Nem a 2ª, a 3ª...
por Neil eu também vaio
Ferreira
A presidenta está escutando a 1ª, 2ª e 3ª vaias – e
as demais que virão, inexoráveis. É eloquente o protesto
– por enquanto só aqui e ali, que é como tudo começa.
Ela experimenta o sabor da Vaia Medalha de Ouro,
aplicada ao seu Criador no Pan do Rio. "Pai , afasta de mim esse cálice",
suplica ela ao seu Pai na política. "Cale-se Madrasta minha",
vaio eu com fervor. A eloquência enche de esperança a zelite que não
habita "o país dos mais de 80%", nem frequenta os aplaudidos
shows de música sertaneja .
Zelite, sabe-se, são todos os que não leem pela
cartilha da Novilíngua – "Nóis pesca us peixe" –, aprovada e
patrocinada pelo ex-Ministro da Educação, brimo Haddad,
ungido candidato a brefeito de Sumbaulo pelo Criador da presidenta.
As vaias são a nossa Marselhesa, o nosso alonsanfã,
le jour de gloire est arrivé; o nosso virundum Ipiranga as margens plácidas;
nossa canção, samba-canção, samba-enredo, marcha rancho, dor de cotovelo,
marchinha de carnaval, marcha da quarta-feira de cinzas, saudosa maloca, o
arnesto nos convidou, que braseiro que fornalha nem um pé de plantação; consta
nos Ovnis, no Pravda, na Vodca, está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer
um cartaz, serás o meu amor, serás a minha paz – e todas as obra-primas que
ouvi com essezovido qui a terra á di comê.
Lembro da Nara Leão, eterna musa, exibindo bem
abaixo da minissaia, estrategicamente modelada muito acima deles, os
"joelhos que cantam". Os mais jovens não
sabem o que é ter Nara como musa, não sabem o que perderam; se conformam,
forçados, com musiquinha axé e musinhas danielas mercurys e yvetes sangalos.
Sabem, no entanto, o que ganham escutando as vaias
que um dia destes testemunharam ou delas participaram e
de outras mais que virão, a 4ª puxando interminável fila, cada uma mais
estridente do que as outras, ninguém perde por esperar, se Deus, Jeová e Allah
quiserem (querem).
Assim falou o Zaratustra aqui; Nostradamus também
serve. Não sou o Apóstolo João, mas no meu Apocalipse, traduzido
"apocalipse" para seu real significado, "revelação"; nas minhas
Revelações, os sinais já são vistos como “nunca antes neçepaíz”, em todos os
Territórios, Estados, Comarcas, Municípios, Distritos, fazendas, sítios,
chácaras, quintais, terrenos baldios e Distrito Federal deste patropi, abençoá
porDê e buni pornaturê masqui belê, em feverê tem carná...
A presidenta, ao som das vaias presentes e futuras,
vislumbra o seu Armagedon, o fim dos seus tempos, ali na
virada da esquina, com a visão dos 7 Cavaleiros do Apocalipse em formação de
quadrilha. Lula, Sarney, Maluf, Dirceu, Cataratas, Genoino, Pallofi e o Leão do
Imposto de Renda (este não conta porque devorou sua montaria, a Fome) e suas
montarias Petismo, Petrobrás, Incompetência, Sindicalismo, Corrupção, Mensalão
e Mentira; atualizados, são 7.
Embaralham-se, trocam de caras e montarias para que
nunca sejam identificados; quem ora é um, ora é outro; o outro sempre pode ser
o um; cara de um focinho do outro, por secreta poção obrada pelo Advogado de
Todos os Diabos, Thomaz Bastos, mais poderoso em malfeitorias do que as Três
Bruxas de Macbeth, mais faminto de Poder do que a Lady Macbeth; suposto autor
da "Lei do Dinheiro Não Contabilizado", que salvou a pele do
fiel escravo Delúbio, bode respiratório de todos os demais bodes mensaleiros.
Especula-se que a cara de cansaço que a presidenta
ostenta e não mais consegue disfarçar, não é hora extra de
"trabalho", é paúra. A pobrezinha escutou seu Criador falar, para
gáudio dos seus áulicos, que "se ela não quiser se candidatar, volto em
14". Os sete cavalos relincharam de alegria, rindo como se estivessem
comemorando. Estavam.
Mas ela não quer largar o osso; a roê-lo
acostumou-se, digo sem prova, mas com convicção. Vai que a Criatura volte-se
contra o Criador, cumprindo a praxe da História da Humanidade.
Resta a ela encilhar nova Montaria, invisível, a
8ª, a Faxina, a ser montada pela Faxineira, também invisível. Ninguém as vê,
Faxina e Faxineira, inexistentes que são, tanto quanto são o marqueteiro
petróleo do Pré-Sal e a refinaria fantasma de Pernambuco.
Tudo indica que ela, ao
se atrever a montar, cairá do cavalo, empurrada, desconfio, pelo seu Criador
que, à sorrelfa, patrocina algumas vaias mais do que suspeitas.
RAUL DO PT FOI PEGO MOLHANDO AS MÃOS NAS ÁGUAS DO
CATARATA, NÃO MAIS CACHOEIRA. ESTE É MAIS UM PARÁGRAFO DESTA "NEVER ENDING
STORY".
Neil Ferreira é
publicitário
Fonte: Diário do Comércio, 18 de julho de 2012
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