"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 9 de julho de 2012

UM ARTIGO DE HÉLIO FERNANDES

Para tentar diminuir as saudades de Helio Fernandes, um artigo maravilhoso
O comentarista Carlos Cazé nos mandou um artigo de Helio Fernandes, publicado há alguns anos na Tribuna da Imprensa, quando ainda circulava como jornal.
A também comentarista Viviane Ramos logo se ofereceu para digitar o importante texto, cuja primeira parte postamos agora, concluindo a segunda parte amanhã.
Algumas pessoas citadas já passaram desta para melhor, mas isso nao diminui a importância do artigo, que ajuda também a gente a matar um pouco as saudades de Helio Fernandes, enquanto continua torcendo para ele se animar e voltar logo a escrever.

ELITES PODRES VENDEM O BRASIL

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo, em termos de recursos minerais, terras férteis e clima favorável para a agricultura. No entanto, nosso imenso e generoso país abriga a maior concentração de pobres do Ocidente. Como explicar este enigma?

Será que os brasileiros são inferiores a outros povos, menos favorecidos pela natureza, porém muito mais ricos? Ou será que a explicação reside nas chamadas “elites empresariais” brasileiras, estas sim inferiores, por serem preguiçosas, corruptas e traidoras? Como funciona a transferência de nossas riquezas para povos que já são ricos, num processo que só faz empobrecer contínua e progressivamente o povo brasileiro?

Será que as “elites empresariais e políticas”, que detêm o poder, têm legitimidade para decidir coisas importantes, em nome da massa de miseráveis que forma a esmagadora maioria da população? Será que essas “elites empresariais e políticas” não seriam melhor chamadas de elites podres (Roberto Marinho, Olavo Setúbal, Adolf Bloch, José Eduardo Andrade Vieira, Carlos Eduardo não-sei-de-que e Mário Amato da CNI e da FIESP)?

Além de gente como Langoni; Galvêas; Citsimonsen; Delfim Neto; Calmon de Sá (o ex-presidente do Banco do Brasil que passou um cheque sem fundos, e foi “promovido” a ministro da Indústria), e outros pigmeus, que no exercício de altas funções públicas, traem os interesses da coletividade, em benefício das “elites podres”, que lhes pagam propinas diretas e indiretas.

Ou em benefício próprio, para acumular patrimônios que nunca acumulariam como empresários privados, como Pratini de Morais, ACM, Eliezer Batista, Roberto Matogrosso Campos, Marcílio Marques Moreira da Silva, Maílson Simbrega da Nóbrega, etc. Para não falar nos eternos “advogados-hienas”.

Nem nos “empresários-abutres” (como Márcio Fortes, Ronaldo César Coelho, Rubem Medina, Ivan “Capone” Botelho, Roberto “BNDES” Lima Neto, Sérgio Quintella e muitos outros), que estão sempre arquitetando “jogadas geniais” para transferir patrimônio público para ”investidores” corruptos, que nunca investem seu próprio dinheiro em nenhuma atividade produtiva e útil para a sociedade.

As respostas para o enigma da miséria brasileira são conhecidas. Foram minuciosamente estudadas há muitos anos, por intelectuais que honram a inteligência brasileira. E que, na verdade, constituem nossas verdadeiras elites. São homens como Sérgio Buarque de Hollanda, Caio Prado Júnior, Antônio Cândido, Carlos Guilherme Motta, Bóris Fausto, Celso Furtado etc. E mais recentemente, Alfredo Bosi, Jurandir Freire Costa e tantos outros. São as elites boas.

É claro que sempre há os oportunistas e aproveitadores, que cortejam e penetram nas elites esclarecidas, movidos pela vaidade e ambição do poder. Uma vez atingido o poder e as honrarias do cerimonial, os aproveitadores transferem-se de bom grado para as “elites podres”, pois é aí que está sua vocação.

E passam a trair covardemente os ideais de justiça social que fingiam professar, como artifício para chegar ao poder. Transformam-se da noite para o dia em serviçais do patronato e dos testas-de-ferro locais. E o que é pior: dos grandes grupos e bancos estrangeiros, que há décadas espoliam as riquezas do Brasil, deixando o povo cada vez mais miserável.

HÉLIO FERNANDES


                                                                          AMANHÃ

                                           EXEMPLO DE TRAIDOR DA PÁTRIA: FHC

09 de julho de 2012

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