"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

PT USA CPI QUE NÃO INVESTIGOU A DELTA PARA DESQUALIFICAR GURGEL. NÃO É A CARA DOS MENSALEIROS?


O relatório final da CPI do Cachoeira irá pedir ao Conselho Nacional do Ministério Público que investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o indiciamento de 45 pessoas por envolvimento no esquema do empresário Carlos Cachoeira. O relator da CPI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), incluiu na lista de pedidos de indiciamento o governador Marconi Perillo (PSDB-GO), o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, um deputado federal e um prefeito. O relatório deverá ser lido hoje na Câmara.
 
Gurgel é acusado no relatório da CPI, controlada pelo PT e PMDB, de paralisar as investigações da Polícia Federal na Operação Vegas, realizada em 2008 e encaminhada à Procuradoria-Geral da República no ano seguinte. As investigações flagraram políticos com mandato se relacionando com Cachoeira, entre eles estava o ex-senador Demóstenes Torres (GO), que teve o mandato cassado após a revelação de suas relações com o empresário. Gurgel alega que optou por suspender a investigação, o que ajudou, segundo ele, na deflagração de outra operação, a Monte Carlo, em 2012, que prendeu Cachoeira e revelou centenas de gravações envolvendo Demóstenes.
 
O relator chegou a cogitar não incluir o nome de Gurgel, mas foi pressionado, especialmente pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). Gurgel foi responsável por redigir as alegações finais da denúncia do mensalão. Ele não comentou o caso alegando não conhecer o relatório. Com relação à empreiteira Delta, o relatório apontou um fluxo financeiro entre a sede da empresa no Rio com contas mantidas pela organização criminosa. A construtora foi considerada inidônea pelo governo federal. Mas o relatório não aponta quem recebeu o dinheiro que saiu dos cofres da Delta para empresas-fantasmas controladas por Cachoeira.
 
Com relação a Perillo, segundo informou ontem o "Jornal Nacional", o relatório pede o indiciamento por seis crimes, entre eles corrupção passiva e formação de quadrilha. O governador tucano se queixa de ser alvo da CPI como vingança do PT por ter afirmado que avisou ao então presidente Lula sobre o esquema do mensalão. O relatório não fará referência ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF), cujo chefe de gabinete foi flagrado em conversas com o grupo de Cachoeira. A oposição promete entrar com pedido de investigação sobre Agnelo no Ministério Público.
 
(Folha de São Paulo)
 
21 de novembro de 2012
in coroneLeaks

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