"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

INVESTIGUEM TAMBÉM O EX-JUIZ BALTASAR GARZÓN


          Internacional - América Latina 
A desestabilização da fronteira sul da Colômbia é a nova cruzada de “direitos humanos” de Baltasar Garzón?
Baltasar Garzón é visto como a eminência parda da politização da justiça em vários países.

Baltasar Garzón está em tudo. De um conciliábulo semi-clandestino com chefes exaltados da etnia nasa (ou páez) no sul da Colômbia, pula a um avião que o leva a Quito e, depois, a Londres, para oferecer seus serviços ao sinistro Julian Assange, o hacker que trata de escapar de um processo por vários delitos sexuais na Suécia.

Garzón atraiu a atenção da mídia ao sentenciar, em 1998, uma ordem de captura contra o ex-chefe de Estado chileno, Augusto Pinochet, sob o pretexto da “luta contra a impunidade na América Latina e no mundo”. Agora, quando o despótico patrão de Wikileaks é detido, ele declara que seu cliente é vítima de “abusos e arbitrariedades do sistema internacional”.
Garzón passa de uma situação à outra, de uma doutrina à outra, inclusive contrária, com agilidade. O homem é versátil e audaz.

Uma conhecida página web de Bogotá o admira. Acaba de dizer que o ex-magistrado é “o amigo dos indígenas” colombianos. Errado. Garzón não é amigo de ninguém. Ele gesticula, é certo, ante chefes indígenas e assembléias camponesas e os faz crer que ele é o conselheiro político de “alto nível” de todos eles.
Entretanto, ele fazia isso em 2001 para re-dourar seu brasão de juiz justiceiro e influente, e o fazem agora, em 2012, para tratar de reconstruir a imagem deteriorada do juiz “mais célebre da Europa” ocorrido após a perda de sua investidura na Espanha por ter ordenado as escutas ilegais do caso Gürtel.

Os orgulhos neo-coloniais de Baltasar Garzón são evidentes e detestáveis. Ele adota a postura do eminente europeu que vai ao Terceiro Mundo para inventar as soluções que as “massas oprimidas” do sub-desenvolvimento nem sequer vislumbraram.

Com essas vaidades messiânicas, Garzón trata de vender uma idéia aos dirigentes políticos colombianos e ao atual presidente da República: que ele pode conseguir “o fim do conflito com as FARC”. Parece que Garzón estava no Cauca gerenciando essa obra magna a pedido de Bogotá. O balanço de sua ingerência é desastroso.

Tudo isso, é claro, faz-se às custas da paz de um país democrático e pluralista como a Colômbia que cometeu o erro de acolhê-lo e confortá-lo precisamente no pior momento de sua vida, quando o tribunal supremo o investigava pelo cometimento de vários delitos. Baltasar Garzón foi posteriormente condenado a onze anos de inabilidade após ser vencido em julgamento.

Embora não diga, o presidente Juan Manuel Santos deve estar horrorizado ao ver seu próprio conselheiro de governo, nomeado em julho de julho de 2011, instigando gente perigosa em Toribio e Miranda, e fomentando um dos mais duros problemas que o Estado tem no sul do país: os amigos do ex-magistrado espanhol exigem que o Exército se retire de amplas regiões que eles consideram, sem razão, “ancestrais” e “deles”.

Nunca antes os líderes indigenistas haviam estabelecido as coisas assim. Depois de havê-las martirizado, as FARC estão utilizando essas comunidades como aríete em sua luta pelo controle do Cauca.
O juiz destituído e ex-deputado socialista não fez nada para proteger essas comunidades de semelhante crime. Em que consiste a assessoria “amistosa” de Baltasar Garzón ante os indígenas? Dizer-lhes que o narco-terrorismo é igual ao Exército colombiano e que ambos devem sair de lá?

Não foi só Piedad Córdoba que foi atiçar os indígenas do Cauca nestes dias. Baltasar Garzón também estava lá e não precisamente para acalmar os ânimos. A ex-senadora pede o levante indígena e a realização de um golpe de Estado contra o governo de Santos.
A atuação do ex-magistrado espanhol também deve ser objeto de investigações penais.
Onde estão acaso os conselhos de Garzón que poderiam evitar aos chefes indígenas se afundar no lodaçal em que se meteram desde quando agrediram violentamente os soldados colombianos no morro Berlín, perto de Toribío?

A atividade de Garzón em estranhos conciliábulos no Cauca antes que seu auditório desatasse esses brutais distúrbios planejados para erodir a legítima presença da força pública no norte do Cauca, é um chamado de atenção para todos: o juiz destituído, assessor de Santos, está fomentando problemas de ordem pública na Colômbia de maneira cada vez mais desaforada.
Em que pese a desautorização pública que lhe fez o ministro colombiano de Defesa, Juan Carlos Pinzón, Garzón continua metendo suas mãos nesse processo. O silêncio do Promotor Geral acerca do protagonismo de Baltasar Garzón nas tristes jornadas de julho é assombroso.

A desestabilização da fronteira sul da Colômbia é a nova cruzada de “direitos humanos” de Baltasar Garzón? Isso não preocupa ao promotor geral Eduardo Motealegre? A vaidade desse ativista de alto vôo é insaciável. Por que a Colômbia deve pagar os pratos quebrados?

Baltasar Garzón é visto como a eminência parda da politização da justiça em vários países. Sem dúvida, ele pagou um preço por isso. Seu desejo de chegar à Audiência Nacional, da Espanha, ou ao Tribunal Internacional de Haya, fracassou. Porém havia motivos.
Todos sabemos em que terminaram os processo Botín e Gürtel. Pior, Garzón planejava investigar os crimes do franquismo, excluindo a investigação dos crimes do bando republicano, tão nefastos quanto os do franquismo. Ele tratou, assim, de passar por cima da lei de anistia de 1977 e quis utilizar a memória histórica dos espanhóis para aumentar seu poder pessoal.

Com suas gesticulações no Cauca, Baltasar Garzón está cuidando de perverter a memória histórica dos colombianos, ao excitar, como fazem Piedad Córdoba e Feliciano Valencia, chefe das confrarias do norte do Cauca, o espírito sectário e separatista e até um ódio pela força pública colombiana entre os indígenas.

Escrito por Eduardo Mackenzie

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