A ditadura instalada no Brasil em 31 de março de 1964 dava sinais de esgotamento 19 anos depois quando o então senador alagoano Teotônio Vilela aproveitou uma entrevista que concedia ao programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes de Televisão, para lançar a ideia de uma campanha a favor do restabelecimento das eleições diretas para presidente da República.
Organizada por membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), foi no município pernambucano de Abreu e Lima, no dia 31 de março de 1983, que ocorreu a primeira manifestação pública a favor das "Diretas, Já". Reuniu pouca gente. A segunda manifestação atraiu uma pequena multidão ao centro de Goiânia, capital de Goiás, Estado governado pelo PMDB.
O movimento só fez crescer desde então até culminar no dia 10 de abril do ano seguinte com o comício da Candelária, no Rio. Ali esteve cerca de 1 milhão de pessoas para ouvir os nomes de maior peso da oposição. No dia 25 daquele mesmo mês, a emenda à Constituição que restabelecia a eleição direta não alcançou no Congresso o número mínimo de votos para ser aprovada.
Hoje, a partir das 20h30, irá ao ar em cadeia nacional de televisão o programa de 10 minutos de propaganda do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Parte do programa lembrará a passagem dos 30 anos do início da campanha pelas "Diretas, Já". E exaltará os que mais batalharam por elas - Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Miguel Arraes, Brizola, Fernando Henrique e Lula, entre outros.
"O programa servirá para que o PSB renove seu compromisso com a democracia", justifica Eduardo Campos, presidente do partido, governador de Pernambuco, neto de Arraes e aspirante à vaga de Dilma Rousseff na eleição do próximo ano. O que Eduardo não diz: haverá uma parte do programa dedicada a tecer duras críticas ao governo Dilma.
Salvo se o acaso aprontar alguma surpresa, Eduardo já foi longe demais para desistir de concorrer à sucessão de Dilma. A um amigo, outro dia, confidenciou sem pedir segredo: "Vou disputar para vencer - e não para marcar posição ou me tornar conhecido apenas. Posso até não vencer, mas anote e me cobre depois: Dilma não se reelegerá. Não se reelegerá mesmo."
E por que não? Eduardo economiza na resposta, mas é contundente: "Ela governa mal. E está levando o país para o buraco".
Por ora é só.
25 de abril de 2013
Ricardo Noblat, O Globo
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