Paris, 12 jul (EFE).- A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) denunciou nesta quinta-feira o que qualificou de 'monopólio' dos meios de comunicação públicos no Paraguai e disse que no país reina um 'clima de tensão e de intimidações' contra a categoria jornalística.
'Três semanas depois do golpe parlamentar que derrubou o presidente Fernando Lugo, em 22 de junho de 2012, um clima de tensão e de intimidações reina entre os meios de comunicação públicos', afirmou a RSF de sua sede em Paris, em comunicado.
A organização informou que 'a aparente trégua imposta pela visita do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em 2 e 3 de julho passado, não durou' e acrescentou que 'inevitavelmente, a liberdade de informação sofrerá com as pressões contra jornalistas e especialmente um nicho da categoria conhecido por sua oposição à ofensiva parlamentar de 22 de junho'.
'Os fatos que chegam a nós demonstram, infelizmente, a intenção de tomar o controle do serviço público de comunicação com um objetivo claro: minimizar ao máximo as condições e consequências da destituição de Lugo'.
A RSF falou em 'manobras para pôr de lado jornalistas considerados incômodos, e mesmo para censurar parcialmente alguns programas'. A ONG também falou em defesa das 'garantias constitucionais' em matéria de liberdade de imprensa.
Outro aspecto dos meios de comunicação públicos criados sob o mandato de Lugo foi abordado: seriam 'alvo estratégico para o novo poder' e 'constituíram ao mesmo tempo, desde 22 de junho, o núcleo de concentração das mobilizações civis contra o golpe parlamentar', ainda segundo a organização internacional.
'A tensão', de acordo com a RSF, 'muito forte no interior, também é percebida na programação no ar'. Um exemplo seria o programa da 'Radio Nacional' 'Ape há Pepe' ('aqui e lá', em guarani), em que participam paraguaios que vivem no exterior, que foi suspenso em 23 de junho e voltou ao ar uma semana depois.
Também foi citado o programa 'Microfone Aberto', da 'TV Publica', e o programa 'Rede Publica', da 'Radio Nacional', e a ONG acrescentou que 'a rádio pública 'ZP 12' de Pilar, fechada desde 24 de junho, oficialmente devido a um corte de eletricidade, pôde voltar ao ar o 11 de julho, após a reparação de sua equipe'.
A RSF se referiu à Lei de Telecomunicações e considerou que 'diversas modificações recentes poderiam afetar o futuro das rádios comunitárias, que possuem poucos recursos e com frequência esperam uma licença de difusão'.
12 de julho de 2012
EFE
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