"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 13 de junho de 2013

DEPOIS DE DILMA, TEMER VAI CONVERSAR COM LULA SOBRE PALANQUES

 

 

O vice-presidente Michel Temer vai se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias. É um desdobramento da conversa do PMDB com a presidente Dilma Rousseff na última segunda-feira (3), que contou com o próprio Temer, além dos presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL
Lula lidera a articulação política no PT e é o maior conselheiro de Dilma. Temer vai expor ao petista o mesmo cenário de acirramento na formação dos palanques regionais, decorrente da conflagração na base aliada, que relatou à presidente.
As costuras nos Estados foram adiantadas por causa da antecipação da eleição pelo próprio Lula, que lançou no início do ano a candidatura de Dilma à reeleição. Temer vai mostrar como as negociações pré-eleitorais estão conturbadas, ameaçando a unidade da coligação para 2014.
PT e PMDB são adversários em Estados-chave, como Rio de Janeiro e Bahia, segundo e quarto maiores colégios eleitorais, respectivamente. Há problemas também no Mato Grosso do Sul e Maranhão.
Além disso, os parlamentares estão indispostos. Sentem-se mal tratados pelo governo e estão mais preocupados com as próprias reeleições. Intensificaram as cobranças pela liberação de emendas e preenchimento de cargos no governo.
Para agravar, essa insatisfação atinge o próprio Temer. Deputados alegam que o presidente do PMDB cuida de si, mantendo-se na vice-presidência da República, enquanto os parlamentares sofrem cobranças de suas bases e têm as eleições ameaçadas.
É o que reflete o desabafo do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) em reunião da bancada, que este blog mostrou na última segunda-feira: “Eu gosto do Michel (Temer), mas gosto mais de mim. Depois ele volta, e eu não”.
Na conversa com Dilma no último dia 3, o PMDB teve a primeira oportunidade de expor, sem intermediários, o clima de rebelião na base e o grau de insatifação dos aliados.
Dilma ouviu que a rebelião atinge não apenas o PMDB, mas todos os partidos da base aliada, numa ameaça à manutenção da ampla coalizão de partidos que lhe dão sustentação parlamentar. Apesar da sinalização da presidente de que haveria melhoras na articulação, o ambiente de insatisfação continua o mesmo.

13 de junho de 2013

 João Bosco Rabello - O Estado de S. Paulo


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