A humanidade está vivendo seus momentos mais cruciais e esclarecedores
dos últimos tempos.
A informação em tempo real e disponível para amplo espectro de leitores nas redes sociais preocupa os poderosos de todos os matizes. A China censura blogs e sites, a presidente da Argentina impõe um duro golpe no grupo Clarin, em Cuba há restrições à liberdade de imprensa, na Venezuela também, enfim, os governos impedem que a informação se transforme em uma grande e poderosa arma de consciência coletiva. Bem informados, os cidadãos votam e escolhem melhor os seus governantes.
O exemplo da Primavera Árabe principalmente no Egito deflagrado com os convites nas redes sociais para ocuparem a Praça Tahir estressa e assusta ditadores e “democratas”.
O preâmbulo acima remonta ao brilhante artigo de 07/12/2012 no Estadão, da lavra do colunista Thomas L. Friedman. Em seu arrazoado o articulista descreve as causas da Primavera Árabe:
DESDE O IMPÉRIO OTOMANO
Trata-se da implosão do Império Otomano comandado pelos turcos de Istambul (Turquia), os quais mantiveram por mais de 400 anos uma harmonia perfeita entre as minorias (sunitas, alauitas, xiitas, cristãos, curdos e drusos). O “império de ferro” dos otomanos tinha como meta viver e deixar viver os súditos citados na visão de Friedman.
Entretanto, quando os colonialistas europeus derrotaram o Império Otomano, a França e o Império Britânico iniciaram o processo de divisão do mundo árabe em pequenos Estados. Os colonizadores tinham algo em comum: o lema dividir para governar. Então, países árabes foram artificialmente criados por ingleses e franceses segundo seus interesses estratégicos.
Na Síria, a minoria alauita dos Assad governa a maioria sunita. No Iraque, a minoria sunita governa a maioria xiita. Na Arábia Saudita, no Kuwait, nos Emirados Árabes, na Jordânia, na Tunísia, na Líbia etc…, os novos donos do mundo criaram monarquias ultraconservadoras para servirem aos propósitos dos conservadores europeus.
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RESULTANTES DA CRISE DE 2008
No entanto, como tudo na vida, adveio a crise econômica iniciada nos EUA em 2008. A Europa, região mais afetada pela recessão em curso, trouxe como conseqüência a perda de poder dos colonizadores europeus, agora em franca decadência.
A resultante do processo nas ex-colônias está sendo a Primavera Árabe. As maiorias começaram a se rebelar contra as minorias no poder para afastá-las e assumirem o controle de seus países.
Perdeu-se o equilíbrio, o vaso de cristal se quebrou e então, as revoltas se sucedem num efeito devastador.
A bola da vez tem o nome de Síria. Inquestionável a queda iminente do último presidente do clã alauita dos Assad. Se não entregar o poder poderá ter o mesmo destino trágico do líbio Kadafi.
Generais e soldados estão passando para o lado dos rebeldes, inclusive um oficial general amigo de infância do ditador de plantão, se encontra na frente de batalha do lado da fronteira com a Turquia, o que se depreende como um sinal claro de enfraquecimento do poder militar no entorno do chefe de Estado.
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NOVOS DÉSPOTAS DE FERRO
Segundo o colunista Thomas L. Friedman “o mundo árabe teve em determinado momento histórico o Império de Ferro (Império Otomano), depois passou para os Punhos de Ferro (ditadores e monarcas)”.
Mas, parece que agora “evolui” para os Déspotas de Ferro, ou seja, um retrocesso ainda maior com as maiorias no poder. O exemplo claro ocorre no Egito e na Líbia. No Egito pós ditador Hosny Mubarach, a Irmandade Muçulmana começa a impor leis religiosas calando o Judiciário e governando através de decretos.
O país está dividido entre os religiosos da Irmandade de um lado e os grupos laicos de esquerda, os nacionalistas e os cristãos coptas de outro. A liberdade, a democracia e o respeito a vontade popular estão sendo jogados na lata do lixo no Egito e por isso os confrontos voltaram nas praças e nas ruas do Cairo.
Na Líbia, abandonada pela imprensa ocidental, o país caminha em meio as divisões dos diferentes grupos que se uniram para derrotar o ditador Kadafi, que bem ou mal controlava as etnias com sua política desenvolvimentista e de bem estar social.
Contudo, as bombas “inteligentes” despejadas dos aviões americanos, franceses e britânicos destruíram a infraestrutura da capital Trípoli.
O aeroporto foi literalmente destruído. Estranhamente as refinarias foram poupadas. Os diversos grupos religiosos e laicos se digladiam na Líbia objetivando o controle da nação esfacelada.
Na Síria, os rebeldes recebem armas européias, americanas e de países árabes conservadores pela imensa fronteira turca. Aliás, importante pontuar, que o governo turco era aliado de Assad, contudo passou para o lado dos rebeldes. Mais do que provado, que países não têm amigos, somente interesses. E como!
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CONHECIMENTO É PODER
Voltando ao parágrafo inicial, entendemos que a informação propiciada pelas redes sociais vem causando uma transformação transcendental na consciência dos cidadãos.
Trata-se de uma arma poderosíssima destinada a controlar as ações dos governantes.
Pois bem, sem as redes sociais jamais saberíamos que a corrupção dos dirigentes chineses preocupa os dirigentes do Partido Comunista.
Nesse sentido, precisamos ficar atentos aos atentados à livre expressão, à liberdade, à democracia e ao conhecimento de todos os cidadãos do planeta.
11 de dezembro de 2012
A informação em tempo real e disponível para amplo espectro de leitores nas redes sociais preocupa os poderosos de todos os matizes. A China censura blogs e sites, a presidente da Argentina impõe um duro golpe no grupo Clarin, em Cuba há restrições à liberdade de imprensa, na Venezuela também, enfim, os governos impedem que a informação se transforme em uma grande e poderosa arma de consciência coletiva. Bem informados, os cidadãos votam e escolhem melhor os seus governantes.
O exemplo da Primavera Árabe principalmente no Egito deflagrado com os convites nas redes sociais para ocuparem a Praça Tahir estressa e assusta ditadores e “democratas”.
O preâmbulo acima remonta ao brilhante artigo de 07/12/2012 no Estadão, da lavra do colunista Thomas L. Friedman. Em seu arrazoado o articulista descreve as causas da Primavera Árabe:
DESDE O IMPÉRIO OTOMANO
Trata-se da implosão do Império Otomano comandado pelos turcos de Istambul (Turquia), os quais mantiveram por mais de 400 anos uma harmonia perfeita entre as minorias (sunitas, alauitas, xiitas, cristãos, curdos e drusos). O “império de ferro” dos otomanos tinha como meta viver e deixar viver os súditos citados na visão de Friedman.
Entretanto, quando os colonialistas europeus derrotaram o Império Otomano, a França e o Império Britânico iniciaram o processo de divisão do mundo árabe em pequenos Estados. Os colonizadores tinham algo em comum: o lema dividir para governar. Então, países árabes foram artificialmente criados por ingleses e franceses segundo seus interesses estratégicos.
Na Síria, a minoria alauita dos Assad governa a maioria sunita. No Iraque, a minoria sunita governa a maioria xiita. Na Arábia Saudita, no Kuwait, nos Emirados Árabes, na Jordânia, na Tunísia, na Líbia etc…, os novos donos do mundo criaram monarquias ultraconservadoras para servirem aos propósitos dos conservadores europeus.
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RESULTANTES DA CRISE DE 2008
No entanto, como tudo na vida, adveio a crise econômica iniciada nos EUA em 2008. A Europa, região mais afetada pela recessão em curso, trouxe como conseqüência a perda de poder dos colonizadores europeus, agora em franca decadência.
A resultante do processo nas ex-colônias está sendo a Primavera Árabe. As maiorias começaram a se rebelar contra as minorias no poder para afastá-las e assumirem o controle de seus países.
Perdeu-se o equilíbrio, o vaso de cristal se quebrou e então, as revoltas se sucedem num efeito devastador.
A bola da vez tem o nome de Síria. Inquestionável a queda iminente do último presidente do clã alauita dos Assad. Se não entregar o poder poderá ter o mesmo destino trágico do líbio Kadafi.
Generais e soldados estão passando para o lado dos rebeldes, inclusive um oficial general amigo de infância do ditador de plantão, se encontra na frente de batalha do lado da fronteira com a Turquia, o que se depreende como um sinal claro de enfraquecimento do poder militar no entorno do chefe de Estado.
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NOVOS DÉSPOTAS DE FERRO
Segundo o colunista Thomas L. Friedman “o mundo árabe teve em determinado momento histórico o Império de Ferro (Império Otomano), depois passou para os Punhos de Ferro (ditadores e monarcas)”.
Mas, parece que agora “evolui” para os Déspotas de Ferro, ou seja, um retrocesso ainda maior com as maiorias no poder. O exemplo claro ocorre no Egito e na Líbia. No Egito pós ditador Hosny Mubarach, a Irmandade Muçulmana começa a impor leis religiosas calando o Judiciário e governando através de decretos.
O país está dividido entre os religiosos da Irmandade de um lado e os grupos laicos de esquerda, os nacionalistas e os cristãos coptas de outro. A liberdade, a democracia e o respeito a vontade popular estão sendo jogados na lata do lixo no Egito e por isso os confrontos voltaram nas praças e nas ruas do Cairo.
Na Líbia, abandonada pela imprensa ocidental, o país caminha em meio as divisões dos diferentes grupos que se uniram para derrotar o ditador Kadafi, que bem ou mal controlava as etnias com sua política desenvolvimentista e de bem estar social.
Contudo, as bombas “inteligentes” despejadas dos aviões americanos, franceses e britânicos destruíram a infraestrutura da capital Trípoli.
O aeroporto foi literalmente destruído. Estranhamente as refinarias foram poupadas. Os diversos grupos religiosos e laicos se digladiam na Líbia objetivando o controle da nação esfacelada.
Na Síria, os rebeldes recebem armas européias, americanas e de países árabes conservadores pela imensa fronteira turca. Aliás, importante pontuar, que o governo turco era aliado de Assad, contudo passou para o lado dos rebeldes. Mais do que provado, que países não têm amigos, somente interesses. E como!
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CONHECIMENTO É PODER
Voltando ao parágrafo inicial, entendemos que a informação propiciada pelas redes sociais vem causando uma transformação transcendental na consciência dos cidadãos.
Trata-se de uma arma poderosíssima destinada a controlar as ações dos governantes.
Pois bem, sem as redes sociais jamais saberíamos que a corrupção dos dirigentes chineses preocupa os dirigentes do Partido Comunista.
Nesse sentido, precisamos ficar atentos aos atentados à livre expressão, à liberdade, à democracia e ao conhecimento de todos os cidadãos do planeta.
11 de dezembro de 2012
Roberto Nascimento
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