Uma jovem jornalista precisou de um minuto e meio para desmoralizar o bufão bolivariano
Em menos de 10 minutos, o vídeo ergue um monumento ao jornalismo de verdade e, simultaneamente, escancara a grandiosa pequenez de um farsante.
Repórter da Rádio França Internacional, a jovem venezuelana Andreina Flores precisou de 1 minuto e 39 segundos para emparedar o presidente Hugo Chávez com a interrogação que inquieta os democratas do mundo inteiro.
Se o governo ganhou as eleições parlamentares por uma diferença ligeiramente superior a 100 mil votos, como pôde instalar no Congresso uma bancada que tem 37 integrantes a mais que a formada pela oposição?
A distorção não seria fruto das mudanças introduzidas por Chávez no sistema eleitoral às vésperas da votação, concebidas para impedir que as urnas traduzissem efetivamente a vontade popular?
Clara, concisa, corajosa, Andreina disse tudo o que o embrião de ditador não queria ouvir.
A apresentação de Chávez ocupa os 7 minutos e 58 segundos restantes.
Vestido de bandeira venezuelana, o cabo eleitoral de Dilma Rousseff, a quem Lula se refere como “amigo querido”, mistura piadas infames, grosserias, sorrisos amarelos, frases desconexas, falácias, provocações, cafajestagens, patriotadas malandras, insinuações preconceituosas, truques de quinta categoria, ameaças veladas ou ostensivas ─ tudo, menos argumentos consistentes.
Sentada na primeira fileira, sem arrogância e sem medo, Andreina continua à espera de respostas que não virão.
O rei Juan Carlos desmoralizou o bufão bolivariano com a célebre ordem para calar-se. A jornalista venezuelana desmoralizou-o ao exigir que falasse.
11 de março de 2013
Augusto Nunes
(publicado em 29 de setembro de 2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário