"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 13 de junho de 2013

AÉCIO DE BOA

Ontem, quando Dilma atacava a oposição no lançamento do programa "Minha Casa, Minha Dívida", Aécio Neves comentava:
 
"A presidente não pode deixar seu humor ser afetado pelas pesquisas. É preciso que ela tenha muita serenidade para enfrentar os problemas que são reais e estão afligindo o País. Não deve deixar se impactar tanto só por uma simples pesquisa. Não serão ataques fortuitos e fora do tom à oposição que vão resolver os problemas do descontrole da inflação."
 
Sobre Serra, que coloca as garras de fora para melar o jogo da oposição, afinal de contas ninguém é melhor do que ele apesar de todas as derrotas, foi totalmente "friendly":
 
" Na longa conversa que tive com o Serra, antes da convenção do PSDB, ele deixou claro que o inimigo a combater era o PT. E que estaríamos juntos para derrotar o PT."
 
A verdade é que Dilma e Serra são dois mal humorados, de mal com a vida. Aécio não. Aécio é jovem e bom astral. Tem malandragem carioca e esperteza mineira. Eliane Catanhêde, a colunista mais tucana da mídia, pegou bem o espírito da coisa, em sua coluna intitulada "Aecinho boa gente", publicada hoje na Folha. 

Aécio Neves, do PSDB, parece assistir de camarote aos erros do governo e à sucessão de indicadores ruins na economia, como baixo crescimento, inflação no teto da meta, aumento de juros, Bolsa despencando, dólar disparando e incertezas na área fiscal. "A oposição não pode ser arauto da desgraça, das más notícias", disse ele, prometendo uma campanha "sem baixo-astral" e recusando a carapuça de velho do Restelo. 
 
Não significa que não esteja comemorando a queda de Dilma nas pesquisas: 8 pontos na popularidade e 7 nas intenções de voto. Nem que ele não esteja trabalhando arduamente para articular sua candidatura. Ao contrário, está a mil por hora. Suas prioridades são manter a praticamente inédita união do PSDB, a composição de chapas vigorosas nos Estados e a atração de forças hoje aliadas a Dilma, mas suscetíveis a pular de barco. Não são poucas. 
 
Aécio tem agenda cheia para se fazer conhecido e, principalmente, cristalizar a sensação na área política, no meio empresarial e em setores acadêmicos e culturais de que seu nome é competitivo e tem reais chances de vencer. Quer um efeito, digamos, quase psicológico. 
 
Também vai bater na tecla de que a inclusão social não é exclusividade dos governos do PT. Está criando o Portal Social do PSDB na internet e vai inaugurar uma exposição na terça-feira, na Câmara, sobre os 25 anos do PSDB, os 19 do real e o aniversário de FHC, seu patrono. 
 
Mesmo evitando "baixo-astral", Aécio aproveitou a conversa, enquanto Dilma anunciava eletrodomésticos em conta para a baixa renda, e alfinetou: "Ela só não disse de onde vem o dinheiro. Não é do governo, é do trabalhador". Mais ou menos como o "Lulinha paz e amor"de 2002, o tucano encena o personagem "Aecinho boa gente". Mas, também como Lula, o bom-mocismo é só para eleitor ver e o programa eleitoral registrar. No mais, guerra é guerra. Na hora certa.
 
13 de junho de 2013
in coroneLeaks

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