"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 15 de julho de 2013

O PARASITISMO DE ESTADO E A PARTICIPAÇÃO POPULAR


O súbito interesse pela política demonstrado pela classe média anda produzindo uma série de confusões tipicamente sintetizadas pelo ditado popular que diz que quem nunca comeu melado, quando come se lambuza. Mas até que a lambança não é tão grave assim: é melhor aprender errando que não aprender nunca.
 
Ainda outro dia, uma amiga que sempre fez questão de se manter alheia a tudo que diz respeito à política e se orgulhava disso por achar que, desta forma, estava manifestando sua indignação pela situação do país, me veio com a bandeira do “referendo sim, plebiscito não”. Estranhei, é claro, tão repentina mudança, sobretudo por se tratar de um assunto até certo ponto complexo para quem, dias atrás, confessava sua ignorância no assunto.
 
Minha pergunta foi inevitável: por quê?, o que, obviamente, foi seguido por uma argumentação meio sem pé nem cabeça, tipo “maria-vai-com-as-outras”.
 
Mesmo assim insisti no tema e perguntei se ela sabia a diferença entre um plebiscito e um referendo. Ela não sabia, mas, para meu espanto, ela, que de burra não tem nada, sacou uma resposta perfeita, baseada apenas em um raciocínio léxico e lógico: “Sei lá, mas referendar significa aprovar alguma coisa que já existe, não é? E plebiscito, portanto, deve significar aprovar uma proposta. Acertei?”
 
Sim, ela tinha acertado na mosca - embora não tenha justificado a opção, mas pelo menos raciocinou -, o que lhe valeu um pequeno sermão dado por mim, dizendo, entre outras coisas, que essa sua participação tardia contribuiu bastante para permitir que as coisas chegassem ao ponto da amoralidade política absoluta que chegaram, que a recusa de pessoas intelectualmente preparadas como ela em participar da vida política do país foi uma tentativa de suicídio coletivo, já que as vítimas dos desgovernos do PT são sempre as que mais pensam, mais produzem riquezas e mais pagam impostos.
 
Indignar-se por omissão em política é dar um tiro no próprio pé, principalmente porque é deixar que esse cenário seja dominado por ignorantes, imbecis, aproveitadores e ladrões que, por absoluta incapacidade produtiva em todos os setores da vida de um país, só lhes resta como forma de sobrevivência o parasitismo à nossa custa.
 
Tá ficando bom!

 
15 de julho de 2013

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