Governo retira IOF sobre mercado derivativo de câmbio
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira (12) a retirada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que incidia sobre o mercado futuro de dólar (derivativos cambiais).
Na segunda-feira, Mantega havia dito à Folha que a mudança não iria ocorrer. "Não planejamos retirar o IOF dos derivativos", afirmou.
Questionado sobre o motivo de ter mudado de opinião de um dia para o outro, Mantega afirmou: "Eu não posso antecipar uma medida que mexe com o mercado, que faz gente ganhar dinheiro, etc. Não posso antecipar, preciso esperar fechar o mercado."
Esse imposto, de 1%, era cobrado sobre o aumento da posição vendida ou a redução da posição comprada dos investidores no mercado futuro. Quando os investidores estão "vendidos" em dólar, significa que eles estão apostando em sua queda ante o real. Quando estão comprados, ocorre o inverso. As variações dessas operações acabam influenciando o valor do dólar no mercado à vista brasileiro.
De acordo com Mantega, o IOF foi adotado em setembro de 2011 porque "os aplicadores estavam aumentando a posição vendida em dólar". Segundo ele, isso valorizava o real e prejudicava o comércio exterior brasileiro, ao encarecer as exportações do país.
Agora, porém, a recuperação da economia americana está provocando um aumento da cotação do dólar em todo o mundo.
"Agora o cenário mudou. Portanto, não faz sentido manter o empecilho para as operações no mercado futuro", disse ele.
REFLEXOS
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, destaca que barreiras como o IOF foram criadas pelo governo em um momento em que o dólar era considerado muito baixo.
"Chama a atenção a reversão dessa leitura. Agora, a preocupação é justamente o contrário", diz.
Para Perfeito, mais do que preocupado com efeitos do dólar alto sobre a inflação, por exemplo, o governo quer reconstruir sua credibilidade no mercado financeiro.
"Voltar atrás agora pode significar dar dois passos à frente depois", diz. "Resta saber, porém, em que direção irão os próximos passos."
Para o economista, no entanto, será difícil avaliar no custo prazo a eficácia do corte do IOF em função da instabilidade dos mercados internacionais, que influencia a Bolsa e o dólar no Brasil.
"Nesta quinta, por exemplo, saem dados de vendas do varejo no Brasil e nos EUA. Se vierem bons, os investidores podem retomar aplicações em ativos de maior risco e o dólar cair em relação ao real. Ficaria difícil saber qual a participação da retirada do IOF nesse contexto."
13 de junho de 2013
MARIANA SCHREIBER e CAROLINA MATOS - Folha de São Paulo
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