"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 18 de julho de 2012

A CANDIDEZ DE BELISÁRIO BETANCUR


Internacional - América Latina


O caminho do diálogo com as guerrilhas marxistas durante a presidência de Betancur não foi outra coisa que o fortalecimento terrorista das mesmas.
A frase “aquele que não conhece a história está condenado a repeti-la”, lê-se com bastante freqüência nos meios de comunicação escritos, graças aos contatos que o governo de Juan Manuel Santos adianta sub-repticiamente com o bando narco-terrorista marxista FARC, braço armado do Partido Comunista Colombiano (PCC), para um eventual “diálogo de paz”. A frase parece que proporciona o antídoto eficaz para não voltar a cometer erros no presente e no futuro. Por outro lado, mostra como se tudo o que ficou atrás fossem tão-somente erros e nada positivo valesse a pena se repetir. Sem dúvida, um exame do passado deve ser pesado pois com certeza haverá experiências positivas que sejam dignas de repetir. Não obstante, conhecer a história não é antídoto eficaz para evitar estar condenado a repeti-la, pois também é o caso daquele que mesmo conhecendo a história está condenado a repeti-la ou, ao menos, recomendando a repeti-la em seus aspectos mais funestos.
Este é o caso do ex-presidente da República Belisario Betancur Cuartas (1982-1986). Em uma recente visita a Madri, Espanha, onde interveio em um painel sobre a influência da constituição de Cádiz na América Latina, organizado pela Fundação para a Análise e os Estudos Sociais (FAES), o ex-mandatário ofereceu algumas declarações acerca das FARC [1]. Lá ele expressou seu desejo de que as FARC atuem de “boa-fé” no abandono do seqüestro como estratégia de negociação. Betancur apontou que as desigualdades, as injustiças e a ausência de educação foram o “caldo de cultura dos movimentos subversivos” em toda a América Latina. E que em seu governo, embora, segundo Betancur, com erros e imaturidade - como crer nas promessas dos grupos marxistas de abandonar a violência - abriu-se o caminho do diálogo que é o “único caminho e não a repressão militar”.
Essas declarações não deixam de causar estupor pela ingenuidade com que ele as expressa. Acerca da “boa-fé” das FARC, que prometem deixar o seqüestro, não é mais do que uma ilusão vã. Por que acreditar nas palavras de uns assassinos, quando seus atos são contrários ao prometido? Só basta que as FARC deixem de seqüestrar? Isso é exigir-lhes o mínimo! Durante a presidência de Belisario Betancur as FARC sempre negaram que seqüestrassem. Basta ler o livro “Cesse el fuego” (1985) de Luis Alberto Morantes Jaimes, cognome “Jacobo Arenas”, - escritor habitual do semanário “Voz” do PCC nos anos 60 e posterior hierarca das FARC - onde ele nega rotundamente que as FARC levassem a cabo os seqüestros. Mais de um caiu na conversa. Belisario, nessa ocasião, confiou na “boa-fé” das FARC, e as ilusões logo deixaram ver que eram isso: ilusões.
Belisario Betancur, talvez sem querer, valida as ações das guerrilhas marxistas ao afirmar que as desigualdades são o caldo de cultura da subversão na América Latina. Essa mentira básica do marxismo é a mesma reivindicação que fazem os grupos guerrilheiros, os diversos partidos comunistas e a esquerda: a violência é a “resposta legítima” às desigualdades. Não deixa de ser contraditório que Belisario Betancur confie na “honorabilidade” das FARC de abandonar o seqüestro e, ao mesmo tempo, valide a explicação dos diferentes grupos guerrilheiros acerca de que a pobreza ou a desigualdade social sejam as “causadoras” da violência.
O caminho do diálogo com as guerrilhas marxistas durante a presidência de Betancur não foi outra coisa que o fortalecimento terrorista das mesmas: as distintas guerrilhas incrementaram suas ações que, com a criação da Coordenadora Nacional Guerrilheira Simón Bolívar (CNGSB), que congregava ao menos seis grupos guerrilheiros, aumentaram suas ações violentas. Do mesmo modo, embora não tivessem integrado a CNGSB no começo, as FARC tentaram ficar com o controle dela enquanto continuavam seqüestrando. A coroação desses “exitosos” diálogos de paz foi o assalto ao Palácio da Justiça por parte do bando terrorista M-19, em associação com o Cartel de Medellín. Nas conversações de paz do governo Betancur não houve imaturidade, pois desde diversos setores advertiram insistentemente ao então presidente acerca do inconveniente de adiantar conversações com esses agrupamentos terroristas marxistas. A possibilidade de ser postulado ao prêmio Nobel da Paz fechou os ouvidos de Belisario Betancur.
Sem sombra de dúvida, como manifestei em outro artigo: “as FARC são uma guerrilha perigosa, porém são muitíssimo mais perigosos os políticos que afirmam que deve-se dialogar com esse grupo terrorista comunista” [2].
Carlos Alberto Romero Sánchez
18 de julho de 2012
Notas:
Tradução: Graça Salgueiro

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