O comentário de hoje não poderia ser outro que não a polêmica publicação da revista Carta Capital de um documento, supostamente atribuído ao advogado de Marcos Valério, onde seriam citados diversos nomes como receptores dos recursos oriundos do esquema criminoso montado por José Dirceu e pelo PT. Entre esses nomes estão elencados o do Ministro do STF Gilmar Mendes (como membro da AGU) – Advocacia Gera da União – e do Senador Delcídio do Amaral (PT/MS) – Ex-presidente da CPI dos Correios.
Mas, estranhamente, o que a publicação da matéria deixa de dizer é que a mesma lista foi oferecida a diversos outros órgãos de imprensa sem que estes demonstrassem o mesmo interesse em publicá-la. Um militante mais apressado diria logo que isso é óbvio por se tratar da “Grande Mídia Golpista”, do “PIG”, do “IG” e outras boçalidades repetidas como mantas por essa gente que se recusa a ver o que está diante de seus olhos.
Mesmo sabendo que a imprensa brasileira é mesmo infestada por correntes ideológicas e se presta a mascarar, aqui e ali, uma matéria de acordo com seus desejos político-partidários (ou pior, seus interesses financeiros), a publicação da Carta Capital tem todos os ingredientes de farsa ensaiada para pressionar os ministros do STF, em especial Gilmar Mendes, porque apresenta incongruências e mentiras óbvias que não sobrevivem a uma simples pesquisa no Google.
A primeiro erro fundamental no documento apresentado se refere a principal personalidade apontada como beneficiário do esquema de Marcos Valério: Gilmar Mendes. Ora, ele é citado como membro da AGU no documento e, na data em que o tal documento foi escrito ele era um “reles” subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil.
Mesmo assumindo que se ventilasse, na época, a possibilidade de que ele assumisse o cargo na AGU no futuro; é preciso que o autor do documento tenha poderes mediúnicos para dar como certa uma nomeação com quase um ano de antecedência. Ainda mais no pleno reinado do “toma-lá-dá-cá” que era o governo de FHC, onde as nomeações eram decididas momento a momento.
O outro ponto que leva o leitor mais preocupado a uma verdadeira sinuca de bico é o fato do Senador Dulcídio do Amaral ser citado como beneficiário do esquema. Fica estranho imaginar o senador petista coletando recursos para pagar despesas da campanha de 1988, em um possível caixa dois, quando na verdade só sairia candidato PELA PRIMEIRA VEZ em 2002. Aqui neste ponto, nem mesmo se um médium vindo diretamente do Cacique Cobra Coral tivesse redigido o documento resolveria o problema. Só mesmo com o uso de uma máquina do tempo.
Diante de tudo isso fica difícil dar qualquer tipo de credibilidade a matéria publicada pela Carta Capital e, ainda mais, a própria revista. O mais triste nisso tudo é que publicações de longa data e tidas como sérias se deixam influenciar meramente pela cegueira ideológica e passam a servir aos maus. Passam a dar eco anseios dos corruptos, dos perdulários e dos criminosos que infestam a nossa política.
Longe da mera disputa ideológica, essas revistas, alguns blogs e outros meios de comunicação de massa, passaram a agir como arautos da cegueira e da alienação. Além disso, em nome de interesses meramente financeiros e inconfessáveis, passaram torcer pela vitória dos maus como forma de verem perpetrados seus benefícios e todo o “status quo” que os mantém rentáveis.
Se esqueceram de que por mais “vermelho”, “azul” ou “roxo” que você seja; é a verdade dos fatos que deve pautar qualquer publicação.
Quem, em sã consciência, pode negar que houve um mensalão e que este foi um esquema patrocinado e abraçado por altas figuras do PT? Quem pode negar o fato de que alguém vivendo exclusivamente do salário oriundo de cargos públicos jamais poderá juntar uma fortuna superior a dois bilhões de dólares se for honesto? Quem pode negar o fato de que ninguém sai de um cargo de estagiário e se torna um dos homens mais ricos do país, em menos de dois anos, de forma lícita?
Quem pode negar o fato de que nunca antes na história “dessepaís” tenhamos vivido um momento tão podre e tão regado a desesperança e corrupção em matéria de política partidária?
Você pode?
31 de julho de 2012
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