"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 18 de julho de 2012

A PRIMEIRA VAIA A GENTE NUNCA ESQUECE.

                       Nem a 2ª, a 3ª...
por Neil eu também vaio Ferreira

A presidenta está escutando a 1ª, 2ª e 3ª vaias – e as demais que virão, inexoráveis. É eloquente o protesto – por enquanto só aqui e ali, que é como tudo começa.

Ela experimenta o sabor da Vaia Medalha de Ouro, aplicada ao seu Criador no Pan do Rio. "Pai , afasta de mim esse cálice", suplica ela ao seu Pai na política. "Cale-se Madrasta minha", vaio eu com fervor. A eloquência enche de esperança a zelite que não habita "o país dos mais de 80%", nem frequenta os aplaudidos shows de música sertaneja .

Zelite, sabe-se, são todos os que não leem pela cartilha da Novilíngua – "Nóis pesca us peixe" –, aprovada e patrocinada pelo ex-Ministro da Educação, brimo Haddad, ungido candidato a brefeito de Sumbaulo pelo Criador da presidenta.

As vaias são a nossa Marselhesa, o nosso alonsanfã, le jour de gloire est arrivé; o nosso virundum Ipiranga as margens plácidas; nossa canção, samba-canção, samba-enredo, marcha rancho, dor de cotovelo, marchinha de carnaval, marcha da quarta-feira de cinzas, saudosa maloca, o arnesto nos convidou, que braseiro que fornalha nem um pé de plantação; consta nos Ovnis, no Pravda, na Vodca, está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz, serás o meu amor, serás a minha paz – e todas as obra-primas que ouvi com essezovido qui a terra á di comê.

Lembro da Nara Leão, eterna musa, exibindo bem abaixo da minissaia, estrategicamente modelada muito acima deles, os "joelhos que cantam". Os mais jovens não sabem o que é ter Nara como musa, não sabem o que perderam; se conformam, forçados, com musiquinha axé e musinhas danielas mercurys e yvetes sangalos.

Sabem, no entanto, o que ganham escutando as vaias que um dia destes testemunharam ou delas participaram e de outras mais que virão, a 4ª puxando interminável fila, cada uma mais estridente do que as outras, ninguém perde por esperar, se Deus, Jeová e Allah quiserem (querem).

Assim falou o Zaratustra aqui; Nostradamus também serve. Não sou o Apóstolo João, mas no meu Apocalipse, traduzido "apocalipse" para seu real significado, "revelação"; nas minhas Revelações, os sinais já são vistos como “nunca antes neçepaíz”, em todos os Territórios, Estados, Comarcas, Municípios, Distritos, fazendas, sítios, chácaras, quintais, terrenos baldios e Distrito Federal deste patropi, abençoá porDê e buni pornaturê masqui belê, em feverê tem carná...

A presidenta, ao som das vaias presentes e futuras, vislumbra o seu Armagedon, o fim dos seus tempos, ali na virada da esquina, com a visão dos 7 Cavaleiros do Apocalipse em formação de quadrilha. Lula, Sarney, Maluf, Dirceu, Cataratas, Genoino, Pallofi e o Leão do Imposto de Renda (este não conta porque devorou sua montaria, a Fome) e suas montarias Petismo, Petrobrás, Incompetência, Sindicalismo, Corrupção, Mensalão e Mentira; atualizados, são 7.

Embaralham-se, trocam de caras e montarias para que nunca sejam identificados; quem ora é um, ora é outro; o outro sempre pode ser o um; cara de um focinho do outro, por secreta poção obrada pelo Advogado de Todos os Diabos, Thomaz Bastos, mais poderoso em malfeitorias do que as Três Bruxas de Macbeth, mais faminto de Poder do que a Lady Macbeth; suposto autor da "Lei do Dinheiro Não Contabilizado", que salvou a pele do fiel escravo Delúbio, bode respiratório de todos os demais bodes mensaleiros.

Especula-se que a cara de cansaço que a presidenta ostenta e não mais consegue disfarçar, não é hora extra de "trabalho", é paúra. A pobrezinha escutou seu Criador falar, para gáudio dos seus áulicos, que "se ela não quiser se candidatar, volto em 14". Os sete cavalos relincharam de alegria, rindo como se estivessem comemorando. Estavam.

Mas ela não quer largar o osso; a roê-lo acostumou-se, digo sem prova, mas com convicção. Vai que a Criatura volte-se contra o Criador, cumprindo a praxe da História da Humanidade.

Resta a ela encilhar nova Montaria, invisível, a 8ª, a Faxina, a ser montada pela Faxineira, também invisível. Ninguém as vê, Faxina e Faxineira, inexistentes que são, tanto quanto são o marqueteiro petróleo do Pré-Sal e a refinaria fantasma de Pernambuco.

Tudo indica que ela, ao se atrever a montar, cairá do cavalo, empurrada, desconfio, pelo seu Criador que, à sorrelfa, patrocina algumas vaias mais do que suspeitas.

RAUL DO PT FOI PEGO MOLHANDO AS MÃOS NAS ÁGUAS DO CATARATA, NÃO MAIS CACHOEIRA. ESTE É MAIS UM PARÁGRAFO DESTA "NEVER ENDING STORY".

Neil Ferreira é publicitário
Fonte: Diário do Comércio, 18 de julho de 2012

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