"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

NO "RODA VIVA", AUGUSTO NUNES QUER UMA BANCADA SEM MEDO

'As melhores perguntas hoje são feitas em programas de humor', diz Augusto Nunes, de volta ao ‘Roda Viva.  Após quase 24 anos, o jornalista retorna como apresentador do programa da TV Cultura com a missão de aumentar o nível da bancada de entrevistadores

Um minuto com Augusto Nunes Hora da verdade
Augusto Nunes, em gravação de vídeo para o site de VEJA (Reprodução)

Depois de quase 24 anos, Augusto Nunes está de volta ao comando do Roda Viva, da TV Cultura. O jornalista, que é colunista do site de VEJA, foi mediador do programa por dois anos, de 1987 a 89, e entrevistador em diversas oportunidades -- da primeira edição, apresentada por Rodolpho Gamberini em  setembro de 1986, à recente fase sob o comando da jornalista Marília Gabriela, em que integrava o elenco fixo da atração. No retorno à mediação, Nunes substitui Mario Sergio Conti, demitido por economia. 


“O que me ofereceram é o seguinte: menos do que eu mereço e mais do que eu preciso", brinca. "Não quero saber quem ganhava quanto, para mim o que ofereceram está de bom tamanho.” O jornalista foi sondado há quinze dias por Marcos Mendonça, ex-secretário estadual de Cultura que assumiu em junho o cargo de diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. Seu retorno só foi decidido depois da saída de Conti. “Não tem por que não aceitar. É um programa de que gosto e que sei fazer.”
 
A fórmula do programa, com a qual está familiarizado, seguirá a mesma, diz. "É um programa onde a estrela é o entrevistado, o apresentador conduz a entrevista.” O perfil da bancada de entrevistadores vai mudar. Nunes quer, fazendo perguntas, pessoas que poderiam ser ou que já foram entrevistadas no programa. Gente que, nas palavras dele, não tenha "medo de fazer perguntas que possam constranger o entrevistado”. No seu ponto de vista, o jornalismo vive hoje uma “situação esquisita”, em que os repórteres parecem ter receio de tocar em determinados assuntos. “As melhores perguntas são feitas em programas de humor, como o CQC”, afirma. 
 
Da primeira fase como mediador, Augusto Nunes lembra principalmente da entrevista com a apresentadora Hebe Camargo, em 17 de agosto de 1987. O programa, segundo ele, “marcou época” e foi resgatado em sua coluna no site de VEJA após a morte de Hebe como forma de homenageá-la. “Talvez tenha sido o maior monólogo na historia da TV mundial em um programa de entrevistas. Ela falou direto por 14 minutos, era um desabafo. Hebe chorou, ficou todo mundo quieto. Depois, no fim, até aplaudimos.”
 
O Roda Viva ainda terá dois programas, já gravados, sob o comando de Mario Sérgio Conti, que serão exibidos nas próximas duas segundas-feiras. Augusto Nunes reestreia dia 26 de agosto.

08 de agosto de 2013
Rafael Costa - Veja

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