As contas do segundo ano de governo da presidente Dilma Rousseff foram aprovadas nesta quarta-feira (29), com 22 ressalvas, pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
As principais críticas do TCU referem-se a uma série de manobras contábeis e uso de brechas legais, nos últimos três dias de 2012, e que abalaram a credibilidade da política fiscal do governo Dilma.
Na ocasião, o governo sacou R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano do Brasil, além de uma série de manobras que permitiram que a União antecipasse R$ 7 bilhões em dividendos da Caixa Econômica Federal e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O Fundo Soberano é uma espécie de poupança criada em 2008 pelo governo federal para garantir apoio a projetos de interesse estratégico e socorrer o país em momentos de turbulência econômica.
Com a chamada "contabilidade criativa", o superávit primário do governo --a economia feita para pagar juros de dívidas-- ficou abaixo do previsto em 2012. A meta era de R$ 97 bilhões, mas o resultado foi de R$ 88,5 bilhões.
O episódio acabou afetando a credibilidade da política fiscal do governo Dilma Rousseff. Conforme análises de mercado feitas à época, sem as manobras o superávit primário teria ficado 35% abaixo da meta.
Segundo analisou o ministro-relator das contas do governo no TCU, José Jorge, houve recebimento de dividendos do BNDES. O banco de fomento contrariou seu próprio estatuto ao destinar, conforme o Tribunal de Contas, R$ 1,3 bilhão do lucro líquido para a distribuição de dividendos antecipados no terceiro trimestre de 2012.
RESSALVAS
No ano passado, quando o tribunal analisou as contas referentes a 2011, foram feitas 25 ressalvas e 40 recomendações. Neste ano, houve uma leve diminuição das ressalvas, caindo para 22, mas foi registrada a pendência de pelo menos nove recomendações feitas no ano passado, que ainda não foram atendidas. Outras cinco ainda constam "em atendimento".
A análise das contas do governo federal pelo TCU ocorre anualmente. O tribunal pode aprovar, aprovar com ressalvas ou reprovar as contas. O relatório e o parecer do TCU seguem, então, para o Congresso, que faz o julgamento político das contas. O objetivo central do procedimento é verificar o andamento das metas estabelecidas pelo próprio governo no desenvolvimento das políticas públicas nos diferentes setores da economia.
29 de maio de 2013
Breno Costa - Folha de São Paulo
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