Com fortunas blindadas em capitalismo sem riscos para depósitos em bancos quebrados, americanos ricos sofrerão impostos em cursos de golfe.
Há sempre um abismo entre as intenções anunciadas e o que a classe política entrega após as eleições. A economia americana está agora à beira de seu “abismo fiscal”. Se a Casa Branca e o Congresso não se entenderem até o fim do ano, serão disparados cortes automáticos de gastos públicos em torno de US$ 100 bilhões e aumentos generalizados de impostos da ordem de US$ 400 bilhões, o que empurraria o país novamente para uma recessão.
O presidente Obama diz que vai taxar os ricos para transpor esse “abismo fiscal”. Está de olho nas reduções de impostos da era Bush, em especial as que beneficiaram os 2% mais ricos. Quer eliminar a elisão fiscal, reduzindo isenções e deduções legais por meio de 70 alterações nas regras tributárias atuais. Seguro de vida de altos executivos. Impostos sobre doações. Contribuições filantrópicas. Impostos sobre operações com opções. Tributos sobre empresas de gás e petróleo. Impostos sobre cursos de golfe. Está aberta a temporada de “caça aos ricos” — carimbados como os contribuintes que têm renda tributável acima de US$ 200 mil anuais.
Tenho enorme simpatia por Obama, mas uma “caça aos ricos” após o maior programa de socialização de perdas financeiras da história americana é tão risível quanto tardia. Trilhões de dólares em moeda e dívida foram emitidos para impedir perdas de todo e qualquer tipo de depositante, e não apenas os menos favorecidos.
Foram garantidas fortunas de bilionários globalizados e cleptocratas russos, o capital de giro de terroristas e narcotraficantes, recursos de fundos soberanos e bancos centrais de governos despóticos, e até mesmo propinas recebidas por políticos brasileiros.
O colapso financeiro foi encomendado por Bush e Greenspan. Obama recebeu uma herança maldita. Mas não escapou à armadilha dos financistas, para desespero de seus correligionários, os prêmios Nobel em Economia Krugman e Stiglitz.
Deixou-se capturar pela mais cara, iníqua e ineficaz das soluções, encaminhada pelos próprios bancos através dos secretários do Tesouro Henry Paulson (Bush) e Thimoty Geitner (Obama). Os banqueiros assumiram a Casa Branca e o Tesouro.
A ideologia de Wall Street capturou Washington. Após a blindagem de suas fortunas, agora é tempo de “caça aos ricos”.
21 de novembro de 2012
Paulo Guedes
Fonte: O Globo
Há sempre um abismo entre as intenções anunciadas e o que a classe política entrega após as eleições. A economia americana está agora à beira de seu “abismo fiscal”. Se a Casa Branca e o Congresso não se entenderem até o fim do ano, serão disparados cortes automáticos de gastos públicos em torno de US$ 100 bilhões e aumentos generalizados de impostos da ordem de US$ 400 bilhões, o que empurraria o país novamente para uma recessão.
O presidente Obama diz que vai taxar os ricos para transpor esse “abismo fiscal”. Está de olho nas reduções de impostos da era Bush, em especial as que beneficiaram os 2% mais ricos. Quer eliminar a elisão fiscal, reduzindo isenções e deduções legais por meio de 70 alterações nas regras tributárias atuais. Seguro de vida de altos executivos. Impostos sobre doações. Contribuições filantrópicas. Impostos sobre operações com opções. Tributos sobre empresas de gás e petróleo. Impostos sobre cursos de golfe. Está aberta a temporada de “caça aos ricos” — carimbados como os contribuintes que têm renda tributável acima de US$ 200 mil anuais.
Os banqueiros assumiram a Casa Branca e o Tesouro. A ideologia de Wall Street capturou Washington
Foram garantidas fortunas de bilionários globalizados e cleptocratas russos, o capital de giro de terroristas e narcotraficantes, recursos de fundos soberanos e bancos centrais de governos despóticos, e até mesmo propinas recebidas por políticos brasileiros.
O colapso financeiro foi encomendado por Bush e Greenspan. Obama recebeu uma herança maldita. Mas não escapou à armadilha dos financistas, para desespero de seus correligionários, os prêmios Nobel em Economia Krugman e Stiglitz.
Deixou-se capturar pela mais cara, iníqua e ineficaz das soluções, encaminhada pelos próprios bancos através dos secretários do Tesouro Henry Paulson (Bush) e Thimoty Geitner (Obama). Os banqueiros assumiram a Casa Branca e o Tesouro.
A ideologia de Wall Street capturou Washington. Após a blindagem de suas fortunas, agora é tempo de “caça aos ricos”.
21 de novembro de 2012
Paulo Guedes
Fonte: O Globo
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