"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 30 de março de 2013

JÁ QUE HOJE É SÁBADO DE ALELUIA, A IRÔNICA VERDADE DOS NOSSOS DIAS

"Francisco, Feliciano e o metrô"
 
Além da mesma letra inicial, os nomes do papa e do deputado pastor também possuem nove caracteres o que, na boa, não significa absolutamente nada, embora seja uma excelente oportunidade para algum gaiato soltar uma dessas profecias cheias de metáforas atribuídas a Nostradamus que fazem o maior sucesso entre os fãs de Mãe Diná algo do tipo:
 
(“quando a multidão na praça com nome de um santo muito festejado no Nordeste aplaudir a um homem da terra da milonga que terá o apelido de um rio que vai bater no meio do mar, e um pastor homofóbico de sobrancelhas depiladas e sobrenome de um cantor cego porto-riquenho provocar protestos na terra onde um nordestino sem um mindinho é rei, prepare-se, pois o mundo ouvirá o trombetear das cornetas celestiais e elas não soarão com a suavidade da voz da repórter de cabelos lisos que vive na cidade da loba como se fora a própria Pietá”).
 
Mas como hoje é Sábado Santo, mais conhecido como Sábado de Aleluia, sugiro ao secretário de transportes de Salvador (cujo nome certamente foi inspirado no louvor a Deus Javé) que aproveite a ocasião e convide as autoridades baianas para uma espécie de peregrinação de descarrego pelos caminhos do metrô.
 
Vestidos como penitentes, ele e Rui Costa seguiriam na frente tocando suas matracas e rezando para exumar os fantasmas que vivem sob os dormentes, enquanto os principais responsáveis pelo projeto se autoflagelariam com chicotes de nove tiras derramando sobre os trilhos enferrujados seus sangues tipo P, de pilantragem e M, de malandragem.
 
Uma velha lembrança da Semana Santa. Cine Tupy lotado para mais uma sessão de A Paixão de Cristo quando, bem na hora em que Jesus estava sendo crucificado, o operador cochilou e o projetor rodou a fita ao contrário.
 
E o resultado foi que Cristo desceu de ré o Monte Calvário numa velocidade tal que, não fossem os risos da meninada e os gritos desesperados das beatas, ou ele terminaria na manjedoura ou no ventre de Maria.

Com bacalhau ou merluza, chalise ou chablis, Feliz Páscoa a todos.

30 de março de 2013
Janio Ferreira Soares, A Tarde

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