Até o dia de ontem, Andressa Mendonça vinha sendo citada não apenas como a musa da CPI do Cachoeira, na qualidade de esposa do bicheiro, mas também como uma esperta e habilidosa participante dos esquemas criminosos da quadrilha. Subitamente, teve um ataque de burrice, tentando subornar o juiz Alberico Rocha Santos que, em Goiânia, conduz o processo da Operação Monte Carlo. Trancou-se com o mesmo no seu gabinete e ofereceu R$ 100 mil ao magistrado para que aliviasse nas acusações e deixasse o chefe da quadrilha responder processo em liberdade. Escreveu no papel, que agora é prova do achaque, o nome de três envolvidos que teriam ligações com o juiz e cujos nomes seriam revelados em um dossiê que ela liberaria. E sabem quem teria feito o dossiê, segundo a bela? A revista Veja.
A acusação não faz o menor sentido. Comecemos pelo fim, pelo dossiê. Por que a Veja faria um dossiê para atacar um juiz de direito que nem estava no caso inicialmente, que é um substituto? Para quem não lembra, o juiz Alberico foi nomeado para o lugar do juiz Paulo Moreira Lima, que saiu do caso ameaçado de morte. Isso ocorreu no final de junho. Ora, em trinta dias a Veja faria um dossiê contra um juiz para impedir que ele julgasse Carlinhos Cachoeira? Pobre do Policarpo, que não consegue trabalhar desde que a gangue do PT resolveu atacá-lo com uma sequência de mentiras sórdidas. É um absurdo e uma armação imbecil, assim como a lista fraudulenta publicada pela Carta Capital. Que interesse a Veja teria em libertar Carlinhos Cachoeira, jogando no lixo a sua credibilidade de maior revista de informação do país? É como diz Dora Kramer, hoje, no Estadão:
A não ser presumivelmente a ilusão de que poderia levar o juiz na conversa mal ajambrada sobre a existência de um dossiê a ser publicado com acusações contra ele, sugerindo um conluio entre a revista Veja e as organizações Cachoeira de armações ilimitadas. Um blefe tão óbvio quanto a impossibilidade de um veículo de comunicação que vive de credibilidade jogar esse ativo no lixo para servir deliberadamente como instrumento de chantagem e, consequentemente, de repasto à mesa dos detratores de plantão sempre ávidos de uma oportunidade.
Agora vejam outro absurdo. A esposa do bandido disse ao juiz que tinha uma foto dele com a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). E daí? E se tivesse vinte fotos? O juiz Alberico trabalhou por muitos anos na Justiça Federal do Tocantins, sendo perfeitamente normal que apareça ao lado de uma senadora da República, de uma presidente de sindicato rural e de uma líder ruralista daquele estado. Impossível é achar Cachoeira em foto ao lado de um juiz. Mas a chantagista mentirosa vai mais longe. Afirma que Kátia Abreu não saía da casa de Cachoeira para pedir dinheiro para campanhas. Ora, se assim fosse, a senadora teria chamado o bandido de chefe de quadrilha durante a CPI, de múmia, de estar ali apenas para ouvir as acusações e preparar a sua defesa, permanecendo em silêncio? Ou a senadora teria mantido silêncio? Obviamente, trata-se de uma vingança vil da musa da bandidagem. Vamos ver se ela sustenta o que disse durante a CPI ou se vai sair de lá algemada por acusar uma senadora da República sem provas. Vejam o que disse a senadora:
"Não tenho um pingo de medo dele. Não ando mal acompanhada. Todo mundo em Goiás sabe que ele é um contraventor. E, se ele for à CPI novamente, vou tratá-lo com a mesma dureza"
Mas a pantomima fica mais clara quando a esgotosfera e a sua fonte de informação privilegiada, o vice-presidente da CPI, deputado petista Paulo Teixeira (SP) afirma que agora está comprovado a ligação da Veja com Carlinhos Cachoeira. É o que está publicado em órgãos chapa-branca como o Brasil 247:
De acordo com o deputado Paulo Teixeira, vice-presidente da Comissão, o fato prova a relação entre o jornalista e o grupo de Cachoeira. “Com os acontecimentos, está colocada a relação do jornalista com a organização criminosa”, afirmou. “Já iremos discutir a convocação na primeira reunião da CPMI”.
Que relação existe, cara de pau? Um juiz diz que uma criminosa disse que havia um dossiê, mas não mostra nada e onde está a prova? Mas o esquema de difamação e calúnia segue o mesmo roteiro. A notícia é repercutida no Conversa Afiada, no Nassif, na Maria Frô, no Cidadania, em toda a rede dos "blogs progressistas", aquela turma que progride à base dinheiro público ou do mensalão a ela pago para que ataque a Imprensa, a Justiça e a Democracia, e defenda a Sofisticada Organização Criminosa na qual o PT foi transformado, segundo os autos do processo.
Resumo da ópera? Andressa Cachoeira foi cooptada pela quadrilha para executar um plano muito simples: armar uma tentativa de chantagem usando o nome da Revista Veja, para que esta seja convocada para depor na CPI. Não será surpresa se, dentro dos computadores apreendidos na casa da musa da quadrilha, for encontrado o tal dossiê, montado pela mesma gangue que falsificou a Lista de Furnas, o livro Privataria Tucana e a recente lista fraudulenta publicada pela Carta Capital. Não se espantem se o tal dossiê virar capa da revista do Mino Carta na próxima edição. De todo este episódio, a única prova que fica escancarada é que a quadrilha do Mensalão continua viva, agora associada à quadrilha do Cachoeira, com um único objetivo: melar o julgamento do maior crime de corrupção da história deste país, que começa na próxima quinta-feira.
31 de julho de 2012
in coroneLeaks
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