Crescimento na produção industrial divide opiniões entre economistas
O crescimento de 1,9% da produção industrial brasileira em junho, em relação ao mês anterior, gerou opiniões diversas entre economistas brasileiros. O diretor do curso de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Frederico Leão Rocha, e o economista e doutor em Engenharia de Produção, Carlos Cova, acreditam que esse resultado é apenas um fato isolado, que pode não se repetir e que não chega a causar um impacto positivo.
Já Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, defende que o acréscimo representa uma retomada do crescimento econômico brasileiro.
De acordo com o Carlos Frederico, a indústria brasileira tem sido por muitas décadas um reflexo do crescimento econômico do país, não um motivador. Em relação aos bens de capital, que tiveram o maior crescimento, de 6,3%, a avaliação para o mês de junho seria otimista, ele diz. Ao considerar todos os meses deste ano, todavia, o resultado seria ruim. O acréscimo dos bens de consumo, por sua vez, poderia ser reflexo de uma elevação na renda dos brasileiros."Os setores que mais cresceram foram os setores que tiveram taxas negativas no mês anterior. Isso traz um certo ceticismo. O crescimento pode ter sido motivado apenas por um atraso do consumo", declarou. Um exemplo disso, para ele, seria o que aconteceu no setor automobilístico, quando consumidores resolveram adiar a compra, motivando uma variação muito grande no mês seguinte no início deste ano.Carlos Frederico reforça que, desde 1994, a indústria tem acompanhado o PIB, não impulsionado, mesmo no período do governo Lula, quando teve um crescimento robusto. Somente entre as décadas de 1950 e 1980, ele afirma, a indústria teria liderado o crescimento da economia, com a entrada de novos setores. Na última década, no entanto, ele reforça, não tivemos entrada de novos setores e alguns deles até ficaram mais fracos."Essa pequena tendência de alta acompanha o crescimento do PIB. Pode ser que seja uma coisa que acontece uma vez, muda o patamar, mas não se repete. Esse nível deve perdurar ou crescer fracamente junto com o PIB, que deve crescer entre 2% e 3,5% neste ano. A indústria será um reflexo disso, não um motor", ressaltou.
Carlos J.G. Cova, economista e doutor em Engenharia de Produção e diretor de Pós-graduação da Aleph Educacional, acredita que o crescimento se trata de um fato isolado diante de um quadro ruim de indicadores. "A alta da atividade industrial é pouco relevante para desencadear mudanças significativas de humor no empresariado e no seu grau de confiança. O País está precisando muito de boas notícias na área econômica, mas esta parece apenas um fato isolado, que não pode ainda ser considerado como uma reversão de tendência".
Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, no entanto, vê uma retomada do ciclo de investimentos do Brasil. O acréscimo, ele aponta, seria um reflexo da demanda de vários setores. Os investimentos do país em infraestrutura para receber os megaeventos, por exemplo, garantiriam a 2014 um crescimento maior para a indústria. "O dinamismo econômico deve estimular diversos setores da indústria. Tudo depende da velocidade do crescimento, que está abaixo do esperado, mas que é sólido", concluiu Rossi.
Já Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, defende que o acréscimo representa uma retomada do crescimento econômico brasileiro.
De acordo com o Carlos Frederico, a indústria brasileira tem sido por muitas décadas um reflexo do crescimento econômico do país, não um motivador. Em relação aos bens de capital, que tiveram o maior crescimento, de 6,3%, a avaliação para o mês de junho seria otimista, ele diz. Ao considerar todos os meses deste ano, todavia, o resultado seria ruim. O acréscimo dos bens de consumo, por sua vez, poderia ser reflexo de uma elevação na renda dos brasileiros."Os setores que mais cresceram foram os setores que tiveram taxas negativas no mês anterior. Isso traz um certo ceticismo. O crescimento pode ter sido motivado apenas por um atraso do consumo", declarou. Um exemplo disso, para ele, seria o que aconteceu no setor automobilístico, quando consumidores resolveram adiar a compra, motivando uma variação muito grande no mês seguinte no início deste ano.Carlos Frederico reforça que, desde 1994, a indústria tem acompanhado o PIB, não impulsionado, mesmo no período do governo Lula, quando teve um crescimento robusto. Somente entre as décadas de 1950 e 1980, ele afirma, a indústria teria liderado o crescimento da economia, com a entrada de novos setores. Na última década, no entanto, ele reforça, não tivemos entrada de novos setores e alguns deles até ficaram mais fracos."Essa pequena tendência de alta acompanha o crescimento do PIB. Pode ser que seja uma coisa que acontece uma vez, muda o patamar, mas não se repete. Esse nível deve perdurar ou crescer fracamente junto com o PIB, que deve crescer entre 2% e 3,5% neste ano. A indústria será um reflexo disso, não um motor", ressaltou.
Carlos J.G. Cova, economista e doutor em Engenharia de Produção e diretor de Pós-graduação da Aleph Educacional, acredita que o crescimento se trata de um fato isolado diante de um quadro ruim de indicadores. "A alta da atividade industrial é pouco relevante para desencadear mudanças significativas de humor no empresariado e no seu grau de confiança. O País está precisando muito de boas notícias na área econômica, mas esta parece apenas um fato isolado, que não pode ainda ser considerado como uma reversão de tendência".
Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp, no entanto, vê uma retomada do ciclo de investimentos do Brasil. O acréscimo, ele aponta, seria um reflexo da demanda de vários setores. Os investimentos do país em infraestrutura para receber os megaeventos, por exemplo, garantiriam a 2014 um crescimento maior para a indústria. "O dinamismo econômico deve estimular diversos setores da indústria. Tudo depende da velocidade do crescimento, que está abaixo do esperado, mas que é sólido", concluiu Rossi.
Jornal do Brasil
02 de agosto de 2013
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