A referência é para o senador José Sarney, na manhã da última sexta-feira, quando pronunciou um dos mais importantes discursos da temporada, analisando a crise atual, apontando o que lhe pareceram as causas, mas apontando soluções.
Fazia tempo estava devendo palavras de contundência, ironia e esperança, que o haviam caracterizado lá atrás.
Para o ex-presidente da República, a frenética busca pelo aumento do PIB, a competição que divide os homens, a acumulação de bens como objetivo maior, enfim, a sociedade industrial que criamos, deixa de lado os valores humanos.
O mundo mudou, a população transferiu-se para as grandes cidades, nelas encontrando vantagens mas enfrentando problemas terríveis, desde a mobilidade urbana às deficiências na educação e na saúde públicas, assistindo a corrupção crescer e multiplicar-se.
Sem falar na violência que faz o Brasil liderar as estatísticas de homicídios no planeta, sob responsabilidade da legislação penal , pois somos o único país onde um indivíduo mata outro e vai defender-se em liberdade. Daí o stress e até a esquizofrenia.
Reconheceu que a maioria ascendeu à classe média, aumentando o consumo de bens materiais, contra a busca de bens culturais. Mesmo com o Brasil passando por um bom momento, tornando-se a sexta economia do mundo, beirando o pleno emprego enquanto na Europa somam-se 26 milhões de desempregados, ainda assim assistimos a insatisfação ganhar as ruas, não se notando as reivindicações institucionais do passado, quando se clamava por liberdade e mais emprego.
A crise tem componentes novos, o povo exige melhor qualidade de vida. A busca da felicidade das pessoas resume o que nos falta.
Apesar dos bens que possui em casa, do lado de fora acumulam-se as dificuldades e amarguras para o cidadão. Enquanto isso, a opinião pública tornou-se interativa. A televisão simplesmente acompanha a crise, pautada pelas redes sociais.
Em dado momento, o três vezes presidente do Congresso elogiou o poder que comandou, lembrando através de diversos episódios de nossa História não ter a nação se constituído por meio de batalhas, mas pelas soluções legislativas.
Reconheceu ser imperfeito nosso sistema político, porque não temos partidos, não há representatividade, em cada eleição os candidatos saem atrás de dinheiro, o voto proporcional destrói o Congresso, há demagogia, políticas pessoais mas, no fim de tudo, é o sistema eleitoral que enfraquece as instituições.
Necessário se torna mudar, derrubando as barreiras de separação entre os partidos, buscando-se a colaboração de todos em torno do interesse nacional. A hora é de união. Não podemos dividir-nos quando há crise , só criar soluções, pois nós passamos e o Brasil continua.
Sarney elogiou a presidente Dilma, chamando-a de “sacerdotisa do serviço público”, que enfrenta graves problemas mas procura diminuir a diferença entre ricos e pobres.
Em suma, um diagnóstico amplo onde não faltaram críticas ao modelo econômico que nos assola, e ao mundo. A leitura do pronunciamento fica entre duas paralelas: a importância de melhor qualidade de vida para a população e a necessidade da união dos políticos acima de confrontos partidários.
O triste nesse capítulo de participação do ex-presidente na busca de saídas para a crise não foi a ausência de senadores para ouvi-lo.
Os pássaros terão tido proveito melhor. Triste mesmo foi a falta de registro na imprensa do fim de semana.
A preferência continua a ser para crimes, assaltos, estupros e, sem dúvida, também para a necessidade do crescimento do PIB…
15 de julho de 2013
Carlos Chagas
Fazia tempo estava devendo palavras de contundência, ironia e esperança, que o haviam caracterizado lá atrás.
Para o ex-presidente da República, a frenética busca pelo aumento do PIB, a competição que divide os homens, a acumulação de bens como objetivo maior, enfim, a sociedade industrial que criamos, deixa de lado os valores humanos.
O mundo mudou, a população transferiu-se para as grandes cidades, nelas encontrando vantagens mas enfrentando problemas terríveis, desde a mobilidade urbana às deficiências na educação e na saúde públicas, assistindo a corrupção crescer e multiplicar-se.
Sem falar na violência que faz o Brasil liderar as estatísticas de homicídios no planeta, sob responsabilidade da legislação penal , pois somos o único país onde um indivíduo mata outro e vai defender-se em liberdade. Daí o stress e até a esquizofrenia.
Reconheceu que a maioria ascendeu à classe média, aumentando o consumo de bens materiais, contra a busca de bens culturais. Mesmo com o Brasil passando por um bom momento, tornando-se a sexta economia do mundo, beirando o pleno emprego enquanto na Europa somam-se 26 milhões de desempregados, ainda assim assistimos a insatisfação ganhar as ruas, não se notando as reivindicações institucionais do passado, quando se clamava por liberdade e mais emprego.
A crise tem componentes novos, o povo exige melhor qualidade de vida. A busca da felicidade das pessoas resume o que nos falta.
Apesar dos bens que possui em casa, do lado de fora acumulam-se as dificuldades e amarguras para o cidadão. Enquanto isso, a opinião pública tornou-se interativa. A televisão simplesmente acompanha a crise, pautada pelas redes sociais.
Em dado momento, o três vezes presidente do Congresso elogiou o poder que comandou, lembrando através de diversos episódios de nossa História não ter a nação se constituído por meio de batalhas, mas pelas soluções legislativas.
Reconheceu ser imperfeito nosso sistema político, porque não temos partidos, não há representatividade, em cada eleição os candidatos saem atrás de dinheiro, o voto proporcional destrói o Congresso, há demagogia, políticas pessoais mas, no fim de tudo, é o sistema eleitoral que enfraquece as instituições.
Necessário se torna mudar, derrubando as barreiras de separação entre os partidos, buscando-se a colaboração de todos em torno do interesse nacional. A hora é de união. Não podemos dividir-nos quando há crise , só criar soluções, pois nós passamos e o Brasil continua.
Sarney elogiou a presidente Dilma, chamando-a de “sacerdotisa do serviço público”, que enfrenta graves problemas mas procura diminuir a diferença entre ricos e pobres.
Em suma, um diagnóstico amplo onde não faltaram críticas ao modelo econômico que nos assola, e ao mundo. A leitura do pronunciamento fica entre duas paralelas: a importância de melhor qualidade de vida para a população e a necessidade da união dos políticos acima de confrontos partidários.
O triste nesse capítulo de participação do ex-presidente na busca de saídas para a crise não foi a ausência de senadores para ouvi-lo.
Os pássaros terão tido proveito melhor. Triste mesmo foi a falta de registro na imprensa do fim de semana.
A preferência continua a ser para crimes, assaltos, estupros e, sem dúvida, também para a necessidade do crescimento do PIB…
15 de julho de 2013
Carlos Chagas
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