O aspecto mais importante de todas as estratégias dos EUA no Oriente Médio é abrir caminho e preços baixos para o petróleo, sempre, além de estimular o mais possível todas as rixas e atritos entre todos os países da região, para assim justificar que todos aqueles países consumam todos os lucros que auferem do petróleo para comprar armas que os EUA vendem a todos eles e as quais, para que continuem a comprá-las, os países têm, é claro, que usar e gastar (armas e munição), ao mesmo tempo em que mantêm viva a indústria bélica dos EUA.
No fundo, Washington pouca importância dá às rivalidades entre Omã e Emirados Árabes Unidos, ou entre Omã e Arábia Saudita – menos ainda, às brigas de Iêmen e Arábia Saudita, e praticamente dão importância-zero ao que o Qatar pense da ou faça à Arábia Saudita… desde que esses países não se envolvam em confronto militar real.
Em matéria de conflito real, os EUA só admitem um: guerra combinada de todos essas ditaduras, unidas e acrescidas de Kuwait e Bahrain, contra a República Islâmica do Irã.
Nessa arena, nada mudou. Embora a “instabilidade” interna no Bahrain, em Omã e na região leste da Arábia Saudita seja preocupante, funcionários do governo dos EUA (com os israelenses aplaudindo e, não raras vezes, tomando a dianteira) investem grandes esperanças e muito tempo numa pesada campanha de propaganda contra o Irã – o único, dentre os três produtores gigantes de petróleo da região (além de Iraque e Arábia Saudita), que se mantém fora da órbita na qual os EUA exercem pleno controle.
O fato de os regimes sectários do Golfo identificarem como xiitas as massas em revolta no Bahrain e na Arábia Saudita; e como ibadis, em Omã (mas o sultão de Omã é também crente ibadi; então, os sauditas puseram-se a falar mais sobre uma dita opressão que os sunitas sofreriam em Omã) facilitou a conexão que funcionários dos governos de EUA e estados do Golfo estão inventando entre a chamada “ameaça iraniana” e as revoltas locais.
Assim, conseguem explicar compras cada vez mais gigantescas de armas, e preços mais em conta a pagar pelo petróleo… o que se chama “sucesso das metas políticas dos EUA”.
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IRAQUE SOB TUTELA
O petróleo e a estrutura de governo do Iraque continuam sob tutela dos EUA. Isso, aliado à transferência discreta do controle sobre os campos de petróleo líbio, para as potências europeias, tem conseguido manter a estabilidade por hora e para o futuro próximo.
Circularam rumores de que os qataris teriam sugerido que alugariam o Canal de Suez. Os rumores foram desmentidos. Mas bastaram para tranquilizar ainda mais os funcionários do governo dos EUA: parece já não haver dúvidas de que a “Primavera Árabe”, boa parte da qual foi patrocinada pelo Qatar, não prejudica nem impõe grave ameaça aos interesses dos EUA. Como sempre, não percebem que o que poderia proteger os interesses dos EUA seria a estabilidade. E o que se vê na região é só instabilidade e revolta.
Os qataris aconselham paciência. Argumentam que a região voltará à estabilidade, tão logo se implantem ali novos governos islamistas amigos do ocidente e do Golfo; então o bolo econômico afinal crescerá e poderá incluir empresários e empresárias islamistas. E dali em diante será business como sempre para os EUA, eternamente.
No fundo, Washington pouca importância dá às rivalidades entre Omã e Emirados Árabes Unidos, ou entre Omã e Arábia Saudita – menos ainda, às brigas de Iêmen e Arábia Saudita, e praticamente dão importância-zero ao que o Qatar pense da ou faça à Arábia Saudita… desde que esses países não se envolvam em confronto militar real.
Em matéria de conflito real, os EUA só admitem um: guerra combinada de todos essas ditaduras, unidas e acrescidas de Kuwait e Bahrain, contra a República Islâmica do Irã.
Nessa arena, nada mudou. Embora a “instabilidade” interna no Bahrain, em Omã e na região leste da Arábia Saudita seja preocupante, funcionários do governo dos EUA (com os israelenses aplaudindo e, não raras vezes, tomando a dianteira) investem grandes esperanças e muito tempo numa pesada campanha de propaganda contra o Irã – o único, dentre os três produtores gigantes de petróleo da região (além de Iraque e Arábia Saudita), que se mantém fora da órbita na qual os EUA exercem pleno controle.
O fato de os regimes sectários do Golfo identificarem como xiitas as massas em revolta no Bahrain e na Arábia Saudita; e como ibadis, em Omã (mas o sultão de Omã é também crente ibadi; então, os sauditas puseram-se a falar mais sobre uma dita opressão que os sunitas sofreriam em Omã) facilitou a conexão que funcionários dos governos de EUA e estados do Golfo estão inventando entre a chamada “ameaça iraniana” e as revoltas locais.
Assim, conseguem explicar compras cada vez mais gigantescas de armas, e preços mais em conta a pagar pelo petróleo… o que se chama “sucesso das metas políticas dos EUA”.
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IRAQUE SOB TUTELA
O petróleo e a estrutura de governo do Iraque continuam sob tutela dos EUA. Isso, aliado à transferência discreta do controle sobre os campos de petróleo líbio, para as potências europeias, tem conseguido manter a estabilidade por hora e para o futuro próximo.
Circularam rumores de que os qataris teriam sugerido que alugariam o Canal de Suez. Os rumores foram desmentidos. Mas bastaram para tranquilizar ainda mais os funcionários do governo dos EUA: parece já não haver dúvidas de que a “Primavera Árabe”, boa parte da qual foi patrocinada pelo Qatar, não prejudica nem impõe grave ameaça aos interesses dos EUA. Como sempre, não percebem que o que poderia proteger os interesses dos EUA seria a estabilidade. E o que se vê na região é só instabilidade e revolta.
Os qataris aconselham paciência. Argumentam que a região voltará à estabilidade, tão logo se implantem ali novos governos islamistas amigos do ocidente e do Golfo; então o bolo econômico afinal crescerá e poderá incluir empresários e empresárias islamistas. E dali em diante será business como sempre para os EUA, eternamente.
Joseph Massad é professor de Política e História Intelectual Árabe Moderna
na Columbia University, em New York
na Columbia University, em New York
03 de agosto de 2012
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