Lança-se o PT na briga errada, na hora errada e contra o adversário errado. Quando o governo anda na baixa, perdendo apoio popular e batendo cabeça, os companheiros não tem nada que hostilizar o PMDB. Pelo contrário, deveriam aproximar-se mais de seu principal aliado, em vez de buscar afastá-lo.
O resultado está sendo desastroso para a presidente Dilma, que dentro de mais uma semana poderá sofrer contundente derrota no Congresso, com a derrubada de alguns de seus vetos recentes a projetos de lei. Seria esse o objetivo de parte dos petistas? Querem enfraquecê-la para que o Lula venha a tornar-se o candidato em 2014? Sentem-se desprestigiados?
Tanto faz, porque a estratégia é suicida. O PMDB não tem nem terá candidato presidencial. Ficará com Dilma ou com o Lula, por falta de opção, empenhado apenas em manter Michel Temer como candidato a vice-presidente. Melhor parceiro não existiria, em especial em se tratando do ainda maior partido nacional.
Claro que os peemedebistas tem uma goela avantajada. Querem sempre mais parcelas de poder. Domesticá-los deve ser tarefa diária. Mas provocá-los dá no que está dando: a reação de suas bancadas diante de projetos e propostas oficiais, começando pela rejeição aos vetos mas podendo estender-se até a reforma política.
O PT não chegará ao extremo de atender certas reivindicações do PMDB, como a já falecida tentativa de afastar Lindberg Farias para favorecer a dupla Sergio Cabral-Pezão, no governo do Rio, mas ceder em algumas composições é crucial para a preservação do mais importante, no caso a recuperação de Dilma Rousseff.
A situação lembra o conselho dado pelo general Omar Bradley ao general Douglas MacArthur, quando este, no auge da guerra da Coréia, quis invadir a China: “você está propondo uma guerra errada, no lugar errado, contra o inimigo errado”.
OS ELEFANTES BRANCOS
Depois de perder montes de sugestões inviáveis, como a constituinte exclusiva, o plebiscito imediato, os dois anos a mais para a formação dos médicos e a importação de médicos cubanos, entre outros mais, a presidente Dilma poderia acertar uma: por que não retomar a idéia de aproveitar os elefantes brancos para transportar carga nos dias de ócio? Traduzindo: trata-se de transformar em escolas e universidades as dezenas de estádios de futebol que consumiram bilhões para funcionar nos fins de semana.
Custaria muito pouco aos cofres públicos a adaptação, menos ainda se a rede de ensino privado participasse. Além da abertura de vagas para professores. É sempre bom lembrar que ao construir o Sambódromo, no Rio, Leonel Brizola preparou suas dependências para abrigar dezenas de salas de aula. Sérgio Cabral bem que poderia oferecer o Maracanã.
DESILUDIDOS, DESESPERADOS E DESGRAÇADOS
O senador Cristóvan Buarque discursou no primeiro dia de retomada dos trabalhos do Senado referindo-se ao que agosto nos reserva em termos de protestos e manifestações populares.
Revelou compreensão para os jovens que ganham as ruas, chamando-os de desiludidos, uns, e desesperados, outros. Esqueceu os desgraçados, que também integram as multidões. Aqueles que além de haver perdido as ilusões e as esperanças, moram nas calçadas e acordam sem saber se vão poder almoçar.
LIBERAR VERBAS SERÁ SOLUÇÃO
A presidente Dilma decidiu abrir as torneiras do tesouro, liberando quatro bilhões de reais para atender as emendas de parlamentares ao orçamento. Claro que a maioria delas atende os interesses públicos, pois destinam-se a obras e a auxiliar entidades beneficentes. Claro que sempre haverá um percentual para sinecuras e patifarias, mas no cômputo geral esses gastos são benéficos para as comunidades, além, e claro, de renderem votos para seus autores.
A pergunta que se faz refere-se aos dividendos imediatos. Será que a presidente reconquistará a maioria antes consolidada na Câmara e no Senado? Pode ser, ainda que a ingratidão pareça enraizada na Humanidade.
Ou alguém se esquece de quantos países africanos que tiveram perdoadas suas dívidas com o Brasil votaram contra a ampliação do Conselho de Segurança, nas Nações Unidas?
02 de agosto de 2013
Carlos Chagas
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