Vídeo com fuzilamento de uma mulher acusada de adultério relança debate sobre a condição feminina no Afeganistão
A prisioneira está sentada de costas, ao ar livre. Atrás dela, homens se reúnem. Um deles se coloca a pouco mais de um metro da mulher e diz: “Não podemos perdoá-la. Deus pede para que a executemos. Juma Khan, seu marido, tem direito de matá-la”.
Seguem-se tiros. Duas balas se perdem, enquanto outra atinge a cabeça. A mulher cai fuzilada e provavelmente morta, mas isto não impede que seu carrasco atire mais uma meia-dúzia de vezes contra seu corpo.
O vídeo foi filmado em uma pequena cidade do Afeganistão, a 60 km de Kabul. A mulher estava sendo acusada de adultério. Segundo seus carrascos, ela havia desaparecido por um mês com seu amante.
Durante a execução, a plateia composta apenas por homens parece assistir a tudo com satisfação – alguns registram o momento com seus celulares. Agora, estas imagens circulam o mundo, provocando um debate em torno da condição feminina no Afeganistão.
O governo da província de Parwar – onde aconteceu o crime – culpa os talibãs pela morte da mulher. A vítima foi identificada como Najiba, uma mulher casada, de 22 anos. Ela teria sido julgada em apenas uma hora pelos talibãs.
Crimes contra mulheres são relatados todos os meses no Afeganistão, especialmente nas zonas rurais, onde a tradição ainda rege os costumes. Segundo a ONG Oxfam, 87% das afegãs afirmam terem sido submetidas a violências físicas, sexuais ou psicológicas e casamento forçado. Nas grandes cidades, onde é sensível a influência da coalizão da Otan, presente desde o fim de 2001, o progresso é palpável.
09 de julho de 2012
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