Militares criticam Comissão da Verdade e homenageiam golpe de 64
Manifesto afirma que crimes de 'terroristas' não serão apurados; brigadeiro entrega documentos à comissão
Associações formadas por integrantes das Forças Armadas divulgaram um manifesto que presta "homenagem" ao aniversário de 49 anos do golpe militar de 31 de março de 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto.
Uma carta assinada pelos presidentes do Clube Militar, do Clube Naval e do Clube da Aeronáutica critica os trabalhos da Comissão da Verdade, e chama seus integrantes de "totalitários" e de "democratas arrivistas".
O manifesto afirma falar em nome de militares da ativa e da reserva. O pessoal da ativa é proibido de fazer manifestações sobre questões políticas. "Não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre. Ao arrepio do que consta da Lei que criou a chamada "Comissão da Verdade", os titulares designados para compô-la, por meio de uma resolução administrativa interna, alteraram a Lei em questão limitando sua atividade à investigação apenas de atos praticados pelos Agentes do Estado, varrendo "para debaixo do tapete" os Crimes hediondos praticados pelos militantes da sua própria ideologia", escreveram o general Renato César Tibau da Costa, o vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral e o tenente brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota, todos da reserva.
"Das conseqüências dessa intervenção, em benefício da Nação Brasileira, que é eterna, há evidências em todos os setores: econômico, comunicações, transportes, social, político, além de outros que a História registra e que somente o passar do tempo poderá refinar ou ampliar, como sempre acontece", afirma o texto dos militares, referindo-se ao golpe de 1964.
A Comissão da Verdade foi criada em maio de 2012 para apurar os crimes cometidos pelo Estado entre 1946 e 1988. Tem como foco principal o regime militar militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 às custas de torturas, assassinatos e repressão política contra os adversários.
Em fevereiro, brigadeiro Ivan Frota, presidente do Clube da Aeronáutica, procurou o então presidente da comissão, Cláudio Fonteles, para, em nome da Academia Brasileira de Defesa (ABD), encaminhar ao órgão documentos, livros e revistas como "subsídios para a apreciação isenta dos fatos", para que o grupo possa ter outras fontes de informações e assim, "conseguir preservar" o que considera "a verdade" sobre aquele período.
Frota contou que apresentou a Fonteles o descontentamento de militares e civis com o fato de que "está sendo promovido um novo julgamento patrocinado pelo governo em que um dos lados não têm direito à defesa".
Para o brigadeiro, "isso é um desrespeito à Suprema Corte", numa referência ao fato de o STF ter barrado a revisão da Lei da Anistia, que perdoou crimes de agentes de Estado e seus opositores ocorridos durante o período.
Procurado, Paulo Sérgio Pinheiro, que comanda atualmente os trabalhos da Comissão da Verdade, afirmou ao Estado que não iria comentar a manifestação dos militares.
30 de março de 2013
Tânia Monteiro e Bruno Bogmossian
Manifesto afirma que crimes de 'terroristas' não serão apurados; brigadeiro entrega documentos à comissão
Associações formadas por integrantes das Forças Armadas divulgaram um manifesto que presta "homenagem" ao aniversário de 49 anos do golpe militar de 31 de março de 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto.
Uma carta assinada pelos presidentes do Clube Militar, do Clube Naval e do Clube da Aeronáutica critica os trabalhos da Comissão da Verdade, e chama seus integrantes de "totalitários" e de "democratas arrivistas".
O manifesto afirma falar em nome de militares da ativa e da reserva. O pessoal da ativa é proibido de fazer manifestações sobre questões políticas. "Não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre. Ao arrepio do que consta da Lei que criou a chamada "Comissão da Verdade", os titulares designados para compô-la, por meio de uma resolução administrativa interna, alteraram a Lei em questão limitando sua atividade à investigação apenas de atos praticados pelos Agentes do Estado, varrendo "para debaixo do tapete" os Crimes hediondos praticados pelos militantes da sua própria ideologia", escreveram o general Renato César Tibau da Costa, o vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral e o tenente brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota, todos da reserva.
"Das conseqüências dessa intervenção, em benefício da Nação Brasileira, que é eterna, há evidências em todos os setores: econômico, comunicações, transportes, social, político, além de outros que a História registra e que somente o passar do tempo poderá refinar ou ampliar, como sempre acontece", afirma o texto dos militares, referindo-se ao golpe de 1964.
A Comissão da Verdade foi criada em maio de 2012 para apurar os crimes cometidos pelo Estado entre 1946 e 1988. Tem como foco principal o regime militar militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 às custas de torturas, assassinatos e repressão política contra os adversários.
Em fevereiro, brigadeiro Ivan Frota, presidente do Clube da Aeronáutica, procurou o então presidente da comissão, Cláudio Fonteles, para, em nome da Academia Brasileira de Defesa (ABD), encaminhar ao órgão documentos, livros e revistas como "subsídios para a apreciação isenta dos fatos", para que o grupo possa ter outras fontes de informações e assim, "conseguir preservar" o que considera "a verdade" sobre aquele período.
Frota contou que apresentou a Fonteles o descontentamento de militares e civis com o fato de que "está sendo promovido um novo julgamento patrocinado pelo governo em que um dos lados não têm direito à defesa".
Para o brigadeiro, "isso é um desrespeito à Suprema Corte", numa referência ao fato de o STF ter barrado a revisão da Lei da Anistia, que perdoou crimes de agentes de Estado e seus opositores ocorridos durante o período.
Procurado, Paulo Sérgio Pinheiro, que comanda atualmente os trabalhos da Comissão da Verdade, afirmou ao Estado que não iria comentar a manifestação dos militares.
30 de março de 2013
Tânia Monteiro e Bruno Bogmossian
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