"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 22 de setembro de 2012

FALECE DONA MARIA ROSA LEITE MONTEIRO, MÃE DE HONESTINO GUIMARÃES

Morre, aos 84 anos, Dona Maria Rosa Leite Monteiro, mãe de Honestino Guimarães — um dos “desaparecidos” da ditadura que foi meu amigo de juventude



Dona Maria Rosa, e sua incansável luta pelo filho, Honestino (Foto: Raimundo Pacco / D.A Press)
Dona Maria Rosa, e sua incansável luta pelo filho, Honestino (Foto: Raimundo Pacco / D.A Press)

Amigas e amigos do blog, convivi e fui amigo de Honestino Guimarães na Universidade de Brasília. Franzino, cabelos claros, olhos verdes, estudava Geologia, era um doce de pessoa e, a certa altura, foi eleito presidente da então formalmente ilegal Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (Febu).
Considerado perigosíssimo pela ditadura militar, Honestino, um idealista generoso, depois de preso e barbaramente torturado, desapareceu — ou seja, foi assassinado — em 1973.
Sua mãe, que nunca desistiu de lutar para preservar sua memória e sofreu a amargura de perder outro filho num acidente de trânsito, finalmente descansou dias atrás, em Brasílial. Publico o post em homenagema meu amigo de juventude.

Texto de Sérgio Maggio e Frederico Bottrel, publicado ontem, dia 20, na editoria Cidade do jornal Correio Braziliense

MORRE AOS 84 ANOS DONA MARIA ROSA LEITE MONTEIRO, MÃE DE HONESTINO GUIMARÃES

Dona Maria Rosa Leite Monteiro, mãe do estudante Honestino Guimarães, desaparecido nos anos 1970, faleceu na madrugada desta quinta-feira (20/9), aos 84 anos.

Uma das primeiras vozes a denunciar os desaparecimentos e torturas durante a Ditadura Militar no Brasil, Dona Rosa vinha recentemente enfrentando problemas de saúde relacionados à perda de memória. Sofreu uma queda no último final de semana, no apartamento em que morava, em Águas Claras [bairro de Brasília]. Foi internada com fratura no fêmur e não resistiu às complicações decorrentes de uma cirurgia, no Hospital Alvorada, em Taguatinga.

Desde o desaparecimento de Honestino, que era líder estudantil na Universidade de Brasília (UnB), Maria Rosa se empenhou em luta fenomenal para encontrá-lo. Relatou a saga no livro Honestino, o bom da amizade é a não cobrança, importante registro sobre o período.

Foi dos primeiros documentos a revelar a dor do desaparacimento de procurados da ditadura a partir do âmbito familiar. Honestino Guimarães, desaparecido em 10/10/1973 aos 26 anos, foi sequestrado, torturado e morto. O corpo de Dona Rosa será velado a partir de 9h desta sexta-feira (21/9), na capela 6 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Confira algumas páginas do Correio Braziliense protagonizadas por Dona Rosa.

22 de setembro de 2012

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