Apesar de ser possível reduzir para zero essa forma de contágio da doença, houve 469 confirmações em crianças de várias faixas etárias em 2011
O Brasil registrou um caso novo por dia de transmissão de aids da mãe para o bebê em 2011. Apesar de ser possível reduzir para zero esse contágio, foram 469 confirmações em crianças de várias faixas etárias - algumas convivendo por anos com a doença, sem diagnóstico nem tratamento.
Veja também:
Relatório da ONU diz que fim da aids é 'totalmente viável'
Infecções por HIV caem mais de 50% em 25 países de média e baixa renda
O Brasil ainda contabiliza 5,4 novas infecções entre menores de cinco anos a cada 100 mil habitantes - proporção idêntica à registrada em 2006. Os dados constam do Boletim Epidemiológico de DST-Aids, divulgado nesta terça-feira.
"Essas infecções são inaceitáveis, vamos melhorar", disse o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. A transmissão da mãe para o bebê - chamada de vertical - pode ser evitada quando a mulher passa a usar remédios antiaids na gravidez ou, quando isso não é possível, durante o parto.
O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro avalia que os altos indicadores refletem falhas graves nas estratégias de prevenção e de atendimento. "No Brasil, 90% dos partos são hospitalares, as mulheres fazem pelo menos uma consulta de pré-natal. Esse número já deveria ter sido zerado", afirma.
Barbosa disse acreditar que as taxas de infecção vertical devam cair com Rede Cegonha e com a ampliação do teste rápido para HIV. "O uso desse exame ainda é limitado, há muita resistência nas cidades, muita pressão corporativa para que mantenhamos os exames tradicionais", disse.
Falta de diagnóstico. O teste rápido também é considerado ferramenta essencial para reduzir o alto número de pessoas que desconhecem ser portadoras do vírus. Estima-se que existam no País 530 mil pessoas com HIV - 130 mil, ou o equivalente a 24%, não sabem que estão infectadas. Nesta terça, o Ministério da Saúde iniciou uma mobilização para testagem de HIV em todo o País.
"Por preconceito, pessoas ainda resistem em fazer o teste", disse Barbosa. Uma das ações que serão realizadas para romper essa barreira serão unidades móveis com kits de diagnóstico que devem circular em áreas frequentadas por grupos considerados mais vulneráveis: homens que fazem sexo com homens, travestis e profissionais do sexo.
Cinco unidades estão em funcionamento. A ideia é que em 2013 todas as capitais estejam com veículos nas ruas. "Pretendemos que todas as cidades-sede da Copa das Confederações disponham do serviço."
Aumento. De acordo com o boletim, 38.776 novos casos de aids no Brasil foram registrados no País em 2011. O número é ligeiramente maior do que o de 2010, quando 37.358 pessoas tiveram a infecção confirmada.
A tendência de aumento foi registrada em todas as regiões. No Nordeste, a incidência passou de 13,7 casos a cada 100 mil habitantes para 13,9 entre 2010 e 2011. No Sudeste, a taxa passou de 20,6 para 21; no Sul, de 29,1 para 30,9 e no Centro-Oeste, de 16,4 para 17,5.
Apenas o Norte apresentou variação para menos: de 20,9 para 20,8. Apesar disso, a incidência atual é três vezes maior do que a apresentada em 2000, quando 6,9 casos por 100 mil habitantes eram identificados.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ser essencial a adoção de medidas para reduzir o avanço da doença entre jovens. "A população jovem de homens que fazem sexo com homens é responsável por mais da metade dos casos novos", disse. Ele avalia ser necessário "despertar novas atitudes" entre esses grupos.
21 de novembro de 2012
Lígia Formenti - O Estado de S. Paulo
O Brasil registrou um caso novo por dia de transmissão de aids da mãe para o bebê em 2011. Apesar de ser possível reduzir para zero esse contágio, foram 469 confirmações em crianças de várias faixas etárias - algumas convivendo por anos com a doença, sem diagnóstico nem tratamento.
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O Brasil ainda contabiliza 5,4 novas infecções entre menores de cinco anos a cada 100 mil habitantes - proporção idêntica à registrada em 2006. Os dados constam do Boletim Epidemiológico de DST-Aids, divulgado nesta terça-feira.
"Essas infecções são inaceitáveis, vamos melhorar", disse o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. A transmissão da mãe para o bebê - chamada de vertical - pode ser evitada quando a mulher passa a usar remédios antiaids na gravidez ou, quando isso não é possível, durante o parto.
O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro avalia que os altos indicadores refletem falhas graves nas estratégias de prevenção e de atendimento. "No Brasil, 90% dos partos são hospitalares, as mulheres fazem pelo menos uma consulta de pré-natal. Esse número já deveria ter sido zerado", afirma.
Barbosa disse acreditar que as taxas de infecção vertical devam cair com Rede Cegonha e com a ampliação do teste rápido para HIV. "O uso desse exame ainda é limitado, há muita resistência nas cidades, muita pressão corporativa para que mantenhamos os exames tradicionais", disse.
Falta de diagnóstico. O teste rápido também é considerado ferramenta essencial para reduzir o alto número de pessoas que desconhecem ser portadoras do vírus. Estima-se que existam no País 530 mil pessoas com HIV - 130 mil, ou o equivalente a 24%, não sabem que estão infectadas. Nesta terça, o Ministério da Saúde iniciou uma mobilização para testagem de HIV em todo o País.
"Por preconceito, pessoas ainda resistem em fazer o teste", disse Barbosa. Uma das ações que serão realizadas para romper essa barreira serão unidades móveis com kits de diagnóstico que devem circular em áreas frequentadas por grupos considerados mais vulneráveis: homens que fazem sexo com homens, travestis e profissionais do sexo.
Cinco unidades estão em funcionamento. A ideia é que em 2013 todas as capitais estejam com veículos nas ruas. "Pretendemos que todas as cidades-sede da Copa das Confederações disponham do serviço."
Aumento. De acordo com o boletim, 38.776 novos casos de aids no Brasil foram registrados no País em 2011. O número é ligeiramente maior do que o de 2010, quando 37.358 pessoas tiveram a infecção confirmada.
A tendência de aumento foi registrada em todas as regiões. No Nordeste, a incidência passou de 13,7 casos a cada 100 mil habitantes para 13,9 entre 2010 e 2011. No Sudeste, a taxa passou de 20,6 para 21; no Sul, de 29,1 para 30,9 e no Centro-Oeste, de 16,4 para 17,5.
Apenas o Norte apresentou variação para menos: de 20,9 para 20,8. Apesar disso, a incidência atual é três vezes maior do que a apresentada em 2000, quando 6,9 casos por 100 mil habitantes eram identificados.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ser essencial a adoção de medidas para reduzir o avanço da doença entre jovens. "A população jovem de homens que fazem sexo com homens é responsável por mais da metade dos casos novos", disse. Ele avalia ser necessário "despertar novas atitudes" entre esses grupos.
21 de novembro de 2012
Lígia Formenti - O Estado de S. Paulo
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