"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 9 de julho de 2012

OS CURANDEIROS NO COMANDO DA ECONOMIA ACHAM QUE UFANISMO RASTAQUERA CURA CRISE


Os curandeiros no comando da economia acham que ufanismo rastaquera cura crise
Desarticulação e ineficácia, resume o título do editorial do Estadão que analisou, neste domingo, o que tem feito o governo (ou deixado de fazer) desde que foi confrontado com as sombras que escurecem o horizonte da economia. Além de números fornecidos por organismos oficiais, o texto se vale também de análises feitas por especialistas ligados à administração federal para mostrar que o Planalto se recusa a enxergar o tamanho do perigo.

“A política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas, pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se encontrem estratégias de longo prazo”, adverte Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. “As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado. Estamos perdendo o foco da política econômica”, inquieta-se o especialista do IPEA.

Entre outros espantos, a sigla inventou a fórmula milagreira que permite a um brasileiro pobre entrar na classe média sem sair da pobreza. Pois nem os economistas do IPEA conseguem engolir sem engasgos o otimismo tatibitate de Dilma Rousseff e a numerologia embusteira de Guido Mantega.

Como o mestre Lula, os dois discípulos acreditam que ufanismo rastaquera cura crise. A cada sinal de perigo, a presidente recita que com o Brasil ninguém pode. A cada trinta dias, o ministro da Fazenda repete que o mês não cumpriu o combinado, mas o próximo será bem melhor, embora não tão bom quanto o seguinte.

Neste fim de semana, contra todas as evidências, Lula, Dilma e Mantega voltaram a receitar aos brasileiros outra dose de paciência. É só uma questão de tempo, garantiu o coro dos contentes.
As medidas de estímulo à economia adotadas pelo governo vão dar certo. Há 18 anos, quando apareceram os primeiros efeitos positivos do Plano Real, a mesma trinca também achou que era só uma questão de tempo: tudo iria dar errado.

O Brasil já atravessou zonas de turbulência econômica até sem piloto. O problema agora é o excesso de fanfarrões na cabine. Sobram comandantes de araque. Falta plano de voo.

09 de julho de 2012
Augusto Nunes

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