Internacional - América Latina
O caminho do diálogo com as guerrilhas marxistas
durante a presidência de Betancur não foi outra coisa que o fortalecimento
terrorista das mesmas.
A frase “aquele que não conhece a
história está condenado a repeti-la”, lê-se com bastante freqüência nos
meios de comunicação escritos, graças aos contatos que o governo de Juan Manuel
Santos adianta sub-repticiamente com o bando narco-terrorista marxista FARC,
braço armado do Partido Comunista Colombiano (PCC), para um eventual “diálogo
de paz”. A frase parece que proporciona o antídoto eficaz para não voltar a
cometer erros no presente e no futuro. Por outro lado, mostra como se tudo o
que ficou atrás fossem tão-somente erros e nada positivo valesse a pena se
repetir. Sem dúvida, um exame do passado deve ser pesado pois com certeza
haverá experiências positivas que sejam dignas de repetir. Não obstante,
conhecer a história não é antídoto eficaz para evitar estar condenado a
repeti-la, pois também é o caso daquele que mesmo conhecendo a história está
condenado a repeti-la ou, ao menos, recomendando a repeti-la em seus aspectos
mais funestos.
Este é o caso do
ex-presidente da República Belisario Betancur Cuartas (1982-1986). Em uma
recente visita a Madri, Espanha, onde interveio em um painel sobre a influência
da constituição de Cádiz na América Latina, organizado pela Fundação para a
Análise e os Estudos Sociais (FAES), o ex-mandatário ofereceu algumas
declarações acerca das FARC [1]. Lá ele
expressou seu desejo de que as FARC atuem de “boa-fé” no abandono do seqüestro
como estratégia de negociação. Betancur apontou que as desigualdades, as
injustiças e a ausência de educação foram o “caldo de cultura dos movimentos
subversivos” em toda a América Latina. E que em seu governo, embora,
segundo Betancur, com erros e imaturidade - como crer nas promessas dos grupos
marxistas de abandonar a violência - abriu-se o caminho do diálogo que é o “único
caminho e não a repressão militar”.
Essas declarações
não deixam de causar estupor pela ingenuidade com que ele as expressa. Acerca
da “boa-fé” das FARC, que prometem deixar o seqüestro, não é mais do que uma
ilusão vã. Por que acreditar nas palavras de uns assassinos, quando seus atos
são contrários ao prometido? Só basta que as FARC deixem de seqüestrar? Isso é exigir-lhes
o mínimo! Durante a presidência de Belisario Betancur as FARC sempre negaram
que seqüestrassem. Basta ler o livro “Cesse el fuego” (1985) de Luis Alberto Morantes Jaimes, cognome
“Jacobo Arenas”, - escritor habitual do semanário “Voz” do PCC nos anos
60 e posterior hierarca das FARC - onde ele nega rotundamente que as FARC
levassem a cabo os seqüestros. Mais de um caiu na conversa. Belisario, nessa
ocasião, confiou na “boa-fé” das FARC, e as ilusões logo deixaram ver que eram
isso: ilusões.
Belisario Betancur,
talvez sem querer, valida as ações das guerrilhas marxistas ao afirmar que as
desigualdades são o caldo de cultura da subversão na América Latina. Essa
mentira básica do marxismo é a mesma reivindicação que fazem os grupos
guerrilheiros, os diversos partidos comunistas e a esquerda: a violência é a
“resposta legítima” às desigualdades. Não deixa de ser contraditório que
Belisario Betancur confie na “honorabilidade” das FARC de abandonar o seqüestro
e, ao mesmo tempo, valide a explicação dos diferentes grupos guerrilheiros
acerca de que a pobreza ou a desigualdade social sejam as “causadoras” da
violência.
O caminho do diálogo
com as guerrilhas marxistas durante a presidência de Betancur não foi outra
coisa que o fortalecimento terrorista das mesmas: as distintas guerrilhas
incrementaram suas ações que, com a criação da Coordenadora Nacional
Guerrilheira Simón Bolívar (CNGSB), que congregava ao menos seis grupos
guerrilheiros, aumentaram suas ações violentas. Do mesmo modo, embora não tivessem
integrado a CNGSB no começo, as FARC tentaram ficar com o controle dela
enquanto continuavam seqüestrando. A coroação desses “exitosos” diálogos de paz
foi o assalto ao Palácio da Justiça por parte do bando terrorista M-19, em
associação com o Cartel de Medellín. Nas conversações de paz do governo
Betancur não houve imaturidade, pois desde diversos setores advertiram
insistentemente ao então presidente acerca do inconveniente de adiantar
conversações com esses agrupamentos terroristas marxistas. A possibilidade de
ser postulado ao prêmio Nobel da Paz fechou os ouvidos de Belisario Betancur.
Sem sombra de
dúvida, como manifestei em outro artigo: “as FARC são uma guerrilha perigosa, porém são muitíssimo mais
perigosos os políticos que afirmam que deve-se dialogar com esse grupo
terrorista comunista” [2].
Carlos Alberto Romero Sánchez
18 de julho de 2012
Notas:
[1] Ler as
declarações de Belisario betancur em: http://www.elheraldo.co/noticias/nacional/me-hago-ilusion-de-que-las-farc-actuan-de-buena-fe-belisario-betancur-73232 e http://www.intereconomia.com/noticias-gaceta/internacional/%E2%80%9C-expolio-ypf-un-error-historico-e-histerico-argentina%E2%80%9D-20120708.
Tradução: Graça Salgueiro
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