A balança comercial brasileira, que mostra a diferença entre as importações e as exportações do país, registrou deficit de US$ 1,9 bilhão em julho, o pior resultado para o mês da série histórica, iniciada em 1993.
Com isso, o saldo comercial no acumulado do ano ficou negativo em US$ 5 bilhões, também um recorde histórico. Antes, o maior deficit havia sido registrado em 1995, quando o saldo ficou negativo em US$ 4,2 bilhões nos primeiros sete meses do ano.
No mesmo período do ano passado, o saldo ficou positivo em US$ 9,9 bilhões.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (1) pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O país já iniciou o ano com perspectiva de deficit nos primeiros meses diante do atraso no registro de importações de combustíveis da Petrobras no valor de US$ 4,5 bilhões.
As operações de compra da estatal foram feitas ao longo do segundo semestre de 2012, mas contabilizadas apenas este ano devido a uma mudança nas regras de registro da Receita Federal.
Apesar do deficit expressivo nos primeiros sete meses, o governo segue apostando em superavit para o ano.
"Nossa avaliação está mantida com a previsão de um saldo positivo, ainda que bastante inferior ao verificado no ano passado. A despeito do deficit acumulado de US$ 5 bilhões, há uma série de fatores positivos que apontam para recuperação", afirmou Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior do Mdic.
Segundo ela, o mês de julho foi "atípico", principalmente pelo comportamento da chamada "conta petróleo", que mede as importações e exportações do produto. O deficit nesta conta alcançou US$ 15,4 bilhões nos primeiros sete meses do ano. O governo aposta, no entanto, que haverá recuperação na produção de petróleo no segundo semestre.
"Seguimos com patamar elevado de exportações a despeito do resultado da conta petróleo. Não há variável mais importante para a compreensão do comércio exterior brasileiro do que a conta petróleo", disse.
Especialistas de comércio exterior apontam para a possibilidade de deficit comercial no ano.
A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) revisou para baixo este mês as perspectivas para a balança comercial e previu saldo negativo de US$ 2 bilhões em 2013. Caso confirmado, este seria o pior resultado em 15 anos.
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
As exportações em julho chegaram a US$ 20,8 bilhões, queda de 5,2 % frente ao mesmo mês de 2012 pela média diária.
Houve queda nas vendas de básicos (-4,4%) e semi manufaturados (-24,5%), enquanto as de manufaturados subiram marginalmente (+0,6%).
No acumulado do ano, houve queda de 1,5% ante o mesmo período de 2012, com as vendas ao exterior alcançando US$ 135,2 bilhões.
Já as importações em julho somaram US$ 22,7 bilhões, alta de 19,7% em relação ao verificado em julho do ano passado pela média diária.
Cresceram as compras em todas as categorias: bens de consumo (+11%), bens de capital (+12%, matérias-primas e intermediários (+10,4%) e combustíveis e lubrificantes (+67,5%).
Nos sete primeiros meses do ano, as compras do exterior foram de US$ 140,2
bilhões, alta de 10% frente ao registrado no mesmo período de 2012.
DESTINOS DOS PRODUTOS BRASILEIROS
De janeiro a julho, o Brasil conseguiu aumentar as vendas para Argentina (+9,1%) e China (+8,5%) entre seus principais mercados.
Por outro lado, houve retração nas exportações para Estados Unidos (-14,2%) e União Europeia (-6,4%).
BALANÇA NO PRIMEIRO SEMESTRE
Em junho, a balança comercial registrou superavit de US$ 2,4 bilhões, o triplo do verificado no mesmo mês do ano passado.
Apesar do resultado positivo no mês, o saldo comercial no semestre ficou negativo em US$ 3 bilhões, o mais baixo desde 1995, quando registrou deficit de US$ 4,2 bilhões.
RENATA AGOSTINI/Folha
02 de agosto de 2013
02 de agosto de 2013
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