Sobre minha crônica “Instituto Millenium, uma farsa liberal”, escreve Anselmo Heidrich:
- Janer, quem te censurou não foi a Cristina Camargo? Pois, esta administradora, ou melhor, ex-administradora, se não me engano é filiada ao PSDB e trabalha no Observatório Político, um site que concentra blogs de diferentes níveis. A época, ela me censurou em um artigo que eu discutia o ambientalismo e justificou claramente por terem mantenedores que não gostariam da minha opinião... "Anselmo, eu não posso publicar isto", um artigo chamado Vendaval de Bobagens, que a Mécia acabou publicando. E, mesmo durante sua gestão, ela relaxou. Relaxou porque não regulava com rigor segundo sua proposta e porque, se o fizesse, acho que acabaria perdendo bons articulistas. Aliás... O IMIL está bem fraco, parece que anda exagerando na quantidade de nomes, alguns dos quais publicaram um, dois ou nenhum artigo ou só pequenas notas. Parece que alguns dos nomes estão lá só porque são notáveis, que ocupam cargos de alguma influência por aí, mas não têm verve literária nenhuma. Alguns nomes são bons, como o Rosenfield, mas há uma grande heterogeneidade e parece que o negócio lá é fazer volume.
Acho que o objetivo deles é outro...
Concordo contigo em um ponto, é censura sim e se querem levantar a bandeira do liberalismo não podem se furtar a certos temas. NO ENTANTO, o que muitos entendem por "liberalismo" restringe-se a uma visão estritamente economicista, mais Adam Smith que John Locke... E, claro, há leitores de todas as estirpes, analise o que diz Rhyan Fortuna, nos comentários do teu post p.ex., que censura é só quando o estado a impõe(!!): o que está por trás disto nunca é o foco no substantivo, a censura no caso, mas em um adjetivo que é "ser estatal", "ser pró mercado" ou algo assim. Para transitar nestes grupos tem que se conhecer suas premissas inconfessas. Se tu faz parte de alguma "igrejinha" vais ser bajulado, agora se tu diverge parcial ou totalmente, será tratado como "gente esquisita", como eu já fui por um desses teus missivistas aí.
Agora, o que eu penso: eles têm direito de censurar sim, mas deveriam ser coerentes com o nome das coisas, como o de seu instituto e a proposta para a qual se orientam. Por isso que eu sempre me furto a esses rigores conceituais denominativos, quando me enchem o saco me acusando de ser isto ou aquilo ou de não ser, digo apenas que sou um mezzo liberal e estamos conversados.
Salve, Anselmo!
Totalmente de acordo. O que eles não podem é se pretender defensores da liberdade de expressão e censurar temas que não agradam aos católicos. Sim, quem me censurou foi a Cristina Camargo. Quer dizer que ela já tem currículo como censora? Sempre achei que o Imil fosse uma página para prestigiar tucanos e, pelo que me dizes, parece que não me enganei. É dessa espécie de pássaros que não ousa bicar e tenta ficar bem com todo mundo. No fundo, em muito se parecem com o astrólogo. Aliás, a alegação do Rodrigo Constantino
“Se os próprios liberais ficarem se digladiando no canal sobre tais temas, pode-se perder o foco daquilo que hoje parece mais urgente no Brasil: a defesa do estado de direito, da democracia e do livre mercado”,
em pouco ou nada difere do alerta do Aiatolavo no MSM:
POLÊMICAS INTER-RELIGIOSAS, EM ESPECIAL ENTRE DIFERENTES DENOMINAÇÕES CRISTÃS, SÃO EXPRESSAMENTE PROIBIDAS NESTE SITE. COM TANTOS INIMIGOS RONDANDO, VAMOS FICAR TROCANDO TAPAS EM FAMÍLIA?
Continua o Anselmo:
- Como esse pessoal tem medo de discutir?! O Constantino agora diz isto, mas é porque quer defender aquela seara, pois no antigo orkut ou no facebook, já discutiu, divergiu e rompeu com a garotada liberal mais radical, seus pares do Liber, um projeto de partido.
O que estou vendo, Anselmo, é um monte de jovens desmiolados, órfãos do Kremlin, que querem formar grupos onde se sintam gregários. Uns seguem o Aiatolavo, outros o Constantino, outros o Verissimo, outros o tal de Mises. É preciso seguir alguém. Ninguém ousa pensar com a própria cabeça. Já fui expulso de várias comunidades, católicas ou não-católicas, por manter um pensamento independente. (Do MSM não fui expulso. Eu mesmo me retirei porque censuraram uma crônica minha).
Certa vez, eu estava discutindo na página do Percival Puggina, que não por acaso assina no MSM, e mostrei que tanto Tomás de Aquino como Santo Agostinho aceitavam o aborto. Nossa! Foi um deus-nos-acuda! “Expulsa esse cara. Bloqueia”. O Puggina, que se pretende defensor da democracia e da liberdade de imprensa, me detonou de sua página. Já fui expulso de uma página sobre Verissimo no Orkut, porque ousei mostrar certos errinhos históricos que o filho do Erico havia cometido. E por aí vai. A defesa dos coitados é eliminar qualquer crítica.
Me escreve André Amaro:
- Janer, sou leitor antigo de suas colunas, mas apenas agora resolvi entrar em contato com você.
Achei muito bom o seu debate com membros do Instituto Millenium. Como um liberal e ateu (definição um pouco simplista, mas tudo bem), acho muito grave essa mistura de liberalismo economico com conservadorismo religioso. Vejo isso como algo tão ruim quanto esses discursos de esquerda. Em alguns pontos é até mais perigoso (ou tão perigoso quanto), porque utiliza um discurso economicamente liberal mas no fundo tenta impor uma moral religiosa (MSM, Reinaldo Azevedo etc). O trabalho deles é facil, falar mal de esquerdista qualquer um fala. Porém na hora de argumentar eles começam com essa ladainha religiosa, ai já não consigo ler.
Esse discurso de que o Millenium é uma instituição privada e pode se negar a falar sobre certos assuntos é um absurdo, tendo em vista que o instituto deveria defender a liberdade. Parece que esse pessoal que discutiu com você não entende que a liberdade de expressão deveria estar incluída nisso. Querer fugir de temas polêmicos é uma piada.
Muitos dos meus amigos liberais se associam a esse tipo de pessoa ou instituto pois eles acreditam que o liberalismo economico esta acima de tudo, mas eu não consigo. Acredito que uma economia é fundamental, mas tão fundamental quanto liberdade de expressão etc. Acho que os gays devem ter os mesmos direitos, o aborto deveria ser legalizado em qualquer caso, sou a favor de celular troncos, eutanasia, legalização das drogas (quase todas) etc. Não consigo abdicar desses direitos em favor de uma liberdade somente econômica, com uma moral religiosa escondida (ou não tão escondida assim, como no caso do MSM).
Pois, André, antes que eu começasse a escrever, dona Cristina Camargo me advertiu que todos esses temas estavam proibidos. Os tucanos são uma esquerdinha temerosa de dizer não à Santa Madre. E o Instituto Millenium começa a dizer ao que vem: é um ninho de tucanos papistas que quer convencer jovens que se trata de uma instituição liberal.
Foi o mesmo que aconteceu com o Midiasemmascara. Anunciou-se como um site que pretendia desmascar a grande mídia, o que atraiu muita gente (eu, inclusive). E logo mostrou ao que vinha: a defesa de um catolicismo obscurantista liderada por um astrólogo que ninguém sabe do que vive.
Mas a palavra tucano já está virando palavrão. Outro dia, eu advertia um leitor sobre a desonestidade do recórter hidrófobo da Veja e ele me respondeu: sei disso, ele é tucano.
11 de dezembro de 2012
janer cristaldo
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