Li por obrigação profissional a matéria da edição de Veja (25/05/13) cujo título “O Quarteto Fantástico” rasga elogios para a união comercial chamada de Aliança do Pacífico.
Composta por Chile, Colômbia, Peru e México, formam um bloco comercial cujos países membros são todos assinantes de Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos.
Colegas da área classificam a Aliança como uma extensão da extinta Área de Livre Comércio das Américas, a famigerada ALCA, estratégia do Império para uma integração forçada, subordinando os parceiros, tal como fizera com seus vizinhos no acordo do NAFTA.
O Brasil entraria de parceiro privilegiado neste desenho, e graças à ação da agressiva política externa venezuelana, timidamente o governo de Lula ajudou a enterrar a ALCA na IV Cumbre das Américas, realizada em novembro de 2005, em Mar Del Plata, Argentina.
Passados oito anos e deparamo-nos com duas constatações. É certo que o MERCOSUL não consegue avançar em acordos múltiplos, brecando por tabela a projeção do Brasil para o Continente.
E, para desgraça do desenvolvimento, setores inteiros da sociedade brasileira continuam pensando em termos de relações carnais com a economia do Império, ou contentando-se em transformar a América Latina em uma enorme plantação de algumas monoculturas legais.
Ressalto este aspecto porque nas monoculturas ilegais, como folha de coca e pés de maconha, Colômbia e México estão bastante irrigados por extrema liquidez com fundos desta origem.
A Aliança do Pacífico passa a funcionar dia 30 de junho e 90% dos produtos circularão entre os países membros com isenção de tarifas. Portanto, as portas estão escancaradas para a burla. Empresas “maquiladoras”, usinas de montagem localizadas na fronteira entre os EUA e o México poderão circular “livremente” como produto mexicano.
A entrada de manufaturas também se dá através dos TLCs bi-laterais. 82% dos produtos industriais estadunidenses entrarão na Colômbia com tarifa zero. O conflito na economia colombiana será o mesmo dos dramas na OMC.
Os países industriais querem proteger seu setor primário e vender “livremente” produtos com valor agregado, sem transferir tecnologia. Quem julga isso progresso, está totalmente equivocado.
Voltando para a matéria, esta afirma que: “Não há maneira mais eficiente para reduzir a pobreza e distribuir a riqueza de um país do que o livre-comércio.”
Tamanho absurdo histórico vai de encontro a qualquer estudo sério de economia do desenvolvimento dos países industrializados.
29 de maio de 2013
Bruno Lima Rocha é cientista político e professor de relações internacionais.
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