VITAMINAS DO PODER
Quando Juscelino, em 1959, depois de romper com o Fundo Monetário Internacional (FMI), estava fazendo a reforma do ministério, Horácio Lafer teve um enfarte e foi internado no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio. JK foi visitá-lo e o encontrou todo cheio de fios, numa tenda de oxigênio.
- Horácio, vim aqui visitá-lo e dizer a você, em homenagem a D. Mimi, que resolvi poupá-lo. Você seria meu ministro do Exterior, mas fique tranqüilo que não exigirei esse esforço de você.
Lafer, os olhos de repente iluminados, chamou a mulher, arrancou aqueles fios todos e sentou-se na cama:
- Juscelino, você está enganado. Eu não estou morrendo não. Estou apenas fazendo um check-up.
Aceito o convite e vou assumir o ministério.
Ficou bom, assumiu e viveu mais seis anos. Foi a vitamina do poder.
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COELHO DA PÁSCOA
Nos primeiros dias de abril de 64 o “Comando Revolucionário “mandou a São Paulo, em um fim de semana, os coronéis Martinelli e Igrejas, líderes da chamada “linha dura”, para exigirem do governador Ademar de Barros a reforma total do secretariado. Ademar, ainda mais matreiro do que gordo, imaginou sair de banda:
- Quer dizer que é para trocar alguns auxiliares, não, coronéis?
- Alguns, não, governador, todos.
- Mas todos, como? Eles são revolucionários da primeira hora. De quem é mesmo a recomendação?
- É do Alto Comando, governador. E não é recomendação, é ordem.
Ademar mudou de tom:
- Quanto os senhores ganham, coronéis? A vida está cara, muito difícil, o Jango inflacionou tudo, os militares estão sacrificados, não e’?
- Isto é problema nosso, governador. O assunto é outro.
Ademar puxou uma gaveta, tirou dois envelopes cheinhos de notas de mil cruzeiros e sorriu:
- Posso dar-lhes um presente, coronéis?
Martinelli, vermelho, apoplético, levantou-se aos gritos, indignado, querendo dar um murro no governador. Igrejas segurou-o e caiu numa gargalhada nervosa. Ademar passou a mão na barriga:
- Perdão, senhores, há um equívoco. Não estou querendo comprar ninguém. Será que a gente não pode mais nem dar um coelhinho de Páscoa?
Era um domingo de Páscoa, Ademar conhecia outras vitaminas do poder, mas errou na dose.
Quando Juscelino, em 1959, depois de romper com o Fundo Monetário Internacional (FMI), estava fazendo a reforma do ministério, Horácio Lafer teve um enfarte e foi internado no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio. JK foi visitá-lo e o encontrou todo cheio de fios, numa tenda de oxigênio.
- Horácio, vim aqui visitá-lo e dizer a você, em homenagem a D. Mimi, que resolvi poupá-lo. Você seria meu ministro do Exterior, mas fique tranqüilo que não exigirei esse esforço de você.
Lafer, os olhos de repente iluminados, chamou a mulher, arrancou aqueles fios todos e sentou-se na cama:
- Juscelino, você está enganado. Eu não estou morrendo não. Estou apenas fazendo um check-up.
Aceito o convite e vou assumir o ministério.
Ficou bom, assumiu e viveu mais seis anos. Foi a vitamina do poder.
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COELHO DA PÁSCOA
Nos primeiros dias de abril de 64 o “Comando Revolucionário “mandou a São Paulo, em um fim de semana, os coronéis Martinelli e Igrejas, líderes da chamada “linha dura”, para exigirem do governador Ademar de Barros a reforma total do secretariado. Ademar, ainda mais matreiro do que gordo, imaginou sair de banda:
- Quer dizer que é para trocar alguns auxiliares, não, coronéis?
- Alguns, não, governador, todos.
- Mas todos, como? Eles são revolucionários da primeira hora. De quem é mesmo a recomendação?
- É do Alto Comando, governador. E não é recomendação, é ordem.
Ademar mudou de tom:
- Quanto os senhores ganham, coronéis? A vida está cara, muito difícil, o Jango inflacionou tudo, os militares estão sacrificados, não e’?
- Isto é problema nosso, governador. O assunto é outro.
Ademar puxou uma gaveta, tirou dois envelopes cheinhos de notas de mil cruzeiros e sorriu:
- Posso dar-lhes um presente, coronéis?
Martinelli, vermelho, apoplético, levantou-se aos gritos, indignado, querendo dar um murro no governador. Igrejas segurou-o e caiu numa gargalhada nervosa. Ademar passou a mão na barriga:
- Perdão, senhores, há um equívoco. Não estou querendo comprar ninguém. Será que a gente não pode mais nem dar um coelhinho de Páscoa?
Era um domingo de Páscoa, Ademar conhecia outras vitaminas do poder, mas errou na dose.
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