desastre.
Herdamos dos portugueses a noção de burocracia (lembram-se de Hélio Beltrão, o ministro da desburocratização? Só no Brasil para se criar um Ministério para desburocratizar os outros. Pode isso?), um Estado invasor e controlador da vida privada e outras sangrias. Mas parece que adoramos isso.
Nunca o slogan “o passado nos condena” se mostrou tão verdadeiro e real em nossa carga genética e cultural. Romper com esse passado é que é o difícil. É incrível. Bom, mas fiquei pensando nessas questões todas depois de me deparar com a frase da nossa presidente Dilma na Conferencia Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando disse:
“Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e adolescentes”.
Uma bela frase sem dúvida e quem pode desmenti-la? Mas o que o seu governo está fazendo de concreto para diminuir esse estado de coisas que ela me sma aponta? Será que a presidenta não saiu do palanque?
A questão não é o que o que se diz e sim o que se faz. E o que estamos vendo por todos esses séculos de descobrimento não passa de desrespeito e descaso permanente ao conhecimento e a educação, portanto, ao nosso futuro.
Incrível que tenha sido um judeu filho de um industrial, Stefan Zweig, quem escreveu o livro que quase consagra o país: “Brasil, o país do futuro” em 1941. Jesus. O interessante é que Zweig se suicidou exatamente no Brasil merecendo uma biografia de outro judeu, esse carioca Alberto Dines, intitulada “Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig”.
Somos um país aprisionado por um passado, sem entendê-lo e como consequência condenado a um sem futuro. Mas se quiseres uma fotografia três por quatro do nosso “futuro” basta entrar em qualquer biblioteca pública espelhada por esse país e verás o descaso. Teremos eleições para prefeito agora este ano, qual deles está preocupado com o nosso futuro? Será que teremos apenas promessas de campanha?
Laurence Bittencourt
18 de julho de 2012
(*) Fotomontagem: A capa e uma página, da raríssima Bíblia da Moguncia, impressa em 1462 por Johannem Fust e Petrum Schöffer, sócios de Gutenberg. Foi o primeiro livro impresso onde era citada a data, o local e nome dos impressores.
Ou seja, devemos a nossa primeira biblioteca a Napoleão Bonaparte. Por mais de 300 anos ficamos sem conhecer biblioteca, mesmo sendo Portugal um país europeu, já tendo havido o renascimento na Europa, as primeiras grandes descobertas cientificas incluindo a prensa móvel de Gutemberg (na Biblioteca do Congresso americano se encontra uma das raras Bíblias impressa por Gutemberg), a revolução francesa, o iluminismo etc.
Esses dados mostram com uma lupa considerável, o tamanho do nosso atraso e o descaso com que o conhecimento e a educação sempre tiveram em nosso “mundo” coletivo e individual. Somos filhos da Contra-Reforma, o período mais negro da igreja católica apostólica e romana, com sua ideia contraria a tudo que cheirasse a reforma, democracia, progresso e educação laica. Um desastre.
Nunca o slogan “o passado nos condena” se mostrou tão verdadeiro e real em nossa carga genética e cultural. Romper com esse passado é que é o difícil. É incrível. Bom, mas fiquei pensando nessas questões todas depois de me deparar com a frase da nossa presidente Dilma na Conferencia Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando disse:
“Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e adolescentes”.
Uma bela frase sem dúvida e quem pode desmenti-la? Mas o que o seu governo está fazendo de concreto para diminuir esse estado de coisas que ela me sma aponta? Será que a presidenta não saiu do palanque?
A questão não é o que o que se diz e sim o que se faz. E o que estamos vendo por todos esses séculos de descobrimento não passa de desrespeito e descaso permanente ao conhecimento e a educação, portanto, ao nosso futuro.
Incrível que tenha sido um judeu filho de um industrial, Stefan Zweig, quem escreveu o livro que quase consagra o país: “Brasil, o país do futuro” em 1941. Jesus. O interessante é que Zweig se suicidou exatamente no Brasil merecendo uma biografia de outro judeu, esse carioca Alberto Dines, intitulada “Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig”.
Somos um país aprisionado por um passado, sem entendê-lo e como consequência condenado a um sem futuro. Mas se quiseres uma fotografia três por quatro do nosso “futuro” basta entrar em qualquer biblioteca pública espelhada por esse país e verás o descaso. Teremos eleições para prefeito agora este ano, qual deles está preocupado com o nosso futuro? Será que teremos apenas promessas de campanha?
Laurence Bittencourt
18 de julho de 2012
(*) Fotomontagem: A capa e uma página, da raríssima Bíblia da Moguncia, impressa em 1462 por Johannem Fust e Petrum Schöffer, sócios de Gutenberg. Foi o primeiro livro impresso onde era citada a data, o local e nome dos impressores.
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