Dólar e custo de vida subindo, fogo amigo do PT e tensão com aliados são desgostos de agosto para Dilma
01 de agosto de 2013
O Mês do Desgosto começa para a Presidenta Dilma da Silva com perigosas apreensões na economia e na política. Dólar subindo, custo de vida aumentando, com sinais intrigantes de retração na atividade econômica, apavoram Dilma. Pior que isto só a queda de popularidade e a autofágica guerra não declarada, promovida contra ela dentro do PT, com riscos de afetar a já complicada governabilidade. O “fogo amigo” petista é uma das maiores vulnerabilidades de Dilma.
A aloprada direção nacional do Partido dos Trabalhadores soltou ontem um documento de 12 páginas mandando Dilma fazer “retificações na linha política”. Embora faça uma crítica à aliança com partidos classificados como “conservadores”, os gênios que comandam o PT morrem de medo que o PMDB abandone a aliança e debande para o lado de uma candidatura Aécio Neves-Eduardo Campos (dobradinha que se desenha no horizonte). O medo de rompimento é tanto que o presidente petista, Rui Falcão, prega que o maçom inglês Michel Temer continue como vice de Dilma na chapa presidencial de 2014.
Já na economia, o governo se mostra completamente perdido. O principal comentário no mercado era de que técnicos do próprio governo já admitem, reservadamente, que “não existem mais parâmetros” para definir a cotação do Dólar. A subida da moeda norte-americana frente ao irreal Real projeta um aumento no custo dos contratos, principalmente de importação de insumos industriais, que vai provocar uma onda de subida de preços de produtos manufaturados nos próximos meses, com impactos diretos sobre as vendas e claro risco para os empregos.
Nem os números manipulados pelas artimanhas governamentais conseguem esconder que tem algo inquietante no Brasil – que segue no suicida esquema dos impostos altos, dos juros em elevação e das caríssimas e extorsivas taxas embutidas nos empréstimos bancários ou nos cartões de crédito. O recente aumento dos planos de saúde – no País em que só os privilegiados políticos de ponta têm direito ao padrão de atendimento no Hospital Sírio-Libanês – tem um efeito devastador na psicologia e no bolso da classe média.
Enquanto administra os problemas intestinos, neutralizando o golpe interno petista que especula sobre um retorno de Lula (o que nunca saiu do governo), Dilma segue três conselhos básicos dos marqueteiros. O primeiro é fingir, publicamente, que nada de errado acontece, pregando o melhor dos mundos. O segundo é atacar inimigos também com problemas de popularidade – como é o caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O terceiro é fabricar contatos amistosos com o povo na rua, fingindo imitar a estratégia do Papa Francisco, como aconteceu na caminhada surpresa feita ontem por 300 metros pelas ruas do centro de São Paulo.
Agosto é tradicionalmente o mês do desgosto para a politicagem. A economia nervosa e a política tensa serão uma dor de cabeça permanente para Dilma – cujos marqueteiros terão de produzir o milagre da redução da impopularidade.
Metrô sabotado?
Cresce a desconfiança de que tem o dedinho sujo do governo federal no estranho fato de que nenhuma empreiteira aceitou entrar na licitação para a lucrativa linha 6 do metrô de São Paulo (que cortaria toda a cidade, tendo ligações com a atual malha metroviária que deixa a desejar em tamanho.
A evidência de sabotagem fica explícita na crítica gratuita feita ontem pela Presidenta Dilma, na voltinha surpresa que deu pelas ruas do centro de São Paulo, reclamando que não é possível uma cidade deste tamanho sem um sistema de metrô.
A petralhagem e as evidências de uma crise econômica braba que vem por aí seriam a explicação combinada para a Odebrecht ter desistido, ao menos momentaneamente, da parceria público-privada que já era dada como ganha da linha 6 paulistana.
Burrocracia Tupiniquim
Um País com tal estrutura burrocrática tem como dar certo?
Militares na bronca
Os Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica entraram com uma representação conjunta no Ministério Público Federal contra a composição e atos da Comissão Nacional da Verdade.
“Constata-se o flagrante facciosismo dos membros nomeados pela Presidente da República, sem que haja a presença de historiadores isentos e, também, por limitarem sua atuação apenas no que diz respeito ao período pós Revolução Democrática de 31 de Março de 1964, ignorando a abrangência proposta”.
Como o pensamento dos três clubes é o mesmo dos oficiais da ativa em silêncio obsequioso, no momento em que o governo promove mais cortes drásticos no orçamento do Exército, Marinha e FAB, a relação da Dilma com a área fardada fica ainda mais tensa.
Nem para Síndico
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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